sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Il Divo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Il Divo (Il Divo, 2008)

Estreia Oficial: 28 de maio de 2008
Estreia no Brasil: só em festivais por enquanto


Aqui a história contada é sobre a carreira política de Giulio Andreotti, um dos políticos italianos mais conhecidos mundo afora, e que foi sete vezes primeiro-ministro daquele país.

O roteiro é um misto de admiração e horror pelos feitos de Andreotti. Suas articulações políticas, sua ligação com o clero, com grandes empresários, e inclusive com a máfia, e as consequências de suas ações e palavras (como alguns assassinatos) são aqui demonstrados de forma clara e crítica.

Porém não tão clara assim é a aparição de tantos personagens na tela... é muito confuso. É um entra e sai de gente desconhecida, que não se consegue identificar muito bem quem é quem nessa dança de poder e corrupção que o filme aborda.

Junto a isso, uma trilha sonora inusitada - não diria ruim, mas diferente - dá um tom moderno à essa biografia. Não conheço muito bem a história de Andreotti, mas há aqui, visivelmente, muitas licenças poéticas, o que acaba tornando o personagem e sua história muito mais cinematográfica.

A maquiagem (indicada ao Oscar) é muito boa, e transforma o ator Toni Servillo (que também atua em "Gomorra", outro bom filme italiano) em Andreotti, que é quase uma caricatura viva, com sua cara enrugada e suas orelhas de abano. E pesquisando na internet, é incrível a semelhança que conseguiram.

Enfim, vale a pena conferir. Se você entender um pouco mais sobre a história recente da Itália, então, vai gostar ainda mais!


por Melissa Lipinski


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Segredo dos Seus Olhos

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Segredo dos Seus Olhos, O (El Secreto de Sus Ojos, 2009)


Estreia Oficial: 13 de agosto de 2009

Estreia no Brasil: 26 de fevereiro de 2010

IMDb



Sou fã de Juan José Campanella e Ricardo Darín desde que assisti a "O Mesmo Amor, a Mesma Chuva", de 2001, que, se não me engano, é a primeira parceria entre o diretor e o ator. Depois vieram os excelentes "O Filho da Noiva" (2001) e "Clube da Lua" (2004).

Uma das marcas deste excelente diretor argentino é a sua predileção por histórias simples. E aqui não poderia ser diferente. Este "O Segredo dos Seus Olhos" é um thriller policial que conta a história de Benjamín Esposito (Darín), um oficial de justiça que, nos anos 70, investigou a morte de uma bela mulher. Mesmo tendo solucionado o seu assassinato e prendido o culpado, a forma como o marido da vítima conseguiu superar a dor da perda nunca deixou de importuná-lo. Até porque ele mesmo tem a sua própria dor com relação ao amor não correspondido de sua chefe, a juíza Irene Hastings (Soledad Villamil). Após 30 anos, já aposentado, o ex-oficial de justiça resolve escrever um livro a respeito do caso, para livrar-se da sua própria angústia, e acaba desencavando os seus "fantasmas" do passado.

Como falei, a predileção do diretor por histórias simples acaba revelando sempre personagens comuns, bastante humanos, que, por essa razão envolvem o público, e fazem com que nos importemos com eles, soframos junto com eles. E aí está a força de seus filmes.

As atuações corroboram para essa ligação entre público e personagens. Além do casal principal, há também a força da interpretação de Javier Godino (como o assassino Isidoro Gómez); os conflitos internos de Pablo Sandoval, feito com maestria por Guillermo Francella, que constrói o parceiro de Esposito como uma figura tridimensional, dramática e engraçada ao mesmo tempo; e a fragilidade do viúvo Ricardo Morales (interpretado por Pablo Rago).

O trabalho de maquiagem é muito bom, e ilustra com perfeição a passagem do tempo para esses personagens. Nunca achamos que estamos diante do ator maquiado, mas acreditamos que o tempo passou para eles, o que nos faz mergulhar ainda mais na história. E que história! Um roteiro muito bem construído, uma direção segura de Campanella (há um plano em especial, que é de tirar o fôlego - quando estão perseguindo o assassino dentro de um estádio de futebol) e uma edição competente ditam o ótimo ritmo que a produção possui, culminando em um final surpreendente.

Outro ponto importantíssimo deste filme, como o seu título mesmo sugere, é a importância do olhar. Aqui, os olhares dizem mais do que mil palavras (com o perdão do trocadilho). E é a pura verdade. Basta ver como o olhar de Morales o entrega quando fala que já superou a morte da esposa e que seguiu a vida - seu olhar mostra justamente o contrário. Ou o olhar do assassino quando está sendo interrogado e que o entrega, e ainda nessa mesma cena, o olhar de atenção da juíza, que desmascara o culpado. Ou ainda, o melhor de todos, o olhar de Ricardo Darín, que a todo momento demonstra o quão apaixonado ele é por sua chefe, ao mesmo tempo que vemos a sua frustração por não ter coragem de declarar esse amor.

Aliás, é por causa de Ricardo Darín que o filme está em outro nível. Ele é um ator soberbo, mas aqui demostra todo o seu talento, como já disse, em apenas um olhar. E como é bom vê-lo atuar!

Enfim... sensacional!

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Só um retrospecto sobre o roteirista e diretor Juan José Campanela. Ele foi muito aclamado pelo filme "O Filho da Noiva" de 2001. Após isso, dirigiu vários episódios de séries estadunidenses como "30 Rock", "Law and Order", "Dr. House", entre outras. No meio tempo continuou dirigindo alguns filmes na Argentina.

Agora indo pro filme. Muito bom…. Roteiro inteligente, atuação de primeira, temática universal, maquiagem de envelhecimento…. Essa não é tão boa para alguns personagem, mas não atrapalha em nada o filme.

Entrei no filme achando se tratar de um filme policial, mas argentino? Continuando vê -se que parece ir para um drama, passando pelo romance. Mas com um final surpreendente, percebemos que o filme é tudo isso junto. Gostei muito.

Recomendo, recomendo, recomendo...


por Oscar R. Júnior


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Lobisomem

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Lobisomem, O (The Wolfman, 2010)

Estreia Oficial: 10 de fevereiro de 2010
Estreia no Brasil: 12 de fevereiro de 2010
IMDb



"O Lobisomem" é uma decepção. Não vou me estender muito pois não gostei do filme. São clichês em cima de clichês.

Um roteiro fraco e mais furado do que um queijo suíço. Um personagem principal (Benicio Del Toro) unidimensional e sem motivações. Um romance forçado e inverossímil. Anthomy Hopkins no 'piloto automático', oferecendo uma das piores atuações de sua carreira. Um desfecho ridículo e decepcionante. Lobisomens que parecem Chewbacas (de "Star Wars")... a lista é longa.

Ok, mas nem tudo é ruim... A fotografia é muito bonita, e em alguns momentos, chega a parecer um preto-e-branco. A direção de arte é boa, com sua caracterização de época. E os efeitos visuais são convincentes, pelo menos na transformação de Del Toro em lobisomem... porém em outros momentos, o CG é percebível e não convence, como nas cenas em que vemos o lobisomem correndo como um lobo.

E Del Toro e Emily Blunt, ótimos atores, nada podem fazer, pois seus personagens são terríveis e caricatos. Além do seu envolvimento que, como já falei, não tem porquê acontecer, eles se apaixonam sem nenhum motivo, não se conhecem e já são apaixonados um pelo outro...

Enfim, perda de tempo!


por Melissa Lipinski
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O filme começa muito bem, escuro e sombrio. A apresentação das personagens é interessante e a primeira aparição do lobisomem foi legal: só se vêem os vultos e sombras do lobisomem nesse início de filme, dando um bom suspense de por onde ele vai atacar a próxima pessoa. A partir do momento que aparece o "rosto" do lobisomem, o filme foi saindo da linha.

Os efeitos usados para a transformação do Benicio del Toro para lobisomem foram interessantes, mas o flerte entre ele e a Emily Blunt foi regado a clichês.

Mas o final foi o que matou tudo. A mocinha quer salvar o amado, e para isto faz extensas pesquisas sobre lobisomens. Sim, ela quer salvá-lo dessa maldição. Quando vai ao seu encontro nos faz pensar que tem alguma coisa em mente. Não tinha. Ela o salva de ser alvejado por uma bala de prata e minutos depois ela mesma o mata. Final nada a ver. E ainda por cima todos deixam o Hugo Weaving vivo, obviamente para se ter uma continuação.

Eu tenho uma sugestão pro final, bem melhor: A Emily Blunt não pesquisa nada, mas vai ao encontro do Benicio del Toro para tentar salvá-lo e o defende do policial. Corre para o mato. Atira no lobisomem. Após isso, quando ele pega o braço dela, ele o arranha, transmitindo a maldição para ela. Ela esconde o machucado quando chegam as outra pessoas, mas ao ver o Hugo Weaving sangrando, atira nele para matá-lo logo antes que se torne lobisomem. Que acham?

O filme? Não recomendo.


por Oscar R. Júnior


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.


Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, O (The Imaginarium of Doctor Parnassus, 2009)

Estreia Oficial: 22 de maio de 2009
Estreia no Brasil: 14 de maio de 2010
IMDb



Terry Gilliam sempre me surpreendeu, tá certo que algumas vezes de forma ruim (como em "Os Irmãos Grimm"). Mas, na maioria dos casos, de uma forma muito boa (caso de "As Aventuras do Barão de Munchausen", "Brazil - O Filme", "O Pescador de Ilusões", "Os 12 Macacos", além dos dois filmes que dirigiu enquanto ainda era um dos Monty Python: "Em Busca do Cálice Sagrado" e "O Sentido da Vida"). Confesso que ainda não vi "Medo e Delírio em Las Vegas"- my mistake!

E aqui, novamente o diretor volta a me surpreender positivamente. Este "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus" é um típico exemplar da filmografia de Terry Gilliam, repleto de imagens incríveis e uma história baseada na imaginação surreal.

As atuações são irrepreensíveis: de Christopher Plummer como o Dr. Parnassus e Tom Waits como Nick (o diabo), a Heath Ledger como Tony, passando é claro pelas suas versões imaginárias, interpretadas por Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell... todos maravilhosos.

O filme tem um bom ritmo, e o roteiro é interessante... mas é a direção de arte que se destaca. Todos os detalhes foram minimamente pensados e todos estão no lugar certo. A Londres real onde se passa a história, retratada com tons de cinza, mostrada sempre suja, úmida e escura, contrasta com o mundo imaginário multi-colorido, com ambiente e figurinos brilhantes e bastante criativos.

Claro que muitos lembrarão deste filme como o último protagonizado por Heath Ledger (aliás a solução encontrada para substitui-lo nas cenas imaginárias saiu-se bem melhor que a encomenda... pois ficou bem mais interessante do que se o próprio ator tivesse realizado tais sequências). Mas esse título não é justo, pois "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus" é muito, mas muito mais do que isso. É um filme inteligente e complexo, tenso e divertido... enfim, não poderia ter sido concebido por outra pessoa... é realmente 'o mundo imaginário de Terry Gilliam'.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Descobri que adoro os filmes do Terry Gillian. Desde obviamente os do Monty Pynton e passando pelos atuais.

O que gosto mesmo nos filmes dele é que mesmo sendo bem pirado, o filme segue uma história. Com uma super direção de arte, um excelente elenco e um roteiro maravilhoso.

Só tenho elogios. Mesmo sabendo que a troca de atores para o personagem principal se deve a morte do Heath Ledger, essa troca com Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell funciona muito bem. Além de contar no elenco com o Chistopher Plummer.

Fico por aqui. Não quero estragar nenhuma das boas surpresas do filme.

Recomendo….


por Oscar R. Júnior


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coco Antes de Chanel

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel, 2009)

Estreia Oficial: 22 de abril de 2009
Estreia no Brasil: 30 de outubro de 2009
IMDb



Quem é que nunca ouviu falar de Coco Chanel? A primeira mulher a se destacar no mundo da moda, em meio à preconceituosa aristocracia francesa, criando chapéus e roupas com cortes masculinos, onde prezava o conforto da mulher em oposição aos apertados espartilhos que regiam a moda feminina, e que conseguiu montar um império da moda que sobrevive até hoje. Ou a criadora do famosíssimo 'pretinho básico'. Ou, simplesmente, a responsável por um dos perfumes mais famosos do mundo: o Chanel no. 5.

Enfim... todo mundo já ouviu alguma coisa sobre Coco Chanel.

E tudo o que falei aí em cima aparece nesse "Coco Antes de Chanel", que como o nome já diz, quer mostrar como a órfã Gabrielle chegou ao status de estrela de primeira grandeza da moda mundial. Vemos a sua infância, e como ela se sustentava, junto à irmã, remendando roupas durante o dia e cantando em um cabaré durante a noite. E como conseguiu mudar a sua vida, contando principalmente com a ajuda de dois homens, mas principalmente, devido ao seu comportamento atrevido e sua personalidade forte.

Pena que o filme pare por aí... E lendo-se um pouco mais sobre a estilista, sabe-se que sua vida foi muito mais interessante e controversa do que isso. Repleta de casos amorosos com homens influentes no cenário sócio-político da Europa... conseguindo prestígio e estabelecenco-se profissionalmente graças a favores... há até rumores (muitos comprovados) da sua colaboração com o nazismo... Mas enfim, a diretora e roteirista Anne Fontaine decidiu ignorar todo esse viés histórico e 'lapidar' a história de Coco, transformando-a em uma personagem chata e desinteressante.

E é justamente isso que Coco é no filme. Nem o carisma da 'eterna Amèlie', Audrey Tautou, consegue tirá-la do aborrecimento. Junto a isso, uma decupagem aborrecida e sem imaginação, nos dá uma narrativa totalmente sem ritmo e sonolenta.

Um dos poucos pontos positivos da produção é a sua direção de arte e o figurino, maravilhosos. Interessante também é ver como a futura estilista vai apossando-se de peças dos trajes masculinos de seu anfitrião ou de seu amante e transformando-as nas roupas que a fizeram tão famosa.

Ainda bem que a personagem aqui era bem mais interessante do que a história que Fontaine resolveu contar, pois ainda assim conseguiu gerar bons momentos - pena que esses são em menor quantidade do que o esperado.


por Melissa Lipinski
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Não sei muito o que falar desse filme. Não conheço muito da história dessa mulher então não sei se o filme faz jus a sua vida, hehe, mas vamos lá.

Achei o filme meio arrastado. A personagem principal Gabrielle "Coco" Chanel (Audrey Tautou) é meio apática. Na minha opinião faltaram cenas dela pensando e criando, achei que foi mal aproveitado esse tipo de cena, tendo duas ou três e bem rápidas.

Já perto do final do filme achei muito rápida a transição do estilo de maquiagem dela. De não usar maquiagem nem acessórios para um o estilo maquiagem contida dela. Foi como de uma hora pra outra Chanel resolvesse se maquiar e usar brincos. Foi o que achei.

Quanto a atuação, é excelente. A Audrey Tautou é muito boa e competente. É isso.


por Oscar R. Júnior


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Segredo de Kells

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Segredo de Kells, O (The Secret of Kells, 2009)

Estreia Oficial: 11 de fevereiro de 2009
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



Não sei muito bem o que escrever desta animação... A primeira coisa que pensei foi: realmente não entendo nada da cultura celta... pois a animação me deixou tão entretida que queria saber mais sobre aqueles símbolos que durante toda a narrativa nos saltam aos olhos. Ou seja, não sei se entendi muito bem o que esse filme quis dizer...

Fica claro que a linguagem é mais voltada para o público infantil, já que o visual é a sua característica principal - formas e cores diversas aparecem por toda a parte.

A animação é simples, no 2D tradicional. Mas seus efeitos sonoros e suas cores conseguem fazer com que viajemos na história.

O básico do básico da história é que mistura a mitologia celta com o cristianismo. Os celtas são simbolizados pelo tal livro de Kells, é claro, mas também pela menina-lobo Aisling, que representa o feminino (já que é a única personagem mulher da história) e sua ligação com a natureza. Já o cristianismo vem principalmente na forma do Abade, tio do protagonista Brendan, com toda a sua censura e desprezo pelos costumes alheios.

Depois de uma rápida pesquisa na internet, descobri que o Livro de Kells não é ficção, ele realmente existe. Foi escrito por monges celtas no ano 800 d.C., e trata-se de um manuscrito ilustrado que é considerado um dos vestígios mais importantes da arte religiosa medieval, sendo também a principal peça do cristianismo irlandês. Hoje, ele está exposto em Dublin, capital da Irlanda.

Enfim, foi uma boa surpresa... ainda mais por saber que há animadores brasileiros envolvidos no projeto.


por Melissa Lipinski
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Quando começou o filme fiquei impressionado com a técnica utilizada. Mesmo sendo Animação 2D, a profundidade dada pelo claro e escuro é muito legal. Gosto muito dessa estética. As nuvens e fumaças foram os objetos que mais gostei.

Sobre a história do filme fui acompanhando na expectativa do que vinha pela frente. A história do livro sendo escrito, passando de pessoa a pessoa e a intenção de mostrá-lo ao mundo para que vejam como era a cidade de Kells. Muito interessante.

O filme é baseado no livro de mesmo nome. Creio que a história se apóia em ensinamentos populares ou folclore celta, mas que para nós que vivemos em uma cultura totalmente diferente o filme não se firma. Imagino que ele teria de ser bem diferente para ter sentido em outras culturas.

Achei sinceramente que o garoto ia desenhar ou escrever algo importante no livro, fazendo "a página mais bonita" do livro e com isso ia salvar seu povo dos invasores ou que após o livro pronto ia mudar algo. Sei lá. Fiquei frustrado.


por Oscar R. Júnior


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Fantástico Sr. Raposo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Fantástico Sr. Raposo, O (Fantastic Mr. Fox, 2009)

Estreia Oficial: 23 de outubro de 2009
Estreia no Brasil: 4 de dezembro de 2009
IMDb



Wes Anderson é um autor de fábulas. Seus filmes são sempre sobre histórias fantásticas e com personagens bizarros. E aqui, neste "O Fantástico Sr. Raposo", ele parece ter encontrado o meio mais acertado de fazer isso: a animação.

Anderson e o roteirista (e também diretor) Noah Baumbach (do ótimo "A Lula e a Baleia"), adaptaram a fábula "Raposas e Fazendeiros" de Roald Dahl, transformando-a em uma animação para adultos. Aqui, o Sr. Raposo do título (voz de George Clooney) não tenta apenas proteger a sua família da perseguição dos fazendeiros, mas principalmente, busca a volta aos seus instintos animais - pois apesar do antropomorfismo (os animais andam em duas patas, falam e se vestem como humanos), os animais aqui presentes são, afinal de contas, animais.

Além de uma crítica ao modo de vida familiar ao que o Sr. Raposo passou a ter depois de anos de aventuras roubando galinhas, o filme também trata da relação entre pais e filhos, e da busca dos adolescentes por auto-afirmação. A Sra. Raposo (dublada por Meryl Streep) quer continuar mantendo a sua vida pacata e segura, com o marido como colunista de um jornal; enquanto seu filho (Jason Schwartzman) é um adolescente em crise, ainda mais com a chegada de seu primo. Mas, quando eles se mudam para uma árvore que tem vista para as três maiores fazendas da região, pertencentes a Boque, Bunco e Bino (Michael Gambon), fica difícil para o Sr. Raposo continuar a viver essa vida de insatisfação, já que seus instintos de sobrevivência (diga-se, de ladrão de galinhas) voltam a falar mais alto.

A animação stop-motion só traz mais charme à estética peculiar do diretor, e sua aparência de "desenho antigo" o potencializa. Os diálogos são rápidos e divertidos, e a trama segue em um bom ritmo.

E as dublagens são um charme à parte. George Clooney está maravilhoso; Jason Schwatrzman muito engraçado; Meryl Streep aparece menos mas é sempre competente e consegue ao mesmo tempo ser meiga e enérgica quando necessário; Michael Gambon e Willem Dafoe (como o Rato guarda-costas das cidras de maçã) também estão irrepreensíveis; e as participações de Bill Murray e Owen Wilson (que são constantes em filmes de Wes Anderson, pois os três são também amigos fora das telas), como o Texugo e o treinador, respectivamente, são muito engraçadas.

Enfim, Wes Anderson mostra que realmente é um excelente diretor, nos brindando com um ótimo filme (dos seus longas, "Os Excêntricos Tenenbaums" ainda é o meu favorito). Tomara que sua inspiração para animações não pare por aqui.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Já fazia um bom tempo que não assistia a uma animação deste estilo, com animação quadro a quadro. Acho que "A Fuga das Galinhas" ou "Wallace e Gromit" foram os últimos filmes do tipo que recordo agora.

Uma das coisas que mais me agradou no "O Fantástico Sr. Raposo" é que mesmo não sendo bem um filme infantil, ele nos remete à leitura de uma fábula infantil. O modo de contar, o uso de capítulos, a textura do cenário e dos bonecos, tudo isso nos joga nesse mundo.

Outra coisa que gostei muito também foi a dublagem. George Clooney que faz o principal está excelente. Durante o filme acho possível fechar os olhos e vê-lo fazendo as ações. Está muito boa assim como a trilha sonora que enriquece como um todo o filme. Bem situada, ela complementa muito bem as seqüências.

Como nem tudo é perfeito, acho que tem problemas de ritmo no filme. Ele dá umas derrapadas pelo meio do filme, deixando um pouco cansativo.

E sobre as dublagens, somente a do George Clooney se destacou. As outras cumprem a função, como a da Meryl Streep e do Willen Dafoe.


por Oscar R. Júnior


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Desinformante

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Desinformante, O (The Informant!, 2009)

Estreia Oficial: 18 de setembro de 2009
Estreia no Brasil: 16 de outubro de 2009
IMDb



Já comecei confusa neste filme de Steven Soderbergh. Logo nos créditos iniciais o diretor aposta em uma estética dos anos 1970 para compor as fontes e suas cores, porém, logo que a história começa, vemos que esta se passa nos anos 1990. Há uma dessincronia de décadas aí. Porém, embora possa gerar essa confusão de anos, a estética também gera um tom de farsa e, embora a história seja baseada em fatos reais, fica claro que Steven Soderbergh não ficará restrito aos acontecimentos reais, mas sim criará uma história mais farsesca com base neles.

É um filme de espionagem industrial (bom, na verdade não é bem isso, mas se falar mais, estragaria o principal da trama), mas que apoia-se na comédia para aproximar o seu protagonista, interpretado por Matt Damon, do público. Porém, o resultado não sai como o esperado, pois o personagem de Damon não é carismático o suficiente para que o espectador comece a torcer por ele - o que aqui se tornaria indispensável, já que, aos poucos, vamos descobrindo que ele não é bem o "bom" moço que aparentava ser no início do filme. Assim, não há uma ligação forte entre personagem e público, e daí o filme falha horrivelmente.

Junto a isso, um começo truncado e confuso da história, que simplesmente não flui. Só fui começar a me achar lá pelos 40 minutos de exibição. Outra falha de Soderbergh.

Mas temos Matt Damon. Um ator sempre competente que, poderia dizer, é o que consegue salvar a produção de um desastre maior. Damon consegue imprimir ao seu personagem, Mark Whitacre, uma complexidade incrível, e não conseguimos nunca estabelecer com precisão quem ele realmente é, ou o que realmente pretende. Confuso? Sim, é um personagem confuso, mas que transmite ao espectador principalmente a sua ingenuidade.

Porém, a construção dos demais personagens soa caricata e bem menos plausível. Difícil demais acreditar que agentes do FBI acreditariam nas histórias que Whitacre conta por (pasmem!) 5 anos. Ou que seus chefes o manteriam na empresa mesmo com a grande confusão que estava se armando... O quão real são essas histórias e personagens não sei dizer... mas para mim não soam nada realistas, muito pelo contrário, são bastante falsas e unidimensionais.

Isso sem falar na duração do filme, longo demais!


por Melissa Lipinski
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Quando vi pela primeira vez o cartaz de “O Desinformante” achei que fosse uma comédia escrachada, com cenas do Matt Damon tentando ajudar e só atrapalhando.

O filme não é bem assim. É baseado em fatos reais. Não é comédia escrachada. Mas você pode rir bastante da maquiagem e cabelo do Matt Damon, se quiser.

Mesmo assim achei interessante o filme. No início, é complicado de se entender o que está acontecendo. Linguajar técnico sobre produtos e subprodutos de milho. Tramas e mais tramas sobre executivos de empresas. Reviravoltas nas investigações que são geradas por mudança de informação do Mark Whitacre (Matt Damon). Agora, junte a essa complexidade de informações um ritmo fraco. Sim, o ritmo do filme é lento, mas é lento sem propósito para isto, pois se o mesmo fosse mais ágil, seria muito melhor.

Destaco aqui a linguagem corporal do Matt Damon, nisso está ótimo. Os diálogos dele e a atuação do resto do elenco está mediano. Sem nada que ganhe a atenção.

A direção de arte é boa, com a decoração das casas, as vestimentas e cabelos dos anos 70. Junto com o grafismo e trilha sonora do filme, tudo dos anos 70. Mas tem um problema: o filme se passa nos anos 90. Começa em 1992. Ou seja, está tudo errado nesse embasamento que me parece ser totalmente pró-forma (assim fica mais bonitinho) do que para colaborar com o filme.

Por hora é isso.


por Oscar R. Júnior