ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Assalto ao Banco Central (2011)
Estreia oficial | no Brasil: 22 de julho de 2011
IMDb
"Assalto ao Banco Central", primeira experiência de Marcos Paulo na direção de longas, é baseado no assalto que aconteceu em 2005 e foi tido como o maior assalto já cometido na história do país.
O filme utiliza-se de uma narrativa 'emprestada' de outros filmes. Começa até bem parecendo um filme de assalto, como aqueles típicos estadunidenses, onde há a escolha da equipe, a elaboração do plano, e o assalto em si, os chamados heist movies. Mas depois, passa a estruturar-se exatamente igual a "O Plano Perfeito", filme de 2006 dirigido por Spike Lee, onde a execução do assalto intercala-se com os depoimentos dos suspeitos já presos, e com a própria investigação da polícia.
Porém, a estrutura escolhida por Marcos Paulo parece prejudicar o andamento do filme, já que os cortes ligam-se de maneira pobre. Se em um momento vemos a polícia achar uma pista, logo em seguida vemos como essa pista foi deixada ali. Dessa forma, o longa nunca ganha um ritmo adequado já que a ação dos assaltantes (que - e apenas acho - poderia render os melhores momentos do longa) é entrecortada nessa edição não-linear. Ao mesmo tempo em que quebra o ritmo, este tipo de edição faz com que o espectador já saiba, desde o início, o destino de cada um dos personagens do filme.
Outro ponto que é muito fraco do roteiro é a insistente tentativa em criar um bordão ou frases de efeito. Tentando imitar "Tropa de Elite" (imagino eu), todos (sim, todos!) os personagens lançam mão de frases feitas e piadas forçadas, tirando toda e qualquer naturalidade dos diálogos e situações. Caso limitassem as frases feitas a um só personagem, ou em apenas um ou outro momento (aí sim, como em "Tropa de Elite"), o filme não se sairia tão mal.
Para piorar, as atuações são péssimas. Não que a culpa seja dos atores, pois o elenco possui nomes talentossísimos, mas com o que tinham em mãos (e acredito, pela má direcão de Marcos Paulo), o resultado chega a ser vergonhoso. O ótimo Milhem Cortaz, por exemplo, que interpreta o cabeça da operação, Barão, sempre que entra em cena vem acompanhado de uma música de suspense, para ressaltar o quão perigoso e enigmático é aquele personagem. E, para mostrar como ele é inteligente, sem saber como fazer isso, os roteiristas simplesmente resolveram colocá-lo jogando xadrez... sozinho... duas vezes! (Oi quê?!?) E, se sua composição beira ao caricato; caricata ao extremo é a do restante do elenco. Hermila Guedes (que estava excelente em "O Céu de Suely", de 2006) está no elenco apenas para ter uma personagem feminina, já que a sua Carla parece estar entre os assaltantes apenas para o prazer visual dos marmanjos, já que sempre aparece com roupas vulgares super curtas e decotadas. Esse fato até não incomodaria se houvesse algo mais em relação à personagem. Porém, tirando o fato de que ela só masca chiclete, nada mais pode-se dizer a seu respeito, a não ser que foi colocada no roteiro para criar uma tensão (ridícula, por sinal), ao criar um triângulo amoroso entre ela, Barão e Mineiro. Já Mineiro, interpretado por Eriberto Leão, é a marca da inexpressividade. Tonico Pereira, como o arquiteto do grupo, o Doutor, é péssimo, em contraponto com o ótimo Gero Camilo, Tatu, que parece ser a única atuação convincente do longa. Estes dois personagens parecem ser os únicos que realmente tem uma função dentro do esquema do assalto.
Neste ponto, o filme tenta se aproximar de "Onze Homens e um Segredo" (de 2001), onde cada membro da equipe teria uma função determinada. Porém, apenas os dois que citei exercem essa função, já que os demais parecem estar ali apenas para "encorpar" o assalto e poderiam muito bem ser substituídos por qualquer outro personagem. Ainda em paralelo ao filme de 2001 de Steven Soderbergh, "Assalto ao Banco Central" tenta criar uma amizade entre os dois 'cabeças' da operação, Barão e Mineiro (como os personagens de George Clooney e Brad Pitt em "Onze Homens…") que jamais se justifica ou soa convincente. E, novamente, parece estar no roteiro apenas para justificar o terrível triângulo amoroso, que gera as duas cenas mais desnecessárias do filme: as duas cenas de sexo.
Voltando ao elenco, com relação aos policias, Giulia Gam é um estereótipo de investigadora, cuja vida pessoal é colocada aqui em uma tentativa (desesperada) de humanizar a personagem Telma; mas apenas serve para estereotipá-la ainda mais, e o que é pior: transformar em chacota a sua opção sexual, já que a cena onde sua namorada Regina (Antônia Fontenelle) aparece é uma das mais constrangedoras do longa. Constrangedora também é a composição de Lima Duarte de seu delegado Amorin, já que me recuso a acreditar (afinal de contas meu pai é delegado!!!) que possa existir algum delegado de polícia que transite da genialidade infundada a total idiotice. Se em um momento, Amorin parece ser um excelente policial, observador; em outro aparenta ser uma 'anta', incompetente ao extremo.
Para complementar a mediocridade da produção, a trilha sonora de André Moraes é irritante, com suas músicas-tema para cada personagem. Insistindo em colocar uma 'musiquinha' mais engraçada quando há uma piada na cena, ou acordes mais tensos quando há um clima mais pesado. Soando sempre clichê, redundante e, o que é pior, desnecessária.
E, se a decupagem de algumas cenas é patética, principalmente em cenas mais complicadas, como uma perseguição de uma cegonha, ou a briga entre dois personagens centrais, ou ainda a tortura de um outro. Não é tão ruim quanto a direção de arte do filme, ao conceber cenários como a sala de interrogatório, tirada diretamente de um filme policial estadunidense (ou alguém já viu no Brasil uma sala daquelas?); ou colocar uma foto na mesa do delegado que mais parece ter sido recortada da "Revista Caras"; ou a pior de todas: colocar um descansa tela no computador da sala de vigilância tão ridículo, que me recuso a descrever… Só vendo pra ter a dimensão do que estou falando.
Enfim, "Assalto ao Banco Central" é um erro. É o desperdício de uma excelente ideia e de ótimos atores. Talvez nas mãos de outro diretor a história fosse diferente…
por Melissa Lipinski
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Vamos por partes. O Assalto ao Banco Central erra em diversos aspectos começando pelo roteiro. A história contada é fraca, os personagens são totalmente superficiais e os atores mal dirigidos. Quanto aos aspectos técnicos também beira ao amadorismo. Mas vamos por partes de novo.
Elenco. Alguns bons atores e outros nem tanto e vários bem fraquinhos. Vou me restringir aos que considero bons atores.
Gero Camilo é o único que aparenta ter recebido um personagem decente e se preparou para o mesmo. Ele interpreta "Tatu" e percebemos uma boa interpretação. Já Milhem Cortaz, que considero um excelente ator (Como no "Tropa de Elite" 1 e 2, "Minha Vida Não Cabe Num Opala", "Nina" e no "Carandiru"), está fraco, com interpretação mecânica e frases de efeito jogadas. Quanto a Hermila Guedes, que estava ótima no "O Céu de Suely", tem uma personagem sem propósito. Não fica claro para que serve a personagem além de fazer o triângulo amoroso.
Vamos às áreas técnicas. A Direção de Fotografia também é fraca. Cenas com planos fracos como a da perseguição do caminhão cegonheira. Não foi feliz. Mas a Direção de Arte consegue ser quase nula. O troféu "Quase dei um pulo pra trás quando vi" vai para a cena da empresa de seguraça que monitora as câmeras do cofre. Parece que pegaram um canto de uma sala e colocaram umas TVs. E para piorar tem uma proteção de tela do windows com o dizer: Banco Central. Pois é, vai que algum telespectador desavisado não sabe que o filme é sobre o assalto no Banco Central (hã! Como é o título do filme mesmo?) dai é uma boa aquele dizer rodopiando na tela.
A Trilha Sonora e Edição de Áudio: Alguns personagens têm música própria (humm, lembra novela né?) Os sons de briga são muito fakes. A trilha tenta dar uma amenizada na falha do roteiro mas não consegue nada além de piorar.
Fico por aqui. Infelizmente o primeiro longa dirigido pelo ator Marcos Paulo foi uma sucessão de erros.
por Oscar R. Júnior
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