quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Capitão América: O Primeiro Vingador

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, 2011)

Estreia oficial: 22 de julho de 2011
Estreia no Brasil: 29 de julho de 2011
IMDb



Mais um filme de herói da Marvel que serve como uma prévia do grande longa que será lançado pelo estúdio em 2012, "Os Vingadores", assim como aconteceu com "Thor".

Claro que o roteiro do filme tem problemas - como os planos diabólicos e megalomaníacos do vilão Caveira Vermelha (Hugo Weaving), que revela-se um personagem caricato ao extremo, sem nunca parecer verossímil, ou, no mínimo, interessante.

Porém o filme tem pontos positivos. E talvez o maior deles seja a construção do herói, o próprio Capitão América. Chris Evans encarna Steve Rogers (seu alter ego) como um homem bom (ainda que me pareça ter uma certa tendência ao masoquismo, já que nunca parece satisfeito com as bordoadas que toma, mesmo sabendo que não tem chance nenhuma frente a seus opositores), sempre disposto a sacrificar-se pelos seus princípios ou pelas outras pessoas. Assim, quando o franzino Rogers torna-se o (encorpado) Capitão América, graças a um soro desenvolvido pelo cientista Abraham Erskine (Stanley Tucci), é totalmente plausível que seu patriotismo e sua garra sejam intensificados, já que tal soro potencializa as características de quem o utiliza.

Aliás, outro ponto positivo são os efeitos especiais do longa, principalmente aqueles que transformam Evans no mirrado Steve Rogers do início do filme.

Já os demais personagens não ganham a mesma atenção do protagonista e não conseguem se desenvolver com a mesma tridimensionalidade. E, se por um lado é interessante ver Howard Stark (Dominic Cooper), pai de Tony Stark, o Homem de Ferro, como um cientista brilhante; notar que ele é quase tão brilhante quanto seu filho tira um pouco o brilho dos dois personagens - vê-lo pilotando um avião foi um pouco demais. Porém, notar as similaridades entre as composições de Cooper e Robert Downey Jr. é interessante, ainda mais se lembrarmos que em "Homem de Ferro 2", Tony Stark utiliza o escudo do Capitão América (que agora entendemos, foi desenvolvido por seu pai), para fazer um mero calço. Já Hayley Atwell até tenta, mas sua Peggy Carter continua sendo apenas mais uma das 'mocinhas' da Marvel. Fica, então, a cargo de Tommy Lee Jones, como o Coronel Phillips, o momentos mais carismáticos do filme.

Porém, além do vilão mal construído, "Capitão América" falha no que deveria ter de melhor: suas cenas de ação, que não têm a menor energia, além de parecerem mal decupadas, com equivocadas sequências de enquadramentos que deixam a (má) impressão de erros de continuidade. Sem contar um fato que menospreza a inteligência de qualquer espectador: ao interceptar os planos do vilão, o Capitão América depara-se com dois mísseis e, se já não bastasse o plano diabólico do Caveira Vermelha em destruir grandes cidades ter sido explicado poucos minutos antes, os tais mísseis apresentam, cada um, um nome da respectiva cidade ao qual estava destinado a explodir (!?!). Sim, um míssil com um nome de cidade pintado foi demais pra mim!

No entanto, a direção de arte que lembra o aspecto dos quadrinhos; e a bela fotografia assinada por Shelly Johnson, que vai do sépia antigo antes da criação do Capitão América, até cores mais escuras nas cenas de guerra, passando pelo trio de cores da bandeira estadunidense nas cenas em que o herói é apresentado como um 'macaquinho de auditório', são escolhas acertadas.

Finalmente, contando com um desfecho fraquíssimo que apenas tinha o intuito de trazer o herói para os dias atuais para que ele pudesse participar de "Os Vingadores", este "Capitão América" está longe de figurar entre os melhores longas da Marvel, como a série "X-Men" (exceção feita ao pavoroso "Wolverine"), ou "Homem de Ferro"; mas, assim, como em "Thor", fica a esperança que tenha sido apenas uma preparação para que o melhor desses heróis seja mostrado em "Os Vingadores". Tomara que a esperança se concretize.


por Melissa Lipinski


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