sábado, 27 de agosto de 2011

Potiche - Esposa Troféu

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Potiche - Esposa Troféu (Potiche, 2010)

Estreia oficial: 10 de novembro de 2010
Estreia no Brasil: 24 de junho de 2011
IMDb



De François Ozon confesso que só conhecia "8 Mulheres" (de 2002) e "Swimming Pool" (de 2003), dois filmes muito bons. E, depois de assistir a este "Potiche", fiquei com vontade de conhecer mais da filmografia deste diretor francês.

O filme é uma adaptação (feita pelo prórpio Ozon) de uma peça de teatro homônima, e conta a hstória de Suzanne Pujol (Catherine Deneuve), uma dona de casa do final da década de 1970 que não faz nada além de comandar o lar e se dedicar a poesias nada brilhantes. Uma 'esposa troféu', ou 'potiche' em francês. Casada com o empresário Robert Pujol (Fabrice Luchini) e mãe de Joëlle (Judith Godrèche) e Laurent (Jérémie Rénier), ela se vê obrigada a se colocar à frente da fábrica de guarda-chuvas do marido quando este, durante uma greve de seus funcionários descontentes, sofre um infarto. Contando com a ajuda de um amigo do passado, Maurice Babin (Gérard Depardieu) e com a secretária Madège (Karin Viard), Suzanne sai-se melhor que a encomenda, enquanto tenta colocar sua vida, e também a dos filhos, nos eixos.

"Potiche" já acerta em cheio no seu elenco em ótima sintonia. Catherine Deneuve, que continua belíssima, também continua talentosa, e encarna Suzanne com elegância e vivacidade. A sua aparente futilidade do início do filme vai dando espaço, no decorrer da história, a uma mulher forte e com princípios. Já Gérard Depardieu demonstra todo seu carisma como o político comunista, que no fundo tem um coração mole e é um romântico inveterado. Assim são todos os personagens do longa: bem construídos e bem interpretados.

O roteiro de Ozon brinca com os gêneros cinematográficos, fazendo uma homenagem às comédias screwball (aquelas com 'ar pastelão' que tinham personagens femininas - donas de casa geralmente - como protagonistas, e que tiveram seu auge na década de 1930 no cinema estadunidense) e ao melodrama, passando pelos dramas políticos e até os musicais setentistas (a cena em que Deneuve e Depardieu dançam em uma disco é hilária).

Trazendo temas importantes em sua estrutura narrativa, como os direitos dos trabalhadores e os direitos das mulheres, e fazendo uma certa crítica ao modelo político francês, Ozon trata tudo com muita inteligência e discrição, sem deixar que seu discurso soe panfletário, utilizando a comédia como fator atenuante, e os rápidos, ácidos e bem escritos diálogos como pontos cruciais de suas críticas.

A direção de arte é um atrativo à parte, recriando cenários e figurinos dos anos 1970 com perfeição. A arte da fábrica é a minha favorita, com sombrinhas e guarda-chuvas de todas as cores e modelos, distribuídos pela locação seja no chão ou no teto, fazendo uma clara referância ao filme que alavancou a carreira da eterna 'bela da tarde', o ótimo musical "Os Guarda-Chuvas do Amor" (de 1964, dirigido por Jacques Demy).

A trilha sonora do longa também merece destaque, já que é embalada por grandes clássicos românticos da década de 1970. Destaque para as cenas em que Deneuve canta, e Ozon faz o tempo narrativo parar para que o espectador possa contemplar essa grande atriz. Uma justa homenagem à musa do cinema francês (e por que não mundial?).

Enfim, "Potiche: Esposa Troféu" não é só uma comédia, mas uma divertida brincadeira que François Ozon divide com seu público. Não só uma homenagem a Catherine Deneuve, mas a todas as mulheres.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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"Potiche" é uma comédia com boas pitadas de pastelão. O filme se propõe a isso e executa muito bem.

Os diálogos muito bem construídos e reforçados pela ótima montagem. O timing das piadas é perfeito e, definitivamente, Catherine Deneuve concentra o filme nela.

Muito bom.


por Oscar R. Júnior


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