segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Oscar: 83ª Edição - 2010

* Apresentação: Anne Hathaway e James Franco

FILME 
- Cisne Negro (Black Swan) 
- O Vencedor (The Fighter)
- A Origem (Inception) 
- Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) 
- O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- 127 Horas (127 Hours) 
- A Rede Social (The Social Network) 
- Toy Story 3 (Toy Story 3) 
- Bravura Indômita (True Grit) 
- Inverno da Alma (Winter's Bone) 

ATOR 
- Javier Bardem - Biutiful (Biutiful) 
- Jeff Bridges - Bravura Indômita (True Grit)
- Jesse Eisenberg - A Rede Social (The Social Network) 
- Colin Firth - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- James Franco - 127 Horas (127 Hours) 

ATOR COADJUVANTE
- Christian Bale - O Vencedor (The Fighter) 
- John Hawkes - Inverno da alma (Winter's Bone)
- Jeremy Renner - Atração Perigosa (The Town)
- Mark Ruffalo - Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) 
- Geoffrey Rush - O Discurso do Rei (The King's Speech)

ATRIZ 

- Annette Bening - Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) 
- Nicole Kidman - Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole) 
- Jennifer Lawrence - Inverno da Alma (Winter's Bone) 
- Natalie Portman - Cisne Negro (Black Swan) 
- Michelle Williams - Namorados Para Sempre (Blue Valentine) 

ATRIZ COADJUVANTE
- Amy Adams - O Vencedor (The Fighter)
- Helena Bonham Carter - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- Melissa Leo - O Vencedor (The Fighter)
- Hailee Steinfeld - Bravura Indômita (True Grit) 
- Jacki Weaver - Reino Animal (Animal Kingdom) 

ANIMAÇÃO
- Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon) 
- O Mágico (L'Illusionniste)
- Toy Story 3 (Toy Story 3) 

DIREÇÃO DE ARTE 
- Robert Stromberg e Karen O'Hara - Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) 
- Stuart Craig e Stephenie McMillan - Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1)
- Guy Hendrix Dyas, Larry Dias e Doug Mowat - A Origem (Inception)
- Eve Stewart e Judy Farr - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- Jess Gonchor e Nancy Haigh - Bravura Indômita (True Grit)

FOTOGRAFIA
- Matthew Libatique - Cisne Negro (Black Swan) 
- Wally Pfister - A Origem (Inception)
- Danny Cohen - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- Jeff Cronenweth - A Rede Social (The Social Network) 
- Roger Deakins - Bravura Indômita (True Grit) 

FIGURINO 
- Colleen Atwood - Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) 
- Antonella Cannarozzi - Eu Sou o Amor (Io Sono l'Amore)
- Jenny Beavan - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- Sandy Powell - A Tempestade (The Tempest) 
- Mary Zophres - Bravura Indômita (True Grit) 

DIREÇÃO 
- Darren Aronofsky - Cisne Negro (Black Swan) 
- David O. Russell - O Vencedor (The Fighter)
- Tom Hooper - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- David Fincher - A Rede Social (The Social Network)
- Joel Coen e Ethan Coen - Bravura Indômita (True Grit)

DOCUMENTÁRIO
- Exit Through the Gift Shop 
- GasLand 
- Trabalho Interno (Inside Job)
- Restrepo 
- Lixo Extraordinário (Waste Land) 

CURTA DOCUMENTÁRIO
- Killing in the Name 
- Poster Girl
- Strangers No More
- Sun Come Up
- The Warriors of Qiugang 

EDIÇÃO
- Andrew Weisblum - Cisne Negro (Black Swan)
- Pamela Martin - O Vencedor (The Fighter) 
- Tariq Anwar - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- Jon Harris - 127 Horas (127 Hours)
- Angus Wall e Kirk Baxter - A Rede Social (The Social Network) 

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA 
- Biutiful (Biutiful) - México 
- Dente Canino (Kynodontas)- Grécia
- Em um Mundo Melhor (Hævnen) - Dinamarca
- Incendies - Canadá 
- Fora da Lei (Hors-la-Loi) - Algéria 

MAQUIAGEM 
- Adrien Morot - Minha Versão para o Amor (Barney's Version)
- Edouard F. Henriques, Gregory Funk e Yolanda Toussieng - Caminho da Liberdade (The Way Back) 
- Rick Baker and Dave Elsey - O Lobisomem (The Wolfman)

TRILHA SONORA
- John Powell - Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon) 
- Hans Zimmer - A Origem (Inception) 
- Alexandre Desplat - O Discurso do Rei (The King's Speech) 
- A.R. Rahman - 127 horas (127 Hours)
- Trent Reznor e Atticus Ross - A Rede Social (The Social Network) 

CANÇÃO
- Tom Douglas, Troy Verges e Hillary Lindsey, "Coming Home" - Country Strong
- Alan Menken e Glenn Slater, "I See the Light" - Enrolados (Tangled) 
- A.R. Rahman, Dido e Rollo Armstrong, "If I Rise" - 127 Horas (127 Hours) 
- Randy Newman, "We Belong Together" - Toy Story 3 (Toy Story 3)

CURTA DE ANIMAÇÃO 
- Dia e Noite (Day & Night) 
- The Gruffalo 
- Let's Pollute 
- The Lost Thing
- Madagascar, carnet de voyage (Madagascar, a Journey Diary) 

CURTA-METRAGEM 
- The Confession
- The Crush
- God of Love
- Na Wewe
- Wish 143

EDIÇÃO DE SOM 
- Richard King - A Origem (Inception)
- Tom Myers e Michael Silvers - Toy Story 3 (Toy Story 3) 
- Gwendolyn Yates Whittle and Addison Teague - TRON: O Legado (TRON: Legacy)
- Skip Lievsay e Craig Berkey - Bravura Indômita (True Grit) 
- Mark P. Stoeckinger - Incontrolável (Unstoppable) 

MIXAGEM DE SOM
- Lora Hirschberg, Gary A. Rizzo e Ed Novick - A Origem (Inception) 
- Paul Hamblin, Martin Jensen e John Midgley - O Discurso do Rei (The King's Speech)
- Jeffrey J. Haboush, Greg P. Russell, Scott Millan e William Sarokin - Salt (Salt) 
- Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick e Mark Weingarten - A Rede Social (The Social Network) 
- Skip Lievsay, Craig Berkey, Greg Orloff e Peter F. Kurland - Bravura Indômita (True Grit) 

EFEITOS VISUAIS
- Ken Ralston, David Schaub, Carey Villegas e Sean Phillips - Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland)
- Tim Burke, John Richardson, Christian Manz e Nicolas Aithadi - Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1) 
- Michael Owens, Bryan Grill, Stephan Trojanski e Joe Farrell - Além da Vida (Hereafter) 
- Paul Franklin, Chris Corbould, Andrew Lockley e Peter Bebb - A Origem (Inception) 
- Janek Sirrs, Ben Snow, Ged Wright e Daniel Sudick - Homem de Ferro 2 (Iron Man 2) 

ROTEIRO ADAPTADO 
- Danny Boyle e Simon Beaufoy - 127 Horas (127 Hours) 
- Aaron Sorkin - A Rede Social (The Social Network) 
- Michael Arndt, John Lasseter, Andrew Stanton e Lee Unkrich - Toy Story 3 (Toy Story 3) 
- Joel Coen e Ethan Coen - Bravura Indômita (True Grit)
- Debra Granik e Anne Rosellini - Inverno da Alma (Winter's Bone) 

ROTEIRO ORIGINAL 
- Mike Leigh - Um Ano a Mais (Another Year)
- Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson - O Vencedor (The Fighter) 
- Christopher Nolan - A Origem (Inception) 
- Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg - Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) 
- David Seidler - O Discurso do Rei (The King's Speech)

PRÊMIO IRVING G. THALBERG
- Francis Ford Coppola

PRÊMIOS HONORÁRIOS
- Jean-Luc Godard
- Eli Wallach
- Kevin Brownlow

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fora da Lei

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Fora da Lei (Hors-la-Loi, 2010)

Estreia oficial: 22 de setembro de 2010
Estreia no Brasil: 1 de janeiro de 2011
IMDb



Neste "Fora da Lei", o diretor Rachid Bouchareb (com ascendência argelina) retrata a dolorosa luta pela libertação da Argélia em um épico que enfoca a trajetória de três irmãos, Messaoud (Roschdy Zem), Abdelkader (Sami Bouajila) e Said (Jamel Bebbouze). Quando pequenos, sua família foi expulsa de suas terras na Argélia, radicando-se na França atrás de uma nova vida. Aos poucos, os três irmãos tomam rumos diferentes na vida, enquanto o mais velho, Messaoud, vai lutar pela França na Indochina, Abdelkader começa a se envolver em questões políticas envolvendo a libertação da sua terra natal, e o caçula, Said, torna-se um pequeno trambiqueiro.

Não é a primeira vez que o diretor trabalha com o trio de atores. Juntos também fizeram "Dias de Glória" (Indigènes, 2006), onde, curiosamente, os atores viviam personagens com os mesmos nomes dos seus respectivos papéis neste "Fora da Lei", ainda que sejam personagens diferentes.

É um filme indiscutivelmente político. E a luta pela liberação da Argélia é sim o foco do filme. Mas não é o seu ponto principal. O relacionamento entre os irmãos é o que leva o filme, e o torna emocionalmente relevante.

Abdelkader torna-se um líder da luta pela independência de seu país. Messaoud, depois de retornar da guerra, acaba juntando-se ao irmão, e passa a ser um tipo de guarda-costas, responsável por fazer o 'trabalho sujo' que Abdelkader, em sua cega determinação pela causa, acaba arquitetando. Já Said, tenta se manter longe da política, mantendo um cabaré e financiando lutas de boxe. E, ainda que possa ter cometido pequenos delitos para ganhar dinheiro, passa longe das atrocidades cometidas pelos outros irmãos; mas, mesmo assim, é o único visto com maus olhos pela mãe, que insiste em renegá-lo, por achar que seus atos não são dignos. A mesma mãe que não hesita em incitar ao filho do meio que continue na sua luta, ou que perdoa seu primogênito quando este lhe confessa seus crimes. E é interessante notar que, mesmo assim, é Said quem mais parece preocupado com a manutenção da família, e é quem acaba, finalmente, salvando a vida dos irmãos mais velhos.

E é justamente na complexidade de seus personagens que "Fora da Lei" ganha profundidade. Já seu roteiro, algumas vezes perde-se em momentos desnecessários à trama, dedicando mais tempo a eles do que o realmente necessário; e por vezes, soa episódico demais, e podia, inclusive, ser separado por capítulos. Porém, a fotografia, sempre escura, é muito bem trabalhada, e remete à própria natureza de seus personagens, sempre à sombra de uma sociedade altamente preconceituosa como a francesa.

Finalmente, o filme de Bouchareb pode até ter falahs estruturais, mas é compensado pelo ótimo desenvolvimento de seus personagens e pela excelente atuação de seus protagonistas.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
-------------------------------


Mesmo tratando de uma parte da história ao qual não sou familiarizado e filme é muito bem construído. O roteiro vai nos envolvendo e levando pelos anos em que essa história se passa.

Vários os aspectos a se destacar no filme. A Direção de Fotografia é excelente, principalmente nas sequencias que se passam de noite. Os efeitos especiais são bem feitos e bem colocados, com suas explosoes e tiroteios.

Mas o que mais chama a atenção é o elenco e atuação. Os três irmãos interpretam com maestria suas personagens e gostei muito da mistura de francês com árabe que eles falam. Variam pelas linguas conforme a situação da personagem: se está falando com um francês, se está nervoso, se está conversando entre argelinos. Muito boa essa construção.

Por fim quero ressaltar as duas cenas que percebi que me lembraram o "O Poderoso Chefão". Primeiro a do Vito Corleone que volta a sua antiga terra e vinga a morte dos pais, e o segundo é a explosão do carro que tinha a amada de Michael Corleone.

Por fim: recomendo.


por Oscar R. Júnior
 


31º Framboesa de Ouro: 2010

Att: Vencedores em vermelho.

Pior Filme
- Caçador de Recompensas (The Bounty Hunter)
- O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)
- Os Vampiros Que Se Mordam (Vampires Suck)

Pior Ator
- Jack Black - As Viagens de Gulliver (Gulliver's Travels)
- Gerard Butler - Caçador de Recompensas (The Bounty Hunter)
- Ashton Kutcher - Par Perfeito (
The Killers) e Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day)
- Taylor Lautner - Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse) e Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day)
- Robert Pattinson - Lembranças (Remember Me) e Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)

Pior Atriz
- Jennifer Aniston - Caçador de Recompensas (The Bounty Hunter) e Coincidências do Amor (
The Switch)
- Miley Cirus - A Última Música (The Last Song)
- As quatro amigas (Sarah Jessica Parker, Kim Catrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon) - Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- Megan Fox - Jonah Hex (Jonah Hex)
- Kristen Stewart - Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)

Pior Ator Coadjuvante
- Billy Ray Cyrus - Missão Quase Impossível (The Spy Next Door)
- George Lopez - Marmaduke (Marmaduke), Missão Quase Impossível (The Spy Next Door) e Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day)
- Dev Patel - O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- Jackson Rathbone - O Último Mestre do Ar (The Last Airbender) e Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)
- Rob Schneider - Gente Grande (
Grown Ups)

Pior Atriz Coadjuvante
- Jessica Alba - The Killer Inside Me, Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família (Little Fockers), Machete (Machete) e Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day)
- Cher - Burlesque (Burlesque)
- Liza Minnelli - Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- Nicola Peltz - O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- Barbara Streisand - Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família (Little Fockers)

Pior Uso do 3D (Categoria especial de 2010)

- Como Cães e Gatos 2 - A Vingança de Kitty Galore (Cats & Dogs 2: Revenge of Kitty Galore)
- Fúria de Titãs (
Clash of the Titans)
- O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- O Quebra Nozes 3D (Nutcracker 3-D)
- Jogos Mortais - O Final (Saw VII 3-D)

Pior Dupla ou Elenco
- Jennifer Aniston & Gerard Butler - Caçador de Recompensas (The Bounty Hunter)
- A cara de Josh Brolin & o sotaque de Megan Fox - Jonah Hex (Jonah Hex)
- Todo o elenco - O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- Todo o elenco - Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- Todo o elenco - Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)

Pior Diretor
- Jason Friedberg e Aaron Seltzer - Os Vampiros Que Se Mordam (Vampires Suck)
- Michel Patrick King - Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- M. Night Shyamalan - O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- David Slade - Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)
- Sylvester Stallone - Os Mercenários (
The Expendables)

Pior Roteiro
- M. Night Shyamalan - O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- John Hamburg e Larry Stuckey - Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família (Little Fockers)
- Michael Patrick Kiing - Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- Melissa Rosenberg - Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)
- Jason Friedberg e Aaron Seltzer - Os Vampiros Que Se Mordam (Vampires Suck)

Pior Sequência, Paródia ou Regravação
- Fúria de Titãs (
Clash of the Titans)
- O Último Mestre do Ar (The Last Airbender)
- Sex and the City 2 (
Sex and the City 2)
- Saga Crepúsculo: Eclipse (Twilight Saga: Eclipse)
- Os Vampiros Que Se Mordam (Vampires Suck)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Biutiful

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Biutiful (2010)

Estreia oficial: 20 de outubro de 2010
Estreia no Brasil: 21 de janeiro de 2011
IMDb



Biutiful é uma grafia errada para 'beautiful', que significa bonito. Porém nada, absolutamente nada, no novo filme de Alejandro González Iñárritu é bonito.

A começar pelos seus personagens, todos miseráveis ao extremo. Não só no sentido de pobreza, mas principalmente no quesito personalidade. As pessoas aqui retratadas são todas imorais, e não parecem ter sequer um peso na consciência pelos seus atos vis.

Talvez deprimente seja a expressão mais correta para definir o meu estado ao término do filme. O diretor não parece medir esforços para mostrar todo tipo de desgraça afim de que o espectador fique realmente arrasado ao assistir ao seu filme. E, obviamente, funciona, pois o peso dramático aqui empregado é bastante forte, porém também revela falhas no roteiro. Assim, a grande carga emocional (muitas vezes apelativa) parece querer encobrir nuances que o roteiro não carrega, ou mascarar subtramas desnecessárias.

Como é o caso de toda a história envolvendo a família de chineses. Realmente não era necessária para o entendimento do filme, e só está ali para salientar o quão desgraçada é a vida do protagonista, Uxbal (Javier Bardem). Embora, ainda assim, soe desnecessária, já que a sua vida, já repleta de desgostos, não precisava de mais essa para deixar claro ao espectador.

Mas é justamente por causa de Bardem que o filme não é um desastre. Ele consegue dar tridimensionalidade ao personagem. Além de estar sempre triste, com a aparência cansada e fisicamente abalado por causa da sua doença, Uxbal consegue demonstrar todo o amor e compaixão, que aparenta não ter na maioria das horas de seus dias, quando está na presença de seus dois filhos. E, apesar de mostrar-se bastante rigoroso, e empenhado na sua educação, é também capaz do mais singelo ato de carinho quando se trata da sua prole. E é realmente tocante vê-lo em cena.

No entanto, salvo a excepcional atuação de Javier Bardem, o que sobra é um roteiro que, como já falei, parece fazer questão que todos os espectadores sintam-se deprimidos, já que mesmo um alegre jantar em família - um sopro de felicidade em meio à tanta desgraça e tristeza - já surge fadado a não dar certo.

Mas, se Iñárritu não se sai tão bem no roteiro (que co-escreveu com Armando Bo e Nicolás Giacobone), acerta mais na direção. Além da ótima direção de atores; Iñárritu acerta ao utilizar reflexos que não correspondem com exatidão ao protagonista, ou sombras que movimentam-se em desacordo com o objeto, para demonstrar a confusão mental do personagem de Bardem. Ou então no caso da mediunidade de Uxbal, que é retratada através de aparições fora de foco da pessoas morta, e sempre nos cantos da imagens. Uma opção discreta e acertada, apesar de, pessoalmente, eu achar que a última visão do protagonista surja sem propósito.

Vale destacar também o ótimo tabalho do compositor Gustavo Santaolalla, que utiliza sons incômodos durante todo o longa, para reforçar a personalidade duvidosa do personagem principal, assim como sons de batidas de coração para pontuar a forte ligação dele com os filhos.

Longe de ser o melhor filme de Iñarritu ("Amores Brutos" e "21 Gramas" detém esse título), "Biutiful" vale a pena pela forte atuação de Javier Bardem, que transforma o protagonista de um filme irregular em uma personagem forte e que merece ser vista.


por Melissa Lipinski

 


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Restrepo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Restrepo (2010)

Estreia oficial: 8 de outubro de 2010
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



"Restrepo" é um documentário que enfoca um grupo de jovens soldados estadunidenses e sua luta diária para se manterem vivos no Afeganistão, país que os EUA invadiu em 2001, em reprimenda aos ataques de 11 de setembro do mesmo ano ao World Trade Center.

Se as ações tomadas pelos EUA são justas ou não, aqui não interessam. "Restrepo" tenta se manter longe da política. Pois a verdade é que aqueles soldados que ali estão não têm essa consciência. E assim, o filme abstém-se de comentários a esse respeito e mantém seu foco no dia-a-dia daqueles soldados.

E que dia-a-dia! Os diretores Tim Hetherington e Sebastian Junger acompanharam os 15 meses que um pelotão estadunidense ficou no vale do Korengal, o que, segundo um dos próprios soldados, seria "o pior lugar do mundo". E o que se vê, são jovens tentando não morrer frente a 5 ou 6 ataques diários. Balas passando por suas cabeças. Tiroteiros. Bombardeios. Companheiros mortos. As imagens são duras, e feitas com uma proximidade assustadora.

Aliás, a grande sacada dos diretores é usar câmeras nos capacetes dos soldados, fazendo com que algumas imagens sejam bem próximas daquilo que eles próprios estavam vendo. E isso faz com que o documentário torne-se bastante visceral.

Mas, infelizmente, falta ritmo ao filme. E, depois da meia hora inicial, o espectador já está cansado de ver tanto tiroteio, tanta morte. Ainda que os depoimentos tragam um respiro àquelas imagens chocantes, isso não consegue deixar o filme mais ágil. Porém, esses depoimentos são válidos para demonstrar os efeitos psicológicos da guerra sobre aqueles jovens. E o mais chocante: tem garotos ali que não aparentam ter mais do que 18 anos!

E, se falei que o documentário tenta se isentar de um olhar político, esse é justamente o seu ponto fraco. Pois é impossível olharmos para tudo aquilo sem nos perguntarmos: "pra quê?". Claro que sabemos de toda a política por trás da guerra. Mas será mesmo que conseguimos ver aqueles estadunidenses como vítimas da situação? Como ficar impassível ao ver os soldados matando afegãos inocentes, dentre eles crianças? Como não se revoltar com a maneira pejorativa com que os soldados se referem aos habitantes locais como "turbantes" e "talibãs"?

O que dizer, então, da frase final que diz que "cerca de 50 soldados estadunidenses morreram naquele local'? E quantos soldados afegãos morreram? E quanto aos civis inocentes? Minhas sinceras desculpas aos diretores desse filme, mas é impossível ser apolítico. É impossível não emitir uma opinião. Não estou falando que as vidas daqueles jovens soldados não têm valor. Mas será que elas têm mais valor que qualquer outra vida?

Eu, particularmente, acho que toda guerra é burra e sem sentindo.


por Melissa Lipinski
-----------------------


O que tem de melhor neste documentário são as cenas. Eles instalaram câmeras nos capacetes dos soldados, logo as cenas in loco são extraordinárias. Isso é o que vale a pena no documentário. Obviamente tem alguns depoimentos fortes, desses jovens que lutaram no Afeganistão.

Restrepo exalta uma guerra que não concordo, mas tentei relevar isso e assistir sem pré-conceitos ao filme. Até a metade é interessante, mostrando o dia a dia dos combatentes. A partir da metade começa a ficar enfadonho demais. Entendo que os caras ficaram 15 meses lá, mas eu não tenho que ver a lentidão que algumas coisas que acontecem. O filme tem 93 minutos mas bem que poderia ter uma hora, ou menos.


por Oscar R. Júnior


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

GasLand

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

GasLand (2010)

Estreia oficial: 17 de janeiro de 2011
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



É assustadora a situação da água potável de alguns estados estadunidenses mostrada por Josh Fox em "Gasland". No documentário, Fox cruza os EUA atrás de situações semelhantes: casas onde a a água foi contaminada pela perfuração e extração de gás natural.

E o resultado, como falei, é aterrorizante: desde águas marrons, barrentas, com partículas, gosto metálico, até água inflamável. Isso mesmo. Água inflamável. Devido à grande quantidade de produtos químicos utilizados na extração do gás natural, a água chega ao cúmulo de pegar fogo!

E é interessante ver como várias pessoas tiveram suas "bocas caladas" por generosas indenizações. Ou como o governo 'yankee' é tão corrupto como o nosso 'tupiniquim', e sempre coloca 'panos quentes' para abafar um problema ambiental e de saúde gigantesco. E mais uma vez é a população quem paga o pato, já que, absurdamente, tem que provar que está certa com relação ao que diz, enquanto as grandes corporações não precisam provar que suas ações não são nocivas. Inversão de valores.

Porém, o documentário acaba perdendo um pouco de seu impacto graças ao seu ritmo maçante e sua estrutura repetitiva. Se as imagens que vemos são impressionantes e os depoimentos revoltantes, eles perdem sua força depois que se repetem três, quatro, cinco vezes na tela. O filme torna-se cansativo.

Porém, vale pela mensagem e teor de denúncia do filme. E também entra para o rol de documentários que mostram que os EUA está longe de ser a maravilha que muitos pensam, o sonho de consumo idealizado por tantos mundo afora.


por Melissa Lipinski
----------------------------


O começo do documentário é muito interessante pelo fato que ele apresenta instalações de "poços" de extração de gás natural e que poluem a água de toda a população do entorno. Até ai é legal, a denúncia e tals. Mas ele fica quase todo o tempo citando mais e mais exemplos de problemas gerados por esse tipo de instalação.

Obviamente, depois de mais de uma hora de fatos e constatações, o filme fica completamente maçante. E com um final fraco, faz com que o filme não tenha mais valor que uma grande reportagem sobre o assunto.

Resumindo: assunto extraordinariamente interessante mas a abordagem e a edição do documentário foram fracas e sonolentas.


por Oscar R. Júnior


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Exit Through the Gift Shop

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Exit Through the Gift Shop (2010)

Estreia original: 5 de março de 2010
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



O protagonista de "Exit Through the Gift Shop" é uma peça rara: baixinho, falando com um sotaque bastante carregado, com costeletas à la anos 60 e o melhor: tudo o que faz, faz filmando, já que é obcecado por câmeras filmadoras. Porém, meio perdido na vida, o francês Thierry Guetta, só achou realmente sua vocação quando conheceu a arte de rua e seus realizadores, passando a andar com eles, registrando todos os seus passos e ações - a maioria delas, ilegais.

Porém, diferentemente do que os grafiteiros imaginavam, Thierry não tinha a mínima intenção de transformar as milhares de fitas gravadas em um documentário. E, quando pressionado, o fez, transformou-os (documentário e os próprios artistas de rua) em piada. Assim, Banksy, o artista de rua mais respeitado mundo afora e um dos amigos de Guetta, decidiu tomar as rédeas da situação e inverter o jogo: pegou o material do entusiasmado francês e transformou o documentarista em protagonista; e ele mesmo, em documentarista.

E, diga-se de passagem, foi uma das intervenções mais acertadas de Banksy, já que Thierry Guetta é um personagem e tanto. Mas o filme não se limita a ele, e ver as obras dos diferentes artistas de rua retratadas no documentário, assim como os riscos que esses assumem para poder realizá-las é algo espetacular. Mais espetacular ainda, é ver a obra de Banksy, que, com todos os méritos, é hoje respeitado como um dos maiores artistas contemporâneos, e seus trabalhos valem milhões de dólares. Além disso, Banksy transforma-se também em personagem dessa história, quando ele mesmo, dá seus depoimentos sobre Guetta. E seus relatos são 'o' algo mais do filme, já que sempre surgem carregados de humor e ironia.

Mas o filme não só mostra a arte de rua, mas também acaba se tornando uma crítica sobre a falta de lógica e escrúpulos do mundo artístico, quando o próprio Thierry Guetta acha que pode se tornar um artista de rua e passa a extrapolar todo e qualquer limite e bom-senso na produção de suas obras, desvirtuando o sentido primordial desse tipo de arte, que é ser efêmera e não comercial.

Assim, "Exit Through the Gift Shop" funciona não só como documentário sobre um sujeitinho pra lá de estranho, mas também como uma discussão sobre a própria arte de rua, e, mais profundamente, sobre a Arte em si.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski

---------------------------

 

A construção do documentário foi muito bem pensada. Começa contando a história de Thierry Guetta, um cara que gravava de tudo com a sua câmera. Gravava por gravar, sem pensar no que fazer com esse material. Isto nos faz assistir ao filme na expectativa do cara descobrir o que fazer com tão vasto material.

Obviamente o filme ganha corpo quando aparece o Bansky, um dos artistas de rua mais conhecidos no mundo. Esse sim é um personagem interessante por ser precursor de um estilo de intervenção artística. E é legal quando descobrimos que o cara usa o material captado por Thierry, mas não concorda com a posição dele perante o que faz.

E preciso fazer o destaque para a cena da Disney, que obviamente faz menção ao título. Nunca fui mas já vi que sempre que você sai de um brinquedo tem um aviso: "Exit through the gift shop" (Saída pela loja de presentes). Bem ao estilo Disney de vender, vender e vender.

Recomendo.


por Oscar R. Júnior

----------------------------

Além da menção direta à Disney que o Oscar citou (que tem seu significado explicado no filme), acho que o título também é uma crítica ao pensamento comercial que se apodera das Artes de uma maneira em geral, chegando até aos artistas de rua, como é o caso de Thierry Guetta.


por Melissa Lipinski


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dente Canino

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Dente Canino (Kynodontas, 2009)

Estreia oficial: 11 de novembro de 2009
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



"Kynodontas", ou "Dente Canino" (em minha livre tradução), é um experiência e tanto. Se você começa a assistir sem saber do que se trata (como no nosso caso), leva um tempo até entender o que realmente está acontecendo ali. A primeira impressão, como não entendemos grego (e assim o áudio não ajuda muito no entendimento), é que a legenda estava totalmente equivocada. Mas, passados alguns minutos de filme, você começa a compreender que está diante de uma experiência bizarra e dolorosa.

Falar muito sobre a história é estragar as surpresas de quem o assiste pela primeira vez. Não o farei. Basta saber que "Kynodontas" retrata uma família nada convencional, um pai e uma mãe "cuidando" de seus três filhos jovens-adultos. E se o cuidando está entre aspas é porque, se você embarcar na experiência proposta pelo longa, vai se deparar com algo extremamente perturbador, com personagens doentios e ingênuos.

O universo ali visto é muito bem construído, e, no decorrer da história, vamos tentando identificar detalhes que nos expliquem o que realmente está acontecendo. Sorte nossa (como espectadores) que essas respostas não vêm de forma explícita e mastigada. Na realidade, nada é exatamente explicado, apenas resta ao público supor as motivações dos personagens.

As situações a que uns personagens submetem os outros são bastante cruéis. E o diretor e co-roteirista Giorgos Lanthimos não poupa o espectador, mostrando de forma crua toda e qualquer crueldade e violência a que os personagens são expostos, seja ela física ou psicológica.

O filme tem um ritmo lento, mas que é totalmente adequado à sua narrativa, assim nós espectadores temos tempo de ver, captar, processar e ainda contemplar a mensagem que está nos sendo transmitida. Afinal, aquilo que está sendo mostrado nos causa estranheza e precisamos de tempo para conseguir entendê-lo. Mas mesmo com o seu ritmo lento, o filme consegue prender a atenção do começo ao fim.

A opção do diretor por enquadramentos que fogem do convencional também é uma forma de ratificar que a história contada também não é nada comum, ajudando na sensação de estranhamento. Porém, é justamente aí que acho que o Lanthimos errou na mão, pois em algumas cenas, não apenas as situações são bizarras, mas também os enquadramentos, e assim, me parece que o diretor peca pelo excesso. Mas nada que comprometa o resultado final do filme.

Longe de ser um filme agradável, "Kynodontas" é uma experiência única. Perturbadora.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski

-------------------------------

 

O filme é todo maluco. Palavras sendo ensinadas com significado errado, cenas fortes de sexualidade entre irmãos, "crianças" com idade entre 20 e 30 anos.

Com isso ficamos um bom tempo tentando entender o que se passava no filme. Em que situação eles se encontravam e conseguimos ter pequenas pinceladas sobre a "realidade".

O filme não tenta explicar como chegaram naquele ponto, mas mesmo assim é possível ficar horas discutindo sobre. Isto é interessante.

A fotografia do filme é bem diferente do que vemos por aí, e isso chama a atenção. Eu gostei pelo menos, hehe.


por Oscar R. Júnior


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Amor à Distância

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Amor à Distância (Going the Distance, 2010)

Estreia Oficial: 27 de agosto de 2010
Estreia no Brasil: 10 de setembro de 2010
IMDb


"Amor à Distância" é mais uma comédia romântica enlatada vinda de Hollywood. Você sabe que o mocinho e a mocinha vão se conhecer, se apaixonar, passar por provações e uma separação, até chegar na reconciliação e o (tão manjado) final feliz.

Mas aqui, o casal protagonista (Drew Barrymore e Justin Long) tem dois diferenciais. O primeiro diz respeito ao próprio título do filme. O relacionamento à distância, que parece não ser um assunto muito popular em Hollywood (não me recordo de outro filme que o casal enamorado more em cidades diferentes), é o que faz com que as dificuldades apareçam.

E o segundo ponto, o mais interessante, diz respeito aos próprios personagens. Erin (Barrymore) já passou dos 30 mas não tem a mínima ideia de como gerenciar sua vida. Ela quer ser jornalista, mas não consegue um emprego na área, tendo que trabalhar como garçonete para pagar suas contas. Além do mais, ela ainda nem saiu da faculdade. Já Garret (Long) está longe de ser bem-sucedido profissionalmente. Apesar de trabahar numa área que gosta, de produtor musical, não consegue subir na carreira pois é obrigado a servir de babá a 'boys band' sem talento. Assim, ambos fogem do padrão visto em filmes do gênero, onde o casal geralmente já é bem sucedido em tudo na vida (menos no amor, é claro), pintando padrões de vida jamais alcançados por nós, meros espectadores mortais. Já com Erin e Garret não é muito difícil se identificar, ainda mais se você está na casa dos 30 anos, não é famoso, não é multi-milionário, nem fez grandes feitos extraordiários, e apenas tenta ganhar sua vidinha.

Porém, o bom do filme pára por aí. O que sobra são as velhas situações clichês que todos já estão cansados de ver e rever e rever. Inclusive os personagens secundários, que apenas entram em cena para forçar situações pretensamente engraçadas. Nem o amigo de Garret, Box (Jason Sudeikis), que nitidamente é para ser o ponto forte da comédia, não tem graça nenhuma com suas gags pedantes e seus costumes escatológicos.

Enfim, mais um filme para a lista de comédias românticas descartáveis vindas do 'Tio Sam'. Pelo menos "Amor à Distância" não chega a ofender a nossa inteligência. Mas tão pouco a aguça.


por Melissa Lipinski



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Mágico

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Mágico, O (L'Illusionniste, 2010)

Estreia oficial: 16 de junho de 2010
Estreia no Brasil: 14 de janeiro de 2011
IMDb



"O Mágico" é dirigido por Sylvain Chomet, que volta ao mundo das animações depois do espetacular "As Bicicletas de Belleville" (2003). É interessante notar que neste meio tempo (7 anos), Chomet apenas dirigiu um filme, o segmento "Torre Eiffel" de "Paris, Te Amo" (2006). E ele volta em grande estilo.
O filme é baseado em um roteiro deixado pelo grande cineasta francês Jacques Tati, onde o protagonista, o mágico do título, foi criado por Chomet à imagem e semelhança do próprio Tati. Um ilusionista que não consegue mais chamar público aos seus shows e acaba indo parar na Escócia, onde atrai a atenção de uma jovem que acredita que ele é realmente um mágico de verdade. A adolescente, então, decide ir embora com o mágico. Porém, a menina acaba se revelando bastante interessada em presentes caros, e o mágico então, esforça-se para ganhar o dinheiro necessário a satisfazer os desejos da moça, a quem parece ter adotado como uma espécie de filha.

Da mesma maneira que em "As Bicicletas de Belleville", esta animação não possui quase nenhum diálogo. E ainda como a anterior, é feita sem muito auxílio de computação gráfica, mostrando todo o talento de Sylvain Chomet como animador. Tudo é muito bem realizado, da concepção dos personagens ao design dos ambientes. Impecável.

E se Jacques Tati é, sem sombra de dúvida, a grande inspiração de Chomet, pois o mágico é uma versão animada do seu Monsieur Hulot; além do protagonista entrar em um cinema onde está passando "Meu Tio" (1958), também de Tati; o diretor/animador também se utiliza de outras referências, como "Alice no País das Maravilhas", já que acaba transformando a menina em uma versão da personagem criada por Lewis Carroll, com direito até ao seu clássico vestido azul. E, da mesma forma como a personagem de Carroll, esta 'Alice escocesa' também encontra um coelho branco e, de forma tocante, também acaba descobrindo que criaturas mágicas e fantasia não existem.

E assim, Chomet não tenta divertir com sua animação, já que "O Mágico" é antes de tudo melancólico e definitivamente, não voltado para o público infantil, já que seu universo é habitado por criaturas depressivas, derrotadas e solitárias, em um mundo realmente sem ilusões e mágicas.

Mais uma vez, vale a pena entregar-se ao mundo animado de Sylvain Chomet. Ele pode até não divertir como em "As Biciletas de Belleville", mas sem sombra de dúvidas é um belíssimo e emocionante trabalho.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski