quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Bem Amado

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Bem Amado, O (2010)

Estreia Oficial | no Brasil: 23 de julho de 2010
 
IMDb



Dizem que as boas obras (sejam elas literárias, teatrais, cinematográficas ou televisivas) não envelhecem. Assim é "O Bem Amado", peça teatral escrita por Dias Gomes em 1962, e adaptada à TV, pelo próprio autor, como telenovela em 1973. A sátira política de Gomes continua atual. Pena que Guel Arraes não conseguiu aproveitar o bom material que tinha em mãos.

Pra começar, Guel Arraes tenta abraçar o mundo com as mãos: ele transforma em filme a obra inteira de Dias Gomes - assim, o que, em uma novela passou em oito ou nove meses, passa agora em 1 hora e 50 minutos! Não preciso nem dizer que, dessa forma, as elipses temporais são gigantescas e confusas.

Da mesma maneira, há personagens que são totalmente supérfluos no filme: o romance entre o repórter Neco Pedreira (Caio Blat) e a filha de Odorico Paraguaçu, Violeta (Maria Flor), não contribui em nada para o andamento da história, pelo contrário, atravanca a trama e quebra o ritmo do filme. Assim como a narração em off feita pelo próprio Blat, totalmente desnecessária.

Aliás, essa narração corrobora para uma das coisas que mais atrapalha o filme: a falta de confiança na inteligência do espectador. Guel Arraes a todo momento parece gritar: "Sucupira é uma alusão ao Brasil, viu?". Faz isso logo no início do filme, comparando o governo de João Goulart ao de Odorico, e depois citando as Diretas Já em comparação com acontecimentos de Sucupira, e, por fim, a mais desnecessária de todas: a fusão do mapa da cidade para o mapa do Brasil. Será que o inteligente texto de Dias Gomes não bastava para que entedêssemos a metáfora? O espectador é tão burro assim? (Bom, se levarmos em conta os políticos que elegemos a cada nova eleição, talvez até entendamos o lado de Arraes, mas pera aí! Vamos confiar mais na inteligência do espectador, né?).

O filme conta com boas atuações. Marco Nanini, sempre ótimo, faz um excelente trabalho, emprestando dinamismo, autoridade e sem-vergonhice a seu Odorico Paraguaçu. As irmãs Cajazeiras (que aqui ganharam uma versão bem mais safadinha), interpretadas por Zezé Polessa, (a cada vez melhor) Andrea Beltrão e Drica Moraes, estão bem, exageradas ao extremo (acho que talvez o seu figurino seja um pouco exagerado demais, mas isso acaba não incomodando frente a outros erros do longa). José Wilker está caricato como Zeca Diabo, mas funciona (afinal, quem não é caricato num filme de Guel Arraes?). E, embora Caio Blat e Maria Flor não incomodem (falando em atuação), como já disse, seus personagens são totalmente desnecessários para a trama do filme.

A excessão fica com um ator que eu gosto muito, mas que, aqui, não conseguiu desenvolver seu personagem de maneira satisfatória: Matheus Nachtergaele. Seu Dirceu Borboleta não chega aos pés daquele interpretado por Emiliano Queiroz na telenovela. Nachtergaele não conseguiu imprimir o tom tragicômico certo ao personagem, assim, ele parece sempre aborrecido, e toda vez que seu personagem entra em cena, destoa do restante do elenco - mas não evidenciando uma quebra interessante, e sim um tom cansativo - é chato vê-lo em cena. Tonico Pereira também não está bem, parece que o ator já entra em cena gritando.

E daí chego na maior falha de "O Bem Amado" (o filme). A gritaria... As falas... A música... Ou seja, não há silêncios no filme inteiro! Mas isso parece ser recorrente em filmes do diretor, pois já acontecia nos medianos "Caramuru - A Invenção do Brasil" (2001) e "Lisbela e o Prisioneiro" (2003) (exceção ao ótimo "Romance", de 2008, que foge um pouco do estilo de Guel Arraes). A obra de Dias Gomes já é verborrágica (afinal, existe algum personagem na literatura mais falastrão que Odorico Paraguaçu?), mas Guel Arraes parece não se contentar com ele, e assim, todos os personagens falam o tempo todo. É cansativo! E, mesmo quando eles não falam, quem fala é a música (cantada por Caetano Veloso), que entra para dizer alguma coisa. Não há momentos de contemplação no filme, em que possamos 'respirar' e preparar nossos ouvidos para o que ainda está por vir. O resultado? Saí do cinema com dor de cabeça.

Enfim, Guel Arraes não conseguiu fazer jus à obra de Dias Gomes. O diretor contava com ótimos atores e com um bom texto... Mas soube desperdiçar pelo excesso... Excesso de tempo, excesso de personagens, excesso de falas, excesso de música, excesso de redundâncias... Excesso de tudo!


por Melissa Lipinski

 


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nosso Lar

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Nosso Lar (2010)

Estreia Oficial | no Brasil: 3 de setembro de 2010
 
IMDb



"Nosso Lar" é a adaptação cinematográfica dos livros escritos pelo espírito André Luiz e psicografados pelo médium Chico Xavier. Antes de mais nada quero dizer que não sigo a fé espírita, mas respeito-a, assim como respeito todas as outras fés e religiões. E, antes que alguém me acuse de ir contra qualquer uma, digo que esta é uma crítica à obra cinematográfica, e jamais à qualquer fé/religião.

"Nosso Lar" é dirigido e escrito por Wagner de Assis, cujo longa anterior, "A Cartomante" é um dos piores filmes a que já assisti na vida; e que também é responsável pelo roteiro de 'pérolas' do cinema nacional, como "Xuxa Requebra", "Xuxa Popstar" e "Xuxa e os Duendes" 1 e 2... Bom, daí já pode-se tirar alguma conclusão de como 'gostei' desse seu novo trabalho.

O filme tem um roteiro fraco, mal estruturado, didático ao extremo. Há uma narração em off totalmente desnecessária e repetitiva, que só serve para explicar o que nós, espectadores, já estamos vendo na tela, ou seja, pra quê? Sem contar os furos e contradições que aparecem aos montes. Os personagens são mal construídos e só entram em cena para explicar alguma coisa... E eles explicam o tempo inteiro! E isso torna o filme lento demais. Mas afinal quem são aqueles espíritos? E quem é o protagonista? Ao final do filme apenas sabemos que ele foi um médico, pai de família, que cometeu alguns excessos durante sua vida terrena e que, agora em sua vida após a morte, busca um crescimento espiritual... Mas quem é realmente esse personagem? Nunca saberemos...

Ainda que tenha poucas cenas elegantes, como a passagem de tempo que mostra o protagonista, em um bar, envelhecendo, a grande maioria das cenas é dirigida de forma burocrática e previsível, e que em nada chamam a atenção. Ou seja, o filme é chato e cansativo.

Há ainda o grande problema das produções nacionais: o elenco. Aqui, em especial, é fraquíssimo. Dá até pra dizer que Othon Bastos e Paulo Goulart destacam-se por não estarem tão ruins. Pode até parecer maldade da minha parte, mas com diálogos tão esquemáticos, artificiais e que soam como sermões, não teria como ser diferente.

Fora que o longa não usa a doutrina espírita como pano de fundo para contar uma história, mas sim, faz uso do aparato cinematográfico a fim de disseminar a fé espírita. Digo mais: é falso moralista, pois, por mais que aparente respeitar todas as religiões (já que em uma das salas da cidade Nosso Lar vê-se símbolos de várias religiões, e as vítimas do Holocausto também chegam à cidade depois de mortas), em nenhum momento mostra-se respeitoso a essas demais crenças, já que só a forma de vida após a morte disseminada pelo Espiritismo parece ser a correta e valer para todos - inclusive aqueles que seguem outras religiões. Como se fosse uma verdade universal! Mas isso não seria tentar disseminar a sua ideologia? Em "Amor Além da Vida" (1998), por exemplo, por mais que a doutrina espírita esteja presente, não há o tom de sermão como em "Nosso Lar", e olha que nem gosto desse filme, mas tenho que confessar que os conceitos espíritas são, indubitavelmente, melhores empregados do que no filme tupiniquim - pelo menos, cinematograficamente falando.

Finalmente, é a produção mais cara do cinema nacional - dinheiro claramente aplicado na construção dos cenários - que em alguns planos funcionam muito bem e até soam bem reais, mas em outros, principalmente internos, deixam a desejar. Particularmente não gostei do design da produção, tudo parece muito caricato. Destaco a parte que se passa no Umbral (um tipo de purgatório), que, por mais que não se utilize dos cenários virtuais construídos para a cidade espírita, funciona muito melhor, estética e dramaticamente.

Caricata, e também óbvia, é a trilha sonora - parte do orçamento milionário (20 milhões de reais) foi para contratar o compositor Philip Glass, que não acertou a mão. A fotografia (do também importado Ueli Steiger - fotógrafo suíço) também incomoda, sempre com uma névoa ao redor das imagens.

Enfim, talvez a produção tenha méritos por ser o primeiro filme nacional a investir tanto em sua parte técnica, com os cenários virtuais e contratação de pessoal especializado fora do país. Mas novamente pergunto: pra quê? Pra dar suporte a um roteiro fraco e burocrático? Não teria sido melhor investir um pouco então na contratação de um bom roteirista?


por Melissa Lipinski

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Filme sensação do momento. Recorde de público. Grande elenco. E só.

O roteiro, assim como o filme, é fraco. Não chega a ser ruim mas é meio “tolo”. Sem profundidade, muito explicativo e com situações mal amarradas. Junte a isto um conjunto de personagens unidimensionais e mal construídos.

Tá, eu não sou espírita mas tentei ver o filme como filme. E como filme ele é fraco e chato. Alguns planos foram bem construídos e tals, mas o gráfico da cidade é grandioso. Bastante interessante mas ainda está longe das grandes produções.

Sobre a história em si. Como esse “lugar” é burocrático né. Tudo departamentalizado mesmo sendo num plano superior. E parece não haver corrupção mas eu vi. Quando a mulher que é sobrinha do Lísias (Fernando Alves Pinto) chega no “Nosso Lar” ela vai para a recuperação mas logo vai pra casa dos parentes. Mesmo não estando recuperada dos “mal” terrenos tanto que tenta fugir para voltar. Já o personagem principal ,André Luiz, (Renato Prieto) teve que ficar em recuperação no “hospital” até aceitar essa nova condição dele.

Fico por aqui.


por Oscar R. Júnior
 


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As Melhores Coisas do Mundo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Melhores Coisas do Mundo, As (2010)

Estreia oficial | no Brasil: 16 de abril de 2010

IMdB



"As Melhores Coisas do Mundo", terceiro longa da diretora Laís Bodansky (os anteriores foram os ótimos "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de Saudade"), impressiona pela forma singela, emocionante e verdadeira com que retrata os adolescentes
brasileiros de classe média.

E isso porque, antes de se concentrar em situações, foca-se em personagens. E, na minha singela opinião, não há filme mais tocante do que aqueles centrados em ótimos, e bem construídos, personagens. Mais uma vez, a diretora acerta.

Tendo Mano (Francisco Miguez) como protagonista, o longa não fica apenas centrado nos dramas dos adolecentes, mas também aborda a relação com os pais e professores. E, como não poderia deixar de ser, já que trata do universo adolescente, as emoções são levadas ao extremo. Tudo parece ser a coisa mais importante do mundo, ou a última coisa do mundo... Uma briga parece ser o fim do mundo, a discussão com um amigo parece ser a pior de todas, o primeiro amor parece ser o melhor, a primeira transa parece ser a melhor de todas, e assim por diante.... Afinal, quem nunca se sentiu assim? Quem nunca foi adolescente?

O roteiro é exato, conciso e emocionante. A direção de Bodansky, segura. A edição, precisa. E as atuações são a alma do filme. Os experientes Zé Carlos Machado e Denise Fraga emocionam pela fragilidade de seus personagens. Caio Blat e Paulo Vilhena impressionam pela maturidade. Mas são os iniciantes quem chamam a atenção, principalmente Gabriela Rocha, pela doçura que confere à sua Carol, e Francisco Miguez, que segura o filme de ponta a ponta, com um carisma incrível. E, se o arco dramático de Fiuk (Pedro, irmão de Mano), pode parecer por vezes exagerado, é o retrato sensível de uma geração 'emo', mergulhada na depressão.

Mas o que chama a atenção, como diz uma mãe durante uma reunião do colégio, é que "as coisas mudaram muito nos últimos cinco, dez anos". E isso fica claro no filme. É uma geração que cresceu na internet, com seus blogs, e que possuem celulares e máquinas fotográficas/filmadoras desde sempre. Porém tudo isso é mostrado pela diretora com um olhar 'de dentro', ou seja, não há crítica nesse fato, apenas constatação de como a juventude de hoje se comporta. Não digo que o filme não é crítico. É. E bastante. Mas não ao fato de que a tecnologia possa ter contribuído para uma melhora ou piora na qualidade de vida dessa geração. Isso não vem ao caso. Não é o motivo do filme. É apenas uma constatação.

A diretora também consegue falar de assuntos delicados, como separação, preconceito, bullying e homossexualismo.

Enfim, Laís Bodansky (de quem viro cada vez mais fã) conquista todas as gerações com seu olhar sensível da juventude de hoje. Ainda mais quando seu protagonista toca "Something", dos Beatles... é de encher os olhos de lágrimas...

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Este é um filme da Laís Bodansky, a mesma que dirigiu "Bicho de 7 Cabeças" e também "Chega de Saudade". Eu gostei muito de todos os filmes dela, até o primeiro curta dela ("Cartão Vermelho"), que tive a oportunidade de assistir na TV Cultura uma vez.

Admiro a forma de tratar e retratar os adolescentes nesse filme. Os personagens adultos são meros coadjuvantes. A trilha também gostei pacas. E obviamente, gostei das cenas de colégio - aquela confusão, muitos com celulares, máquinas fotográficas digitais e outros apetrechos eletrônicos que fazem parte do dia a dia dos jovens de hoje.

Preciso fazer esse adendo: não gosto do Paulo Vilhena como ator, muito menos como galã. Mas admito que ele funciona nos papeis em que trabalha com a Laís Bodansky. Nesse "As Melhores Coisas do Mundo" ele vive um professor de música e atua de forma competente. Já o Caio Blat, como um dos professores da escola, não achei tão legal assim. A Denise Fraga tá legal também. Mas todos são superados pelas atuações dos adolescentes.

Destaco por último que, apesar da temática adolescente, é um filme que abrange mais que esse público.


por Oscar R. Júnior

 


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Uma Noite Fora de Série

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Noite Fora de Série, Uma (Date Night, 2010)

Estreia Oficial: 6 de abril de 2010
Estreia no Brasil: 9 de abril de 2010 
IMDb



Tina Fey e Steve Carell são unanimidades quando se fala em séries cômicas de TV atuais. Os dois já provaram que são hilários. Agora, neste "Uma Noite Fora de Série" eles estão juntos e, demonstram mais uma vez, todo seu potencial cômico.

Sim, o filme é absurdo. Mas bem construído. Começa como um filme familiar, e de repente se transforma em uma comédia de ação, com cenas muito bem filmadas diga-se de passagem.

Como já disse, os dois estão muito bem, destaco a cena em que eles fingem ser amigos do Will.I.Am (do Black Eyed Peas) e Steve Carell faz um sotaque francês. Mas acho que a pitada a mais que esse filme tem vem de seus coadjuvante pra lá de especiais. Pra começar com uma aparição relâmpago do sempre competente Mark Ruffalo. Mas é Mark Wahlberg (sempre sem camisa) e James Franco quem roubam a cena. Os dois estão impagáveis!

Bom, pode até não ser fora de série, como diz o título nacional, mas, certamente, garantirá boas risadas.


por Melissa Lipinski
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Tina Fey e Steve Carell, ótimos atores de comédia. Famosos por suas atuações em séries de TV ("30 Rock" e "The Office", respectivamente). Agora juntos. Eu curti.

O roteiro é bem construído. Obviamente está repleto de coisas absurdas mas que são bem colocadas no decorrer do filme. E, para complementar as participações são ótimas. Mark Wahlberg está excelente no seu look "Bom Vivant". James Franco e Mark Rufalo também fazem boas aparições.

Por fim, nada muito instigante, apenas um filme para ver e relaxar.


por Oscar R. Júnior


sábado, 18 de setembro de 2010

Os Mercenários

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Mercenários, Os (The Expendables, 2010)

Estreia Oficial: 3 de agosto de 2010
Estreia no Brasil: 13 de agosto de 2010

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Nossa! O que falar desse "Os Mercenários"? O filme, de tão ruim, chega a ser engraçado! Acho que é a melhor definição.

Imagino que muito marmanjo deva ter tido orgasmos de ver ícones dos anos 80, como Sylvester Stallone, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Dolph Lundgren, Jet Li e Mickey Rourke dividindo a tela... Pena que a junção não deu muito certo, e tudo por culpa do próprio Stallone, co-roteirista e diretor do projeto.

Ainda que eu admita que a possibilidade de ver esses 'heróis' em cena era empolgante - afinal, muitos deles marcaram minha infância/adolescência, eu tinha medo da simples reunião bastar, e os produtores não se importarem se o filme realmente possuía um roteiro ou não... E os meus receios revelaram-se a triste realidade. O filme não tem enredo nenhum! Admito que é legal ver os rostos envelhecidos desses ícones - e, no caso de Lundgren e Stallone, com muita plástica. Mas isso não basta para segurar um filme. Logo na primeira sequência já dá pra ter uma ideia do tom que o filme vai assumir, com uma morte tão tosca, mas tão tosca, que chega a ser engraçada!

Ainda que alguns diálogos sejam engraçados - como na cena em que acontece a reunião dos 3 ex-sócios: Stallone, Willis e Schwarzenegger, este último fala que vai deixar o trabalho para o personagem de Sly, pois é ele quem gosta de se embrenhar na selva (numa alusão mais do que óbvia a "Rambo") - a maioria dos diálogos é sofrível e sem graça.

Para piorar, as cenas de ação são editadas de forma frenética, deixando qualquer espectador mais do que tonto, já que nunca se sabe quem está lutando com quem, ou o que realmente está acontecendo na briga em questão. Nessas partes realmente deu saudades dos antigos filmes protagonizados por esses atores.

Daí vocês podem perguntar: "então por que a uma estrela aí de cima"? Respondo: Mickey Rourke. Ele é a única coisa boa do filme. Há uma cena, em especial, que ele quase consegue comover... Quase! Afinal, é impossível com aquelas falas! Mas nessa cena vê-se a diferença entre um bom ator e um bom protagonista de filmes de ação...

Ufa! Quando chegaram os créditos finais... agradeci! Mas tenho que admitir que achei bastante cômica algumas situações... O quê? Não eram para ser engraçadas? Affffffff!


por Melissa Lipinski
 


P.S: Incrível como Dolph Lundgren parece um Homem de Neandertal loiro. Ele mal consegue articular as palavras... acho que de tanta pancada que levou ao longo de sua carreira.
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Mais um filme que fui sem expectativas de ser bom. Sabia que teria só explosões, tiros e mortes. Bem, mas não sabia que os diálogos e situações seriam tão, mas tão, esdrúxulas.

O filme é totalmente centrado no Sylvester Stallone e no Jason Statham. Os dois "coleguinhas" de trabalho que já estão há muito tempo juntos. O Dolph Lundgren parece um neandertal que nem consegue falar direito. O Jet Li só faz macaquices. Prefiro o Terry Crews como pai do Chris (da série "Todo Mundo Odeia o Chis"). Ou seja, todo um elenco de musculosos, vários com milhares de plásticas devido à idade avançada, e juntos no mesmo filme.

A história é bem fraca, mas vou me prestar a citar algumas situações. No "Rambo" é o Stallone contra todo mundo. Nesse são os mercenários, uns 7, contra todo um exército. Atiram em todos e não levam nenhum tiro. Correm para um avião, pra conseguir fugir e conseguem, como se nenhum dos caras do exército tivesse uma arma capaz de derrubar um avião de pequeno porte, como a usada contra um helicóptero em outra cena. O grande chefe do tráfico, a pessoa que lucra com o tráfico também está lá no meio do mato. Atirando e fugindo. Claro, porque não. Ele poderia estar em Nova York ou Washington em um luxuoso escritório curtindo a vida mas prefere estar num país sul americano lidando direto com os fabricantes das drogas.

E para fechar a bagaça. O segurança do "bad guy" é um gigante. E ele luta com o Stallone e dá uma surra nele. Depois disso é outra pessoa que o mata. Um cara que nem sei quem é. Que broxante. Eu esperava uma revanche ao menos. Mas não foi possível.

No mais, eu sobrevivi a este filme mas não recomendo.


por Oscar R. Júnior

 


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Golpista do Ano

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Golpista do Ano, O (I Love You Phillip Morris, 2009)

Estreia Oficial: 10 de fevereiro de 2010
Estreia no Brasil: 4 de junho de 2010

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Pra começar tenho que falar deste título nacional horrível! Pura propaganda enganosa! Depois não querem que o filme vá mal nas bilheterias! Como se sair bem se o título do filme tenta vender uma coisa que ele não é? Chamando o público errado para o cinema? Devo dizer que o público padrão das comédias protagonizadas por Jim Carrey irá odiar este filme. Alguns podem até dizer que é preconceito da minha parte, mas a verdade é que existem diferentes tipos de público, e isso não se pode negar. Porque não chamar o filme de "Eu Te Amo Phillip Morris"? Muito gay? Mas, afinal, sobre o que mesmo se trata esse filme? Dã... Isso é querer enganar o espectador, e achar que um filme como esse não teria público por aqui. Que feio, senhores distribuidores! Afinal, como o próprio filme mostra, a mentira, uma hora ou outra, acaba sendo descoberta.

Mas enfim, vamos ao filme... A questão é que gostei e não gostei dele. Mas me explico melhor.

Primeiro, porque gostei. As atuações são, sem dúvida, o ponto alto do filme. Gosto muito de Jim Carrey, seja fazendo comédias escrachadas. seja fazendo dramas, como "O Show de Truman", "O Mundo de Andy", ou "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" (um de meus filmes favoritos). Acho-o um ator muito competente. E aqui não é diferente. Ele empresta muito dinamismo ao protagonista, Steven Russell, seja em cenas mais engraçadas (como naquela em que é revelada a sua homossexualidade), assim como em cenas mais tocantes. Ele transforma o personagem em uma pessoa com o pensamento rápido, que se acha mais esperta que o restante do mundo, e nós, espectadores, nos convencemos disso. Gosto muito também de Ewan McGregor. E aqui, ele é quem rouba a cena, com seu Phillip Morris, sensível na medida certa, sem se tornar caricato. Ele está comovente.

Mas, a verdade é que o roteiro tende a tratar do relacionamento entre os dois personagens de maneira um pouco caricata, tendenciosa, que beira (perigosamente) o preconceito. E aí, o filme patina. O humor um pouco forçado demais acaba prejudicando os momentos mais sensíveis do longa, e, algumas vezes, tende a colocar os protagonistas em descrédito frente ao espectador. O que é uma pena!

Eu diria que o filme tem um quê de "Prenda-Me Se For Capaz", com seu anti-herói desafiando a lei, dando golpes para enriquecer e levar uma vida mais 'fácil'. Ainda mais se tratando de uma história que jura ser real - como afirmam os créditos iniciais do filme. E aí fica a minha maior reclamação: se a história é real, e Russell foi pego no final das contas, porque Hollywood tem essa mania de querer passar a impressão que no final tudo deu certo? É a eterna sensação do "E viveram felizes para sempre". Enganador!


por Melissa Lipinski
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Jim Carrey já me impressionou várias vezes. A melhor performance dele, na minha opinião, foi em "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças". Incrível.

E o elenco de "O Golpista do Ano" está muito bem. Além de Carrey, Ewan McGregor e Rodrigo Santoro estão com ótimos personagens e atuações.

A história em si é boa mas o filme se perde em alguns pontos. Como não explorar direito as fugas de Steven Russell (Jim Carrey), como ele consegue fugir da cadeia e como o não entendimento de algumas façanhas dele como falso advogado.

E por último, a trilha. A trilha principal do filme é chata, muito chata. Na primeira vez até que vai, mas todas as outras vezes ela nos tira do filme. Pelo menos me tirou.

Já ia me esquecendo, mas preciso falar disso. Como assim "O Golpista do Ano"? O nome original do filme é "I Love You Phillip Morris", que numa óbvia tradução se transformava em "Eu Te Amo Phililp Morris". Mas como estamos no Brasil fazem isso. Acho que só não foi pior que no México, que segundo o
IMdB o nome do filme ficou como "Una Pareja Dispareja", essa foi pior! Já escrevi um texto sobre traduções de títulos de filmes. Caso queira conferir clique aqui.


por Oscar R. Júnior

 


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Karatê Kid


ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Karatê Kid (The Karate Kid, 2010)

Estreia Oficial: 11 de junho de 2010
Estreia no Brasil: 27 de agosto de 2010
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Bom... "Karatê Kid" (o original, de 1984) marcou a minha infância... Assistia a toda hora nas (agora) longínquas "Sessões da Tarde"... E como eu gostava da trama que envolvia o Sr. Miyagi e Daniel Sun... Confesso que depois de adulta, não revi o filme uma vez sequer... Mas a lembrança é boa. E foi por isso que tive tamanha relutância em assistir a essa nova versão... Será que as minhas doces lembranças seriam maculadas?

Mas enfim, tomamos coragem e fomos assisti-lo. E, para minha grata surpresa, o filme funciona. Claro que o nome dado a essa nova versão só serve como homenagem, pois de Karatê esse novo filme não traz nada... Fico me perguntando porque não chamá-lo de "Kung Fu Kid"? Será que o público não iria fazer a correlação lógica com o filme de 1984? Acho meio sem sentido chamar de "Karatê Kid" um filme que se passa na China e tem o Kung Fu como seu tema principal... Mas enfim... quem entende Hollywood?

Mas vamos ao filme. Ele funciona sim! Claro que o roteiro é praticamente igual ao de seu filme original, a mesma estrutura, as mesmas situações, os mesmos personagens - só mudando nomes, locais em que se passa a trama e a faixa etária dos protagonistas. Tudo está lá... O fato de Daniel... ops! Dre (Jaden Smith) morar apenas com a mãe, mudar-se para uma nova cidade (no caso, um novo país, a China), envolver-se em brigas com os valentões do colégio, se interessar por uma menina, apanhar dos valentões do colégio, querer aprender a arte marcial em questão (como a própria mãe de Dre diz no filme: "Karatê, Kung Fu, tanto faz!"), ser ensinado pelo zelador do prédio, que se revela um mestre da arte marcial, os treinamentos nem um pouco convencionais, o torneio... Enfim, tudo igual! Até a famosa frase do Sr. Miyagi (agora Sr. Han), em que "não existem maus alunos, e sim, maus professores" está lá...

Falei que o filme funciona... pena que pare por aí... Pois apenas funciona, enquanto poderia ser uma versão aprimorada da obra original. Tem pontos positivos, dos quais eu chamaria a atenção para as atuações. Jaden Smith (como já provara em "À Procura da Felicidade") tem bastante carisma (algo que deve ter puxado de seu pai, Will Smith), e funciona bem, particularmente nas cenas em que está aprendendo Kung Fu. Mas é Jackie Chan quem domina o filme. Longe de exibir o bom humor habitual, ele aparece com o aspecto cansado, e convence! Não só nas cenas em que tem que mostrar sua já conhecida destreza nas artes marciais, mas surpreendentemente, numa cena dramática, onde é revelado um acontecimento do seu passado. Confesso que me surpreendeu.

Outro ponto a se destacar são as brigas do começo, onde o protagonista apanha (e como!), muito bem coreografadas, com especial destaque à briga onde o Sr. Han intervém e faz com que os adversários sejam nocauteados pelos seus próprios golpes. Acho que é a única sequencia de luta em que o diretor Harald Zwart acerta, já que nas demais a câmera nervosa e os milhões de cortes por segundo fazem com que não consigamos acompanhar as lutas com clareza. Diferente da cena em que citei, elegantemente coreografada e decupada.Porém, essa nova versão de "Karate Kid" mostra-se demasiadamente piegas em suas situações e diálogos, o que acaba por comprometer o resultado final. Mas talvez o pior tropeço seja a brutalidade dos confrontos finais - no torneio. Afinal de contas são crianças brigando (em torno dos 12 anos de idade). Mas o que se vê são golpes tão duros e violentos que deixariam qualquer adulto bombado quebrado no chão. E o que o diretor pensava que iria tornar as lutas mais chocantes acabam por fazê-las irreais, já que em momento nenhum consegui imaginar crianças como aquelas deferindo golpes de tamanha magnitude e crueldade...

Sem contar que a bela trilha sonora do original é substituída pela chatíssima canção interpretada pelo igualmente chatíssimo e medíocre Justin Bieber... um tormento para os ouvidos.

Vale, enfim, ver o filme pela ótima interação entre os protagonistas, pelo carisma de Jaden Smith, e, principalmente, por Jackie Chan... Até que não foi uma decepção tão grande como pensei que seria....


por Melissa Lipinski
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Admito que não estava muito afim de assistir a esse filme. Uma regravação, e agora não é mais karatê, e sim Kung-Fu e o nome continua o mesmo? Como assim?

Mas assistimos ao filme.

A base da história é a mesma. Garoto que se envolve numa briga, o mestre que o treina, a competição para "lavar" a honra. Mesmo assim a história é cativante. Jakie Chan e Jaden Smith surpreendem em seus personagens. As cenas do treinamento e das lutas são bem coreografadas.

Em resumo: Apesar de ver adolescentes em brigas feitas até vale a pena assistir a esse filme. O que eles erraram feio foi manter esse nome. Não tem nada a ver!

Até.



por Oscar R. Júnior



domingo, 12 de setembro de 2010

Almas à Venda

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Almas à Venda (Cold Souls, 2009) 

Estreia Oficial: 7 de agosto de 2009 
Estreia no Brasil: 9 de julho de 2010
IMDb



Assistindo a esse "Almas à Venda", não sabia exatamente o que pensar... Depois do filme terminar, refletindo um pouco sobre ele, algumas impressões que tive ao longo da projeção mudaram um pouco... mas não totalmente. O longa não é um desastre total... mas também está longe de ser um ótimo filme.

Claramente inspirada em diretores que ascenderam do circuito independente, como no non-sense de Charlie Kaufman e Michel Gondry e no pessimismo de Sofia Coppola, a roteirista e diretora Sophie Barthes derrapa no roteiro e na direção de seu longa de estreia.

Mesmo com um começo promissor e intrigante, onde vemos Paul Giamatti (interpretando uma versão melancólica de si mesmo) esforçando-se para dar a complexidade e emoção necessária ao clássico de Tchékhov, Tio Vânia, num ensaio de uma peça de teatro, o filme descamba para uma trama sem pé nem cabeça sobre tráfico de almas, comandado por uma máfia russa - é um tal de tirar a alma... colocar a alma de outra pessoa... tirar a alma de novo... Uma confusão!

Sim, essa mesma premissa e elenco poderiam ter rendido um ótimo filme... Fico imaginando-a nas mãos de Kaufman ou Gondry... ou até mesmo de Paul-Thomas Anderson... Mas nas mãos de Barthes, não conseguiu decolar e acabou virando uma discussão pseudo-intelectualóide sobre a existência e a complexidade da alma do ser humano, onde a metalinguagem do início dá lugar a um drama que tenta se levar a sério demais, mesmo com uma premissa com bases fantásticas...

Paul Giamatti (que eu adoro!) até faz um bom trabalho, mas os diálogos e situações não cooperam com o ator. O restante do elenco também cumpre bem a sua função.

Enfim, a história acabou se tornando maior que a própria autora, que não conseguiu controlá-la... Sobrou um filme sem sentindo, tentando ser mais do que realmente é...

Acho que vou rever "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", "Quero Ser John Malkovich" e "Magnólia"....

Ganho mais...


por Melissa Lipinski
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Como é um filme com o Paul Giamatti, decidimos assisti-lo. A premissa é interessante, de poder trocar de alma... Interessante. E só.

O roteiro só é interessante até a metade do filme. Daí em diante fica repetitivo e chato.

Com certeza, se tivesse sido dirigido pelo Michel Gondry (que dirigiu "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças") seria outra coisa. Mas não foi.

Por hora é isso.


por Oscar R. Júnior


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tiras em Apuros

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Tiras em Apuros (Cop Out, 2010)

Estreia Oficial: 26 de fevereiro de 2010
Estreia no Brasil: lançado diretamente em DVD

IMDb



É... parece que Kevin Smith não é mais o mesmo... Depois de um começo promissor nos anos 90, com boas comédias como “O Balconista” (1994), “Barrados no Shopping” (1995), “Procura-se Amy” (1997) e “Dogma” (1999); os anos 2000 não foram dos mais inspirados para o roteirista/diretor, com bobagens como “O Império do Besteirol Contra-Ataca” (2001), “Menina dos Olhos” (2004) e “O Balconista 2” (2006); e apenas um filme mais engraçado “Pagando Bem, Que Mal Tem?” (2008), que mesmo assim, não é nenhuma obra-prima... E, de novo, Kevin Smith escorregou feio, pois este “Tiras em Apuros” é de uma falta de inspiração constrangedora...

Porém, quando o filme começa, não dá essa impressão, pois a primeira sequência do longa é engraçadíssima... pena que parou por aí. Nessa cena, os dois protagonistas – Jimmy (Bruce Willis) e Paul (Tracy Morgan) estão interrogando um suspeito, e Paul começa a dramatizar cenas de filmes famosos, enquanto Jimmy vai dizendo (para que o espectador não se sinta perdido) de quais filmes se tratam... É engraçada.

Mas o que se vê em seguida, é uma sucessão de clichês de filmes policiais, seguindo a fórmula tão bem estipulada por clássicos como “Máquina Mortífera”: A dupla é suspensa por ter pisado na bola em um caso, mas mesmo assim, continuam suas investigações, salvam uma importante testemunha, e se envolvem em vários tumultos ao longo do caminho.

Quanto aos atores, não podem fazer muito para salvar o filme. Bruce Willis interpreta o tipo policial que o fez famoso. E Tracy Morgan até parece engraçado (como a parte cômica da dupla) até a metade do filme, porém suas piadas e gags visuais começam a se repetir de forma que se torna cansativo e perde a graça.

No fim, é só mais um desses filmes policiais de sessão da tarde. Até dá pra assistir, comendo uma pipoca, em casa, se não há nada pra fazer... Mas eu, particularmente, preferiria rever “Máquina Mortífera”... era mais engraçado, pelo menos... e com mais ação.


por Melissa Lipinski
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Ok, vamos ao pastelão.

O filme tem uma cena inicial boa. Várias referências a filmes a torna bem engraçada. Mas fica por aí. O resto do filme é muito, mas muito, forçado mesmo.

Já começa pelo elenco: O Tracy Morgan está muito parecido com todos os outros personagens que interpreta. Superficial e engraçado no começo, repetitivo o resto do filme inteiro. Bruce Willis que, assim como faz uns filmes bons, também faz umas porcarias como esta.

Fraco, é isso o que tenho a dizer.


por Oscar R. Júnior




quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Livro de Eli

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Livro de Eli, O (The Book of Eli, 2010)

Estreia Oficial: 11 de janeiro de 2010
Estreia no Brasil: 19 de março de 2010
IMDb



“O Livro de Eli” tenta ser, sem sucesso, o “Mad Max” dos anos 2000...

Porém, ao contrário do longa dos anos 80, este filme baseia-se em premissas erradas e sem fundamentos. Aliás, o filme é uma sucessão de escolhas erradas... que começam no roteiro. Não que ele seja de todo ruim, mas, no geral, o resultado é fraco.

Pra começar, o roteiro. Como em “A Estrada”, a história se passa em um futuro pós-apocalíptico, sem que precise explicar exatamente o que aconteceu para o mundo ficar da maneira como o vemos (o que é um ponto positivo). Assim, Eli (Denzel Washington) vaga pelas estradas desoladas rumo ao Oeste, levando o tal livro do título, que logo se descobre ser a última Bíblia da face da Terra. Eli também é um exímio lutador, que luta pela sua sobrevivência em um mundo onde muitos tornaram-se canibais (de novo como em “A Estrada”). A peculiaridade é que esses canibais apresentam um tremor nas mãos (what?!?). Assim, seguindo sua jornada, Eli pára em uma cidadezinha (claramente inspirada em filmes de western), onde conhece o vilão - Carnegie (Gary Oldman), um homem que acredita que precisa da tal Bíblia para tornar-se o 'todo poderoso' do mundo, visto que, com ela, terá uma porção de seguidores (what?!?). Ah sim! Eli conhece a mocinha, escrava de Carnegie, Solara (Mila Kunis), que o seguirá em sua jornada ao Oeste. Entretanto ambos enfrentarão o ‘terrível’ Carnegie e sua ira antes de isso acontecer (!!). Ah claro, não mencionei que o protagonista faz tudo isso pois foi orientado por uma misteriosa voz que falou o que ele deveria fazer (de novo, what?!?).

Ai, ai. Juntando western com cristianismo barato, a história se baseia em conceitos perigosos, já que leva a crer que, sem religião - ou melhor, sem a religião cristã - o mundo tornar-se-ia um local extremamente violento... O caos completo, e só a Bíblia poderia trazer a paz e a tranquilidade (??) novamente à espécie humana.

O filme também retrata os personagens de maneira bastante rasa, o que é uma pena, pois acredito que personagens mais bem construídos poderiam ter elevado a qualidade do filme. O vilão Carnegie, por exemplo: por mais que Gary Oldman tenha uma atuação correta, não pode fazer muito, já que o roteiro não ajuda. Quando o conhecemos, temos a impressão de estarmos vendo um personagem interessante, já que, sendo um dos últimos homens letrados do planeta, o vemos lendo uma biografia de Mussolini, para logo em seguida, o vermos queimando vários livros. Porém, a complexidade do personagem pára por aí, pois a partir disso, o que o move é apenas a busca incansável pela Bíblia, realizando várias maldades pelo caminho, é claro... Ou seja, um bom personagem em potencial jogado no lixo...

Encabeçando o elenco, Denzel Washington, que sempre é competente, também nada pode fazer por seu protagonista. A única coisa que posso dizer é que as lutas que ele protagoniza são bastante elegantes e gráficas, mas não é um crédito que se possa dar apenas ao ator. Há também Mila Kunis, como a mocinha, que, de maneira oposta a Washington e Oldman, mostra grande inexpressividade na tela.

Chama a atenção o figurino das personagens femininas, pois, por mais caótico que o mundo possa estar, elas parecem estar sempre vestindo roupas ‘da moda’, principalmente a personagem de Kunis. Aqui abro um parênteses apenas para citar uma curiosidade: a atriz que interpreta a mãe de Mila Kunis - ambas escravas do vilão - é Jennifer Beals, imortalizada pelo seu único papel de destaque: a protagonista de “Flashdance”.

Mas enfim, pra não dizer que tudo é ruim, gostei bastante da estética do filme, com suas cores monocromáticas e sua estética dessaturada, puxando tudo para o sépia. Outro ponto positivo é a coreografia das lutas, como já falei, elegantes, sem precisar apelar para uma edição frenética.

Para coroar, como todo ‘bom cinemão’ estadunidense, o filme tem um final que explica tudo nos mínimos detalhes, como dizendo para os espectadores: “viu, é isso que o filme tinha para dizer, estamos mostrando, não precisam parar e pensar, já estamos fazendo isso por vocês”. Lamentável.


por Melissa Lipinski
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Ok, mais um filme de mundo catastrófico (o outro é "A Estrada").

Nesse aqui, temos o viajante solitário Eli (Denzel Washington) que carrega e proteje um livro. Para proteje-lo ele mata vários que tentam roubá-lo.

Já no inicio do filme ele luta com uns 6 que tentam roubá-lo. Ok, como está no início do filme até aceitamos que ele consiga vencer sem se machucar. O problema é que logo depois ele entra em uma briga num "bar" cheio de pessoas armadas. Eli luta somente com uma machete (espécie de facão) e mesmo assim derrota uns 15. Daí já abusaram da minha boa vontade como expectador. Mas vamos lá né, continuar o filme.

O que supera tudo é quando ele enfrenta todo um grande grupo de pessoas atirando contra ele e ele revidando do meio da rua, sem se abrigar atrás de nada. Só faltava abrir a camisa, bater no peito e metralhar tudo (como uma cena de "Trovão Tropical"). Dai caiu com tudo.

Para piorar o que ele tanto projete é uma Bíblia. E que Carnegie (Gary Oldman) tanto quer porque com ela, ele pode dominar o mundo. WTF? Como assim? Ele vai cirar uma seita num mundo pós apocaliptico? Sem noção.

Em resumo, os atores são bons, muito bons por sinal. A história é regular mas o roteiro é definitivamente fraco.


por Oscar R. Júnior


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Wall Street - Poder e Cobiça

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Wall Street - Poder e Cobiça (Wall Street, 1987)

Estreia Oficial: 11 de dezembro de 1987
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“Wall Street” foi o primeiro filme de Oliver Stone depois que ele ganhou o Oscar (de melhor filme e direção) por “Platoon”, e o diretor e roteirista não decepciona. O filme é um bom retrato da bolsa de valores de Nova York e de empresários inescrupulosos nos anos 80.

O roteiro, escrito por Stone e Stanley Weiser, é bem escrito e, junto com a edição, confere um bom ritmo à narrativa. A direção segura de Oliver Stone faz com que a história seja contada de maneira a deixar o espectador sempre atento à trama, que não é complicada, mas precisa de um pouco de atenção para que não se perca no emaranhado de artimanhas e golpes feitos pelos protagonistas.

Quanto aos atores, são a alma do filme. Principalmente Michael Douglas, que está impecável. Não foi à toa que o ator levou o Oscar. Seu Gordon Gekko é perversamente manipulador e calculista, um capitalista no pior sentido da palavra. Charlie Sheen também está muito bem e segura as pontas contracenando com Douglas. Há também Martin Sheen (pai de Charlie no filme e na vida real) e Terence Stamp em boas participações. O elo fraco nas atuações fica por conta de Daryl Hannah, que não está à altura dos demais, mas não compromete o resultado final do filme.

Enfim, um bom esboço do mercado financeiro estadunidense da década de 80, época em que as informações eram passadas via telefone e papéis, e as ações compradas na base do grito, ainda sem o advento da internet. Às vezes é bom relembrar...

Fico na espera de “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme”, a continuação também dirigida por Oliver Stone. Mal vejo a hora de rever Gordon Gekko para conferir se ele continua com os mesmos princípios, já que segundo ele: “A ganância é boa” (greed is good)... Será que, ainda hoje, tudo é movido pelo dinheiro? Acho que o mundo não mudou tanto assim afinal de contas...


por Melissa Lipinski
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Dificil falar sobre esse filme, mas vamos tentar.

No início do filme ficamos perdidos com o linguajar da bolsa de valores, e vamos nos acostumando (ou deixando pra lá) com o passar do filme.

A história é bem construída e interpretada. Conseguimos perceber bem a cobiça do Bud Fox (Charlie Sheen) e toda a perspicácia do Gordon Gekko (Michal Douglas).

A trilha está bem colocada, assim como a montagem, bem situada.

Como o filme foi feito e se passa na década de 1980, é interessante olhar a tecnologia de ponta (da época) que tem no filme, como alguns utensílios de cozinha e os aparelhos de celular deles, que são gigantes.

Recomendo a todos, e recomendo antes de assistir a continuação: "Wall Street - O dinheiro Nunca Dorme".


por Oscar R. Júnior



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

400 Contra 1, Uma História do Crime Organizado

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

400 Contra 1, Uma História do Crime Organizado (2010)

Estreia Oficial | no Brasil: 6 de agosto de 2010

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"400 Contra 1" é um filme que tentou ser um novo "Cidade de Deus", porém sem sucesso.

A montagem não-linear, a temática sobre violência, os anti-heróis e até a trilha sonora com músicas do hip hop nacional... Tudo se aproxima do longa de Fernando Meirelles... Porém, "400 Contra 1", primeiro longa de Caco Souza, é superficial e simplista demais, e ainda trafega em um perigoso caminho de popularizar e banalizar a violência.

Não sou falsa moralista ou coisa do gênero... Não acho que um filme tem que ter mensagens positivas... Gosto de anti-heróis e filmes onde o bandido é o protagonista... Mas, para isso, o roteiro tem que ser bem construído, e tomar o cuidado de não misturar violência ou banditismo com discurso sócio-político. E aqui, isso acontece.

Mais do que mostrar criticamente o que levou à formação do Comando Vermelho, o longa parece aplaudir esse tipo de comportamento e apoiar as medidas dos protagonistas. Um simples exemplo disso é o figurino desses personagens... Quando estão fora da cadeia, planejando ou cometendo o assalto que ocupa parte da trama, os "heróis" vestem-se com roupas estilosas, ternos com bom cortes e óculos escuros, glamourizando o crime. Bom, como já disse, eu não veria problema nisso, se o longa se omitisse por completo de críticas sociais, sendo apenas para a diversão; ou se fosse justamente o contrário e usasse isso como crítica. Porém, o que ocorre aqui, é a inversão de valores, o que é muito perigoso, já que estamos diante de um roteiro fraco e que não se sustenta.

Prova dessa falta de força do roteiro está no uso da narração em off que guia o filme. Parece que ela está ali justamente porque sem ela, ninguém conseguiria entender a história, já que várias lacunas são deixadas. O uso da montagem não linear também está presente apenas para dar um ar 'moderno' à produção, já que não beneficia em nada a trama, até faz o contrário - atrapalha-a, deixando o espectador confuso sobre quem é quem na história, já que esta não se digna a apresentar-nos e a construir bem os personagens. Confesso que só fui identificar claramente quem era quem no vai-e-vem da história lá pelo seu terço final.

Outra coisa que atrapalha e não faz sentido, são os letreiros que indicam as datas. Toda vez em que eles aparecem, há uma sucessão de cenas aleatórias com música tocando, como se avisasse: "olha, agora estamos voltando para o ano 1971"... "agora, estamos de vota a 1980"... Chega uma hora que você pensa: "tá, já entendi o recado!" É cansativo! E tudo isso porque o ritmo do filme (mesmo com a montagem não-linear) é bem ruim.

Quanto às atuações, Daniel de Oliveira e Daniela Escobar fazem um trabalho correto, sem nada de espetacular. Porém, a maioria das atuações deixa muito a desejar, o que enfraquece ainda mais o que já era fraco.

Enfim, sobre essa temática, vale muito mais a pena conferir "Quase Dois Irmãos", filme bem mais contundente, e que conta com belíssimas atuações.


por Melissa Lipinski
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De início o gráfico e a trilha de abertura são convidativas a um filme de ação, com alguns bons atores. Mas, o que se assiste a partir daí é bem diferente.

A atuação do Daniel de Oliveira, Daniela Escobar, Fabricio Boliveira e Lui Mendes está convincente. A do resto é fraca no geral. Mas isso até passa, porque outras coisas incomodaram mais.

A história do filme é fraca. O roteiro é mal construído. Para tentar amenizar, foi usado a montagem fora da ordem cronológica. Mas isso não contribui com o filme, só faz com que o espectador fique perdido o filme todo.

Junte a isso vários momentos de transição - sobe a trilha e mostra cenas gerais - são umas 8 vezes isso. Recurso que também tenta disfarçar a falta de ritmo do filme.

Por fim, não consegui ver, nesse filme, como surgiu o comando vermelho. Nesse fato histórico o filme "Quase Dois Irmãos" é bem melhor.

Por hora é só isso.


por Oscar R. Júnior