quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Carlota Joaquina - Princesa do Brazil

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Carlota Joaquina - Princesa do Brazil (1995)

IMDb



"Carlota Joaquina" (tido como o filme-marco da chamada Retomada do Cinema Brasileiro) não pretende ser fidedigno aos fatos. Em vez disso, o longa dirigido por Carla Camurati, apropria-se da história - mais precisamente da vinda da família real para o Brasil, acuada pelas tropas napoleônicas - para parodiar sobre ela.

O caráter cômico e satírico, além de estereotipar os personagens a partir de suas características mais ridículas, critica de forma veemente a nobreza lusitana. Como o fato de os brasileiros mais ricos terem que ceder, de uma hora para outra, suas casas para o séquito real.

Além das atuações inspiradas de Marieta Severo e Marco Nanini, o filme também beneficia-se de uma fotografia que auxilia na caracterização dos personagens, ao usar luzes mais pontuais e ambientes mais escuros nas cenas passadas na Europa; em contraste com ambientes mais iluminados quando a corte vem para o Brasil; claramente demonstrando a "seriedade" com que os nobres encaravam a colônia que agora servia-lhes de casa.

O filme ainda faz uma crítica de como a nossa própria história é contada oficialmente. Além de lançar um duro olhar sobre a corrupção "enraizada" de nosso país. Mas Camurati faz tudo em forma de ficção, e o fato de se ter um narrador escocês na história, retira a "obrigatoriedade" de qualquer verossimilhança do relato histórico.

Ainda sentindo o efeito da "era Collor" no cinema brasileiro, sem nenhum incentivo ou apoio governamental para sua realização, o filme de Camurati adquire ele próprio uma importância histórica dentro do cinema nacional. Não pelo tema retratado, mas por ter sido o início de uma nova fase de produções cinematográficas no Brasil. E, se há opiniões divergentes quanto à qualidade da produção cinematográfica em si, dúvidas não surgem com relação à importância do longa no cenário do cinema brasileiro.


por Melissa Lipinski


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