quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Alien: a Ressurreição

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Alien: a Ressurreição (Alien: Resurrection, 1997)

Estreia oficial: 12 de novembro de 1997
Estreia no Brasil: 9 de abril de 1998
IMDb



Jean-Pierre Jeunet comanda esta quarta parte da série "Alien". E, se o longa não tem o mesma qualidade dos dois primeiros, ao menos consegue ser superior àquele dirigido por David Fincher.

O roteiro apresenta alguns problemas estruturais, mas Jeunet consegue compensá-los com soluções visuais sempre criativas, além da ótima atuação do elenco.

A tenente Ripley (Sigourney Weaver), 200 anos após seu trágico fim do terceiro filme, agora é clonada para que se possa recriar os Aliens, já que a protagonista carregava uma espécime em seu interior. Neste processo, porém, seu material genético, e o do Alien que carregava (uma rainha), foram misturados, transferindo características de um ser para o outro. A rainha alienígena ganhou a capacidade de gestar em seu ventre sua cria; e Ripley (ou número 8), além do sangue ácido, ganhou um sentido predatório, maior agilidade e força.

Visualmente, o filme de Jeunet (como não poderia deixar de ser, vide os demais longas deste diretor) é muito bem estruturado, com uma direção de arte que dá atenção aos mínimos detalhes. Tudo o que é visto em tela está ali por algum motivo, com alguma justificativa. Um dos ambientes mais impressionantes é o laboratório onde Ripley encontra várias tentativas frustradas de cloná-la - aberrações genéticas grotescas. É também umas das cenas mais densas dramaticamente do filme, onde Sigourney Weaver mostra todo seu talento.

Mas não só Weaver sai-se bem. Winona Ryder também tem bons momentos, assim como Dominique Pinon (constante colaborador de Jeunet). Mas é mesmo Ron Perlman quem tem os melhores momentos do filme, e é o elemento que quebra com a tensão constante, com suas frases espirituosas.

Contando com uma fotogafia que transita entre os tons amarelados, azuis e esverdeados, Jean-Pierre Jeunet mantém as 'tradições' da franquia, como as perseguições por corredores mal iluminados. Por vezes até exagerando um pouco, como na cena em que os Aliens aparecem nadando atrás dos seres humanos. Porém, se os fãs mais fervorosos podem não ter gostado do filme, ao menos não se pode acusá-lo de não ser criativo.

Enfim, como falei no início, pode até não ser tão bom quanto os dois primeiros, mas esse "Alien: A Ressurreição" tem seus momentos. Ao menos tenta trazer um 'ar renovado' a essa tão famosa e bem realizada série.


por Melissa Lipinski




terça-feira, 30 de agosto de 2011

Alien 3

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Alien 3 (‪Alien³‬, 1992)

Estreia oficial: 22 de maio de 1992
Estreia no Brasil: 31 de julho de 1992
IMDb



David Fincher é o diretor que assumiu o projeto desta terceira parte da série "Alien". Infelizmente, é o mais fraco dos episódios da saga. Dizem que houveram muitas discussões e opiniões de várias pessoas (o que nunca é um bom sinal) até que se conseguisse fechar o roteiro. O resultado é evidente na tela.

Com vários furos no roteiro, como o desaparecimento sem explicação de determinado personagem no fim do filme, ou o que é o pior pra mim: o fato do 'embrião' Alien (aquele que gruda no rosto das pessoas) não morrer depois que infecta a tenente Ripley (Sigourney Weaver), o que até então, nos filmes anteriores, era o padrão. Aliás, é este fato que dá origem à toda a narrativa. Portanto, a história toda foi feita em cima de uma 'forçada de barra'.

Para piorar, o tal embrião infecta um cachorro, dando origem a um Alien quadrúpede - na minha opinião, a pior ideia que poderiam ter tido! O tal Alien, obviamente é bem realizado, com ótimos efeitos especiais (terceira indicação ao Oscar de Efeitos Visuais dos filmes da saga), e seus movimentos realmente convencem. Ao mesmo tempo, dos filmes, é o mais sangrento, perdendo todo o ar de suspense psicológico que o primeiro tinha aos montes, e o segundo ainda manteve em menor grau.

Claro que Fincher confere dinamismo à narrativa, e o longa nunca torna-se aborrecido, já que seu bom ritmo faz com que o espectador fique atento ao que está prestes a acontecer. E o ar claustrofóbico que o diretor confere à narrativa também auxilia no tom de urgência presente em todo o filme.

Porém, furos no roteiro à parte, o ponto mais interessante aqui, é a composição da personagem Ripley. Agora, a tenente, mais amargurada, ganha uma maior complexidade em termos emocionais, tornando-se ainda melhor estruturada como personagem.

Enfim, "Alien 3" não se compara em qualidade aos seus antecessores, mas também possui suas qualidades, principalmente técnicas.


por Melissa Lipinski


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aliens, o Resgate

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Aliens, o Resgate (Aliens, 1986)

Estreia oficial: 18 de julho de 1986
Estreia no Brasil: 28 de agosto de 1986
IMDb



James Cameron assume a continuação de um dos melhores filmes de ficção científica/suspense já realizado. A expectativa era grande já que o primeiro tinha sido um sucesso de público e crítica. Mas Cameron não decepciona (na época tinha apenas dois curtas e dois longas - incluindo "O Exterminador do Futuro" - no seu currículo), e cria uma sequência que mantém o clima de tensão do original.

Como todos os trabalhos de James Cameron, "Aliens, o Resgate" chama a atenção por sua apurada parte técnica. Os efeitos especiais são primorosos. O design dos Aliens (sim, agora são muitos) é aprimorado, e seu tempo em tela também aumenta: se no filme de Ridley Scott a criatura aparecia rapidamente, ou de relance, ou nas sombras, agora elas aparecem a todo momento. Os efeitos especiais ganharam o segundo Oscar de efeitos especiais da saga, e o primeiro de efeitos sonoros. Foram as duas estatuetas arrebatadas de um total de sete indicações.

Apesar de uma tensão bem construída, Cameron volta-se mais para a ação do que para o suspense psicológico (thriller) como era o seu antecessor. Mas o filme funciona perfeitamente. Apenas não gosto das frases de efeito engraçadinhas que permeiam toda a narrativa ("Afaste-se dela, sua vadia!", fala Ripley para a Alien em um determinado momento) - mas isso mostrou-se, ao longo dos anos, como uma marca da carreira deste diretor, assim como o apelo mais melodramático em seus longas.

A tenente Ellen Ripley (Sigourney Weaver), agora ganha contornos maternais, e ganha uma 'filha', a única sobrevivente do planeta (que agora virou uma colônia de humanos) onde a nave dos Aliens havia caído, a garotinha Rebecca 'Newt' Jorden (Carrie Henn). Ripley terá, inclusive, que lutar contra outra mãe, a 'mãe-Alien', que também lutará para defender sua prole.

Mulheres fortes, diga-se de passagem, são outra marca presente nos filmes de Cameron. Aqui, por exemplo, além de Ripley, há a durona Vasquez (Janette Goldstein) que chama a atenção dentro de uma equipe de soldados mandados ao tal planeta afim de destruírem os seres alienígenas.

Quanto ao restante do elenco, o destaque fica por conta do ambíguo andróide Bishop (Lance Henriksen), e os soldados Hicks (Michael Biehn) e Hudson (Bill Paxton). Todos já haviam trabalhado com Cameron em "O Exterminador do Futuro". Paxton, além disso, voltaria para mais uma parceria em "Titanic" (de 1997).

Mas talvez o melhor do filme, além da ação, claro, seja a continuação da mesma estética adotada por Ridley Scott, com uma fotografia onde luzes e sombras sempre caminham juntas, criando um elemento adicional à atmosfera de tensão. Aqui, porém, James Cameron e seu fotógrafo, Adrian Biddle, utilizam uma gama maior de cores do que no original.

Enfim, uma continuação à altura para as personagens imortalizadas por Ridley Scott, tanto Ripley como o Alien.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


domingo, 28 de agosto de 2011

Alien, o Oitavo Passageiro

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Alien, o Oitavo Passageiro (Alien, 1979)

Estreia oficial: 25 de maio de 1979
Estrei no Brasil: 13 de agosto de 1979
IMDb



"Alien, o Oitavo Passageiro", dirigido por Ridley Scott, marcou época. Se quando foi lançado provocou medo e tensão aos espectadores, ainda hoje gera as mesmas sensações (por mais que alguns digam que seus efeitos especiais são mal feitos para os padrões atuais), mantendo o público grudado na cadeira do começo ao fim, provando que bons filmes são aqueles atemporais, que não envelhecem.

O filme de Scott une um futuro da era intergaláctica (que estava em alta pelo estrondoso sucesso de "Star Wars", de 1977) com ficção científica de mosntros. A estrutura narrativa segue o conceito de indivíduos enclausurados que vão sendo eliminados um a um, sem ter para onde fugir, até porque aqui, eles encontram-se numa nave espacial, a Nostromo.

A tensão que Scott consegue colocar em suas cenas deve-se, em parte, à excelente fotografia, repleta de sombras, que aumenta o desconforto ao deixar partes não reveladas dos cenários; e ao incômodo silêncio que permeia suas cenas, criando apreensão e angústia em quem o assiste. Dizem que o elenco não sabia exatemente o que ia acontecer quando o Alien aparece pela primeira vez, saltando de dentro da barriga de Kane (John Hurt), para que o diretor pudesse captar realmente o susto, medo e nojo que os protagonistas realmente estariam sentido ao ver o monstro.

Aliás, boa parte do sucesso do longa deve-se ao seu competente elenco, que tem desde o já citado John Hurt, além de Ian Holm como Ash, e Sigourney Weaver como Ellen Ripley, personagem que a alavancou ao estrelato e marcou sua carreira.

Ripley, por sinal, é a primeira verdadeira heroína da história do Cinema. Forte e determinada, a personagem encara o monstrengo com pavor, sem dúvida, mas com dinamismo e coragem. Diz 'a lenda' que, no confronto final com o Alien, a ideia inicial era que ela aparecesse nua, para ressaltar toda a fragilidade humana frente à força e superioridade do alienígena, porém a 20th Century Fox, não querendo uma maior censura, exigiu que a personagem vestisse ao menos a calcinha e camiseta brancas com as quais aparece.

Mas o que mais fez sucesso na época (e, na minha opinião, até hoje é memorável) são os ótimos efeitos especiais (que, inclusive, levaram o Oscar). Do layout da nave cargueiro até a composição do Alien, tudo é feito com perfeição. O alienígena consegue mesclar um aspecto sombrio e terrível aliado a uma certa graciosidade (seus movimentos foram inspirados nos de uma bailarina).

Enfim, mais do que um marco de ficção científica, "Alien, o Oitavo Passageiro" é obrigatório para todos aqueles que gostam de Cinema.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski



sábado, 27 de agosto de 2011

Potiche - Esposa Troféu

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Potiche - Esposa Troféu (Potiche, 2010)

Estreia oficial: 10 de novembro de 2010
Estreia no Brasil: 24 de junho de 2011
IMDb



De François Ozon confesso que só conhecia "8 Mulheres" (de 2002) e "Swimming Pool" (de 2003), dois filmes muito bons. E, depois de assistir a este "Potiche", fiquei com vontade de conhecer mais da filmografia deste diretor francês.

O filme é uma adaptação (feita pelo prórpio Ozon) de uma peça de teatro homônima, e conta a hstória de Suzanne Pujol (Catherine Deneuve), uma dona de casa do final da década de 1970 que não faz nada além de comandar o lar e se dedicar a poesias nada brilhantes. Uma 'esposa troféu', ou 'potiche' em francês. Casada com o empresário Robert Pujol (Fabrice Luchini) e mãe de Joëlle (Judith Godrèche) e Laurent (Jérémie Rénier), ela se vê obrigada a se colocar à frente da fábrica de guarda-chuvas do marido quando este, durante uma greve de seus funcionários descontentes, sofre um infarto. Contando com a ajuda de um amigo do passado, Maurice Babin (Gérard Depardieu) e com a secretária Madège (Karin Viard), Suzanne sai-se melhor que a encomenda, enquanto tenta colocar sua vida, e também a dos filhos, nos eixos.

"Potiche" já acerta em cheio no seu elenco em ótima sintonia. Catherine Deneuve, que continua belíssima, também continua talentosa, e encarna Suzanne com elegância e vivacidade. A sua aparente futilidade do início do filme vai dando espaço, no decorrer da história, a uma mulher forte e com princípios. Já Gérard Depardieu demonstra todo seu carisma como o político comunista, que no fundo tem um coração mole e é um romântico inveterado. Assim são todos os personagens do longa: bem construídos e bem interpretados.

O roteiro de Ozon brinca com os gêneros cinematográficos, fazendo uma homenagem às comédias screwball (aquelas com 'ar pastelão' que tinham personagens femininas - donas de casa geralmente - como protagonistas, e que tiveram seu auge na década de 1930 no cinema estadunidense) e ao melodrama, passando pelos dramas políticos e até os musicais setentistas (a cena em que Deneuve e Depardieu dançam em uma disco é hilária).

Trazendo temas importantes em sua estrutura narrativa, como os direitos dos trabalhadores e os direitos das mulheres, e fazendo uma certa crítica ao modelo político francês, Ozon trata tudo com muita inteligência e discrição, sem deixar que seu discurso soe panfletário, utilizando a comédia como fator atenuante, e os rápidos, ácidos e bem escritos diálogos como pontos cruciais de suas críticas.

A direção de arte é um atrativo à parte, recriando cenários e figurinos dos anos 1970 com perfeição. A arte da fábrica é a minha favorita, com sombrinhas e guarda-chuvas de todas as cores e modelos, distribuídos pela locação seja no chão ou no teto, fazendo uma clara referância ao filme que alavancou a carreira da eterna 'bela da tarde', o ótimo musical "Os Guarda-Chuvas do Amor" (de 1964, dirigido por Jacques Demy).

A trilha sonora do longa também merece destaque, já que é embalada por grandes clássicos românticos da década de 1970. Destaque para as cenas em que Deneuve canta, e Ozon faz o tempo narrativo parar para que o espectador possa contemplar essa grande atriz. Uma justa homenagem à musa do cinema francês (e por que não mundial?).

Enfim, "Potiche: Esposa Troféu" não é só uma comédia, mas uma divertida brincadeira que François Ozon divide com seu público. Não só uma homenagem a Catherine Deneuve, mas a todas as mulheres.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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"Potiche" é uma comédia com boas pitadas de pastelão. O filme se propõe a isso e executa muito bem.

Os diálogos muito bem construídos e reforçados pela ótima montagem. O timing das piadas é perfeito e, definitivamente, Catherine Deneuve concentra o filme nela.

Muito bom.


por Oscar R. Júnior


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Super

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Super (Super, 2010)

Estreia oficial: 01 de abril de 2011
Estreia no Brasil: sem data prevista 

IMDb

 

Este "Super", dirigido por James Gunn, é muito semelhante a "Kick-Ass - Quebrando Tudo" (também de 2010). A temática é quase a mesma: uma pessoa 'normal', que acaba tornando-se um super-herói.

Aqui é Frank (Rainn Wilson), um cara meio tapado, que resolve vestir uma malha justa, transformando-se em Crimson Bolt, depois que sua esposa Sarah (Liv Tyler) abandona-o para ficar com Jacques (Kevin Bacon). Não possuindo nenhum talento especial, Frank recorre à ajuda de Libby (Ellen Page), uma vendedora de comic books, que acaba se tornando sua "garota prodígio", Boltie.

Porém, o que fazia o diferencial em "
Kick-Ass", seu cinismo colossal, é exatamente o que falta neste "Super", e transforma-o em um comédia 'comum' sem muitas risadas. Para completar, seu visual de filmes-B não contribui em nada para a história em si.

Rainn Wilson (mais conhecido como o Dwight da série "The Office") dá o tom certo de loser a Frank, porém, à medida que Crimson Bolt vai ganhando mais tempo em cena, e transformando-se, praticamente, em um assassino lunático, Wilson não consegue conferir a tridimensionalidade necessária ao personagem, caindo no estereótipo. O destaque fica mesmo com Ellen Page, que, nos menores detalhes, como olhares, sorrisos e pequenos gestos, consegue transmitir toda loucura de sua personagem.

O problema maior do longa é que seu roteiro se leva a sério demais, e nunca encontra o tom certo, já que transita aos 'trancos e barrancos' entre o humor escatológico e o drama. Talvez se tivesse apostado mais na ironia e não no grotesco, como o faz "
Kick-Ass", teria se saído melhor.


por Melissa Lipinski 



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sucker Punch - Mundo Surreal

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Sucker Punch - Mundo Surreal (Sucker Punch, 2011)

Estreia oficial: 25 de março de 2011
Estreia no Brasil: 15 de março de 2011 

IMDb


 
"Sucker Punch - Mundo Surreal" é um filme vazio. Belo em sua aparência, é verdade. Mas esvaziado de qualquer sentido.

Já havendo provado que sabe como compor belas imagens em seus longas anteriores (principalmente "300", "Watchmen" e "
A Lenda dos Guardiões"), Zach Snyder, trabalha pela primeira vez com um roteiro próprio (escrito em parceria com Steve Shibuya) e que, logo no início, mostra seu ar fantasioso ao abrir as cortinas para que a sua história tenha início.

A história acontece quase inteiramente no inconsciente da heroína, Baby Doll (Emily Browning), em dois níveis diferentes. Ao ficar órfã, para fugir do abuso de seu padrasto, Baby Doll acaba causando um trágico acidente e é internada em um sanatório, onde logo é sentenciada a uma lobotomia, que acontecerá dali a cinco dias. Esse é o tempo, portanto, que a protagonista tem para tentar fugir, o que ela faz criando um mundo de fantasias que torna sua realidade não tão insuportável. Em sua fantasia, Baby Doll e suas quatro amigas, Rocket (Jena Malone), Sweet Pea (Abbie Cornish), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung) são dançarinas em um cabaré onde também são prisioneiras. Toda vez em que Baby Doll dança neste nível de suas fantasias, ela acaba transportando-se para um segundo nível, onde as cinco amigas são como heroínas numa espécie de videogame futurista-apocalíptico.

E, por mais que se releve a unidimensionalidade dos personagens por se tratar de um mundo de fantasias da protagonista. Que outra razão pode explicar as 'mocinhas' sendo retratadas como meros objetos sexuais senão o próprio fetiche do diretor?

Porém, como já disse, o filme é lindo visualmente. Utilizando uma paleta de cores sempre cinza, Snyder, junto com seu diretor de fotografia, Larry Fong, cria variações sobre essa cor. Se, no mundo real, o cinza é imperativo e não há espaço para outras cores; na fantasia de Baby Doll, o mundo ganha mais cores, e o cabaré, especificamente, cores mais fortes, lembrando em tudo um teatro (todos os personagens - inclusive os masculinos - surgem com uma evidente maquiagem no rosto). Ao mesmo tempo, a direção de arte parece mesclar elementos do próprio teatro (como o camarim das meninas) com alguns de prisão (como a cozinha). Já o segundo nível de fantasias, cada vez que a protagonista mergulha nele, surge de uma maneira diferente, permitindo que a produção crie vários cenários espetaculares, como uma cidade futurística, uma trincheira da Primeira Guerra (onde os soldados são zumbis), um castelo medieval povoado por 'orcs', e um templo japonês com criaturas de pedra que desafiam as leis da gravidade.

Porém, se a montagem entre esses três níveis dá agilidade ao filme, narrativamente não servem para nada, pois sabemos que todas essas aventuras das protagonistas não levarão a lugar nenhum, ao mesmo tempo em que não representam um risco real às suas vidas, já que são meramente fruto da imaginação de uma delas. Assim, Zack Snyder acaba achando que o mero deleite visual seria suficiente para sustentar o filme.

E, por mais que o diretor crie planos belíssimos (um em especial me chamou a atenção: um travelling que ultrapassa um espelho), estes parecem não contribuir narrativamente, servindo novamente, apenas como deleite visual (do espectador, e principalmente, do diretor). Além, é claro, de Snyder abusar da utilização da câmera lenta, como que querendo prolongar ainda mais a duração de seus belos planos, para que esses não sejam esquecidos pelo público.

Enfim, "Sucker Punch" é uma bobagem pretensiosa, que não tem conteúdo nenhum. É apenas bonitinho.


por Melissa Lipinski
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O diretor, Zack Snyder, é o mesmo que já fez "300", "Watchmen" e "A Lenda dos Guardiões".

O filme é claramente baseado em jogos e mangás. É perceptivel nos enquadramentos das cenas de luta que são muito semelhantes a jogos e o figurino erotizado e de adereços com óbvia influência dos mangás.

Como não conheço muito do universo dos mangás não sei se há algo a mais no filme, o que sei é que o roteiro é bem previsível.

O elenco e as atuações são regulares. Ninguém se destaca e também não prejudica o longa.

A melhor sequência do filme é a inicial que é feita toda em câmera lenta. As cenas de luta são sem graça, na minha opinião.

É isso.


por Oscar 
R. Júnior



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Quanto Vale ou É Por Quilo?

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Quanto Vale ou É Por Quilo? (2005)

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Nunca é tarde para descobrir as preciosidade do nosso cinema. Não conhecia esse "Quanto Vale ou É Por Quilo?", filme de Sérgio Bianchi, de 2005. Assisti-o e fiquei chocada, sem chão.

O longa utiliza-se da ironia constante par fazer uma crítica ao Brasil, desde a época do colonialismo até os dias atuais. Sérgio Bianchi não poupa alfinetadas a ninguém, seja qual for a sua classe social, apresentando questões muito pertinentes sobre a desigualdade social, os direitos individuais e o capitalismo cada vez mais crescente, além da hipocrisia que domina a nossa sociedade.

Como em seu outro longa, "Cronicamente Inviável" (de 2000), Bianchi apresenta-nos uma realidade chocante, onde é impossível encará-la sem um desconforto ou constrangimento, e mostra que, mesmo na atualidade, nosso passado escravagista continua existindo.

A montagem paralela entre uma história que se passa na atualidade (e que é uma livre adaptação do conto "Pai contra Mãe", de Machado de Assis) e micro-histórias que refletem o passado, dão conta de mostrar que, apesar de separadas por séculos, a realidade não é de todo diferente, e que a nossa história como país influi, e muito, em quem somos hoje em dia como nação.

Além disso, o diretor ainda lança um olhar ácido sobre aquilo que muitos vêem como a solução para a desigualdade social do país - a criação desenfreadas de ONGs, e que, muitas vezes, apenas funcionam como qualquer outra empresa, objrtivando o lucro, Ou, sendo ainda pior, pois utilizam-se da miséria alheia como desculpa para instaurar corrupção e ganhar rios de dinheiro.

Outro ponto contundente do longa é a violência cada vez maior no país. Em um momento do longa, o presidiário vivido por Lázaro Ramos afirma "esse é o nosso navio negreiro", traçando uma analogia entre o sistema carcerário e o sistema de escravidão do Brasil. É como se a violência já estivesse institucionalizada, já fizesse parte do nosso sistema político.

E é essa violência enraizada, presente em todas as classes socio-econômicas, que vem mascarada numa sociedade de consumo capitalista. "O que vale é ter liberdade para consumir, essa é a verdadeira funcionalidade da democracia", profere o personagem de Lázaro Ramos em outro momento. Um realidade que ninguém quer ver, mas que ninguém pode negar.

Bianchi oferece um final duplo ao espectador. Duas possibilidades. Como que dizendo: vejam, as chances em melhorar estão aí, na nossa frente, é só nos mobilizarmos para fazermos alguma coisa. Ou então sucumbirmos de vez a um sistema já consolidado culturalmente em nossa sociedade. Afinal de contas, não há como negar que o desrespeito ao outro não é apenas circunstancial em nossa cultura, é um traço cultural.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski 



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Assalto ao Banco Central

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Assalto ao Banco Central (2011)

Estreia oficial | no Brasil: 22 de julho de 2011
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"Assalto ao Banco Central", primeira experiência de Marcos Paulo na direção de longas, é baseado no assalto que aconteceu em 2005 e foi tido como o maior assalto já cometido na história do país.

O filme utiliza-se de uma narrativa 'emprestada' de outros filmes. Começa até bem parecendo um filme de assalto, como aqueles típicos estadunidenses, onde há a escolha da equipe, a elaboração do plano, e o assalto em si, os chamados heist movies. Mas depois, passa a estruturar-se exatamente igual a "O Plano Perfeito", filme de 2006 dirigido por Spike Lee, onde a execução do assalto intercala-se com os depoimentos dos suspeitos já presos, e com a própria investigação da polícia.

Porém, a estrutura escolhida por Marcos Paulo parece prejudicar o andamento do filme, já que os cortes ligam-se de maneira pobre. Se em um momento vemos a polícia achar uma pista, logo em seguida vemos como essa pista foi deixada ali. Dessa forma, o longa nunca ganha um ritmo adequado já que a ação dos assaltantes (que - e apenas acho - poderia render os melhores momentos do longa) é entrecortada nessa edição não-linear. Ao mesmo tempo em que quebra o ritmo, este tipo de edição faz com que o espectador já saiba, desde o início, o destino de cada um dos personagens do filme.

Outro ponto que é muito fraco do roteiro é a insistente tentativa em criar um bordão ou frases de efeito. Tentando imitar "Tropa de Elite" (imagino eu), todos (sim, todos!) os personagens lançam mão de frases feitas e piadas forçadas, tirando toda e qualquer naturalidade dos diálogos e situações. Caso limitassem as frases feitas a um só personagem, ou em apenas um ou outro momento (aí sim, como em "Tropa de Elite"), o filme não se sairia tão mal.

Para piorar, as atuações são péssimas. Não que a culpa seja dos atores, pois o elenco possui nomes talentossísimos, mas com o que tinham em mãos (e acredito, pela má direcão de Marcos Paulo), o resultado chega a ser vergonhoso. O ótimo Milhem Cortaz, por exemplo, que interpreta o cabeça da operação, Barão, sempre que entra em cena vem acompanhado de uma música de suspense, para ressaltar o quão perigoso e enigmático é aquele personagem. E, para mostrar como ele é inteligente, sem saber como fazer isso, os roteiristas simplesmente resolveram colocá-lo jogando xadrez... sozinho... duas vezes! (Oi quê?!?) E, se sua composição beira ao caricato; caricata ao extremo é a do restante do elenco. Hermila Guedes (que estava excelente em "O Céu de Suely", de 2006) está no elenco apenas para ter uma personagem feminina, já que a sua Carla parece estar entre os assaltantes apenas para o prazer visual dos marmanjos, já que sempre aparece com roupas vulgares super curtas e decotadas. Esse fato até não incomodaria se houvesse algo mais em relação à personagem. Porém, tirando o fato de que ela só masca chiclete, nada mais pode-se dizer a seu respeito, a não ser que foi colocada no roteiro para criar uma tensão (ridícula, por sinal), ao criar um triângulo amoroso entre ela, Barão e Mineiro. Já Mineiro, interpretado por Eriberto Leão, é a marca da inexpressividade. Tonico Pereira, como o arquiteto do grupo, o Doutor, é péssimo, em contraponto com o ótimo Gero Camilo, Tatu, que parece ser a única atuação convincente do longa. Estes dois personagens parecem ser os únicos que realmente tem uma função dentro do esquema do assalto.

Neste ponto, o filme tenta se aproximar de "Onze Homens e um Segredo" (de 2001), onde cada membro da equipe teria uma função determinada. Porém, apenas os dois que citei exercem essa função, já que os demais parecem estar ali apenas para "encorpar" o assalto e poderiam muito bem ser substituídos por qualquer outro personagem. Ainda em paralelo ao filme de 2001 de Steven Soderbergh, "Assalto ao Banco Central" tenta criar uma amizade entre os dois 'cabeças' da operação, Barão e Mineiro (como os personagens de George Clooney e Brad Pitt em "Onze Homens…") que jamais se justifica ou soa convincente. E, novamente, parece estar no roteiro apenas para justificar o terrível triângulo amoroso, que gera as duas cenas mais desnecessárias do filme: as duas cenas de sexo.

Voltando ao elenco, com relação aos policias, Giulia Gam é um estereótipo de investigadora, cuja vida pessoal é colocada aqui em uma tentativa (desesperada) de humanizar a personagem Telma; mas apenas serve para estereotipá-la ainda mais, e o que é pior: transformar em chacota a sua opção sexual, já que a cena onde sua namorada Regina (Antônia Fontenelle) aparece é uma das mais constrangedoras do longa. Constrangedora também é a composição de Lima Duarte de seu delegado Amorin, já que me recuso a acreditar (afinal de contas meu pai é delegado!!!) que possa existir algum delegado de polícia que transite da genialidade infundada a total idiotice. Se em um momento, Amorin parece ser um excelente policial, observador; em outro aparenta ser uma 'anta', incompetente ao extremo.

Para complementar a mediocridade da produção, a trilha sonora de André Moraes é irritante, com suas músicas-tema para cada personagem. Insistindo em colocar uma 'musiquinha' mais engraçada quando há uma piada na cena, ou acordes mais tensos quando há um clima mais pesado. Soando sempre clichê, redundante e, o que é pior, desnecessária.

E, se a decupagem de algumas cenas é patética, principalmente em cenas mais complicadas, como uma perseguição de uma cegonha, ou a briga entre dois personagens centrais, ou ainda a tortura de um outro. Não é tão ruim quanto a direção de arte do filme, ao conceber cenários como a sala de interrogatório, tirada diretamente de um filme policial estadunidense (ou alguém já viu no Brasil uma sala daquelas?); ou colocar uma foto na mesa do delegado que mais parece ter sido recortada da "Revista Caras"; ou a pior de todas: colocar um descansa tela no computador da sala de vigilância tão ridículo, que me recuso a descrever… Só vendo pra ter a dimensão do que estou falando.

Enfim, "Assalto ao Banco Central" é um erro. É o desperdício de uma excelente ideia e de ótimos atores. Talvez nas mãos de outro diretor a história fosse diferente…


por Melissa Lipinski
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Vamos por partes. O Assalto ao Banco Central erra em diversos aspectos começando pelo roteiro. A história contada é fraca, os personagens são totalmente superficiais e os atores mal dirigidos. Quanto aos aspectos técnicos também beira ao amadorismo. Mas vamos por partes de novo.

Elenco. Alguns bons atores e outros nem tanto e vários bem fraquinhos. Vou me restringir aos que considero bons atores.

Gero Camilo é o único que aparenta ter recebido um personagem decente e se preparou para o mesmo. Ele interpreta "Tatu" e percebemos uma boa interpretação. Já Milhem Cortaz, que considero um excelente ator (Como no "Tropa de Elite" 1 e 2, "Minha Vida Não Cabe Num Opala", "Nina" e no "Carandiru"), está fraco, com interpretação mecânica e frases de efeito jogadas. Quanto a Hermila Guedes, que estava ótima no "O Céu de Suely", tem uma personagem sem propósito. Não fica claro para que serve a personagem além de fazer o triângulo amoroso.

Vamos às áreas técnicas. A Direção de Fotografia também é fraca. Cenas com planos fracos como a da perseguição do caminhão cegonheira. Não foi feliz. Mas a Direção de Arte consegue ser quase nula. O troféu "Quase dei um pulo pra trás quando vi" vai para a cena da empresa de seguraça que monitora as câmeras do cofre. Parece que pegaram um canto de uma sala e colocaram umas TVs. E para piorar tem uma proteção de tela do windows com o dizer: Banco Central. Pois é, vai que algum telespectador desavisado não sabe que o filme é sobre o assalto no Banco Central (hã! Como é o título do filme mesmo?) dai é uma boa aquele dizer rodopiando na tela.

A Trilha Sonora e Edição de Áudio: Alguns personagens têm música própria (humm, lembra novela né?) Os sons de briga são muito fakes. A trilha tenta dar uma amenizada na falha do roteiro mas não consegue nada além de piorar.

Fico por aqui. Infelizmente o primeiro longa dirigido pelo ator Marcos Paulo foi uma sucessão de erros.


por Oscar R. Júnior


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Bye Bye, Brazil

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Bye Bye, Brazil (1980)

Estreia oficial | no Brasil: 9 de fevereiro de 1980 

IMDb



"Bye Bye Brazil" era, em seu tempo, uma anunciação de um Brasil que ainda não existia completamente, que estava passando por uma grande transformação. Hoje, esse "Brazil" está aí. Qualquer um pode ver, é só olhar para fora da sua própria janela. Ou ainda, olhar para dentro da própria janela.

Ironicamente, o filme de Carlos (antigo Cacá) Diegues, continua mais atual do que nunca. "Bye Bye Brazil" fala de uma trupe mambembe, a Caravana Rolidei, que roda o interior do Brasil apresentando seus poucos números. O grupo conta com Lorde Cigano (José Wilker), um mago que prevê o futuro e lê mentes; Salomé (Betty Faria), uma dançarina de rumba; e o motorista do caminhão, um faz tudo do show. Em uma das cidadezinhas por onde passam, acabam levando consigo o sanfoneiro Ciço (Fábio Júnior) e sua mulher grávida, Dasdô (Zaira Zambelli), que integram-se ao espetáculo.

A decadência da caravana era uma alusão a uma realidade nacional que estava chegando ao fim. Ainda em regime ditatorial, não se podia falar das coisas "abertamente", e a metáfora utilizada por Diegues nem sempre era da forma mais sutil.

Mas voltando à história em si, a mudança que o roteiro traz com o advento da televisão, continua muito atual, é só trocar a TV por qualquer outra tecnologia. Mas tem coisas que não mudam, como a pobreza do interior do nordeste brasileiro por onde a caravana passa (e passaria ainda hoje nas mesmas situações).

As atuações são corretas, destacando-se José Wilker, como o cínico e bem-humorado líder da caravana, Lorde Cigano. A estética do filme ainda 'bebia' do Cinema Novo, movimento do qual Diegues também fez parte na década de 1960, e abusa da câmera na mão, em um estilo 'mais documental', sem muita iluminação artificial. O longa ainda é coroado com a belíssima canção homônima de Chico Buarque, cujos arranjos entrecorta toda a narrativa e que pode ser ouvida na íntegra durante os créditos finais.

O filme ainda traz uma cínica crítica à globalização (olha a contemporaneidade novamente!) e ao imperialismo estadunidense. Um exemplo escrachado é a cena em que Lorde Cigano faz 'nevar', exclamando: "Agora o Brasil também tem neve! Assim como todo país civilizado do mundo!"; ou o próprio nome da trupe: Rolidei… Ou "Rolidey, com y", como corrige o mágico, ao que complementa: "Como a gente era burro!".

Burro somos nós que continuamos a nos vislumbrar com o produto estrangeiro, atônitos, impassíveis, ou com os produtos nacionais com o "padrão Globo de qualidade", da mesma forma que a população de uma das vilas mostradas no longa encantava-se pela televisão e pela novela da Rede Globo.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski 



domingo, 21 de agosto de 2011

Entre Segredos e Mentiras

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Entre Segredos e Mentiras (All Good Things, 2010)

Estreia oficial: 3 de dezembro de 2010
Estreia no Brasil: lançado diretamente em DVD
IMDb



O diferencial de "Entre Segredos e Mentiras" não está na sua revelação final ou na sua conclusão, que, desde o início já se anuncia para o espectador, não sendo nenhuma surpresa. Mas sim, na sua cuidadosa composição dos personagens, que apoia-se em três fortes atuações.

David (Ryan Gosling) parece um sujeito pacato e normal que apenas quer se desvencilhar do império econômico construído por sua família. Assim, quando conhece Katie (Kirsten Dunst), uma jovem cheia de vitalidade, vê uma oportunidade de começar uma nova vida. Porém, o que Katie não suspeita, é que por trás do calado David, está uma mente traumatizada e problemática, que fará o que estiver ao seu alcance para realizar os seus objetivos.

Baseado em uma história real, o roteiro de Marcus Hinchey e Marc Smerling já denuncia, já de cara, que David está sendo julgado por um crime. Logo no início também vemos sacos sendo despejados num rio. Assim, a dúvida que surge não é mesmo se David cometeu ou não um assassinato (o que fica claro), mas quais das personagens que o cerca foi a sua vítima.

A estrutura narrativa, em flashback, escolhida pelo diretor quase estreante (já havia dirigido um curta e um documentário, o ótimo "Na Captura dos Friedmans", de 2003), Andrew Jarecki, peca pela falta de ritmo, tornando o filme um tanto quanto cansativo. Porém, as atuações contrapõe-se ao marasmo.

Ryan Gosling cria um personagem dúbio, com um olhar distante, de forma a nunca sabermos o que ele está pensando. Se suas ações podem demonstrar que ele é amável e dócil, seu olhar transmite o contrário. E, se aparentemente ele parece introspectivo, é apenas para mascarar seu caráter manipulador. E a tranquilidade que ele passa no início do filme vai, aos poucos, transformando-se em pura instabilidade emocional.

E, se Gosling é a frieza em pessoa, Kirsten Dunst cria o seu contraponto, numa atuação vívida e calorosa que, aos poucos, vai dando lugar a uma mulher frustrada e amargurada. Já Frank Langella, como o pai de David, mostra toda a força e crueldade que nortearam a vida do protagonista para ajudar a torná-lo o homem que se tornou.

Dando tempo em cena para seus personagens serem bem trabalhados, Jarecki também acerta em usar de imagens "de arquivo" para ajudar nessa construção. Por outro lado, a excessiva maquiagem que envelhece o protagonista parece nos distanciar da história, quebrando a ilusão, lembrando-nos que estamos apenas assistindo a um filme.

Enfim, Andrew Jarecki perdeu a oportunidade de transformar David num dos grandes psicopatas do Cinema. A atuação de Ryan Gosling merecia isso.


por Melissa Lipinski


 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Melancolia

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Melancolia (Melancholia, 2011)

Estreia oficial: 26 de maio de 2011
Estreia no Brasil: 5 de agosto de 2011

IMDb



"Melancolia" tem início com um prólogo (como todos os filmes de Lars von Trier, é separado em capítulos) todo em câmera lenta, da mesma forma que seu longa anterior, "Anticristo" (2009), e que já anuncia o triste fim do planeta Terra. Além de mostrar os momentos finais dos personagens que veremos na sequência, essa belíssima sequência inicial também retrata cenas de conflitos internos destes personagens. Mantendo sua câmera parada e uma composição de quadro cuidadosa e irretocável, cada plano surge como uma pintura com leves movimentos.

Passado o prólogo, "Melancolia" divide-se em duas partes, cada uma centrada em uma das irmãs, Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg). Na primeira, acompanhamos a recepção de casamento de Justine, que logo mostra-se uma reunião de conflitos familares não resolvidos. A segunda metade trata de Claire e da aproximação do planeta Melancolia em sua rota para chocar-se com o nosso planeta.

Utilizando uma câmera na mão inquieta para retratar a festa do casamento de Justine, Lars von Trier consegue transmitir a tensão que gira em torno daquela família, ao mesmo tempo em que é extremamente bem sucedido ao mostrar a personalidade de seus integrantes. Se o pai de Justine e Claire, Dexter (John Hurt), chama todas as mulhers de Betty, numa clara alusão ao seu desrespeito ao sexo feminino, como se todas as mulheres fossem iguais; Gaby (Charlotte Rampling), mãe das protagonistas, mostra um ressentimento enorme em relação ao casamento e ao futuro de Justine, que anuncia estar fadado ao insucesso, o que é extremamente compreensível frente ao ex-marido que tem. E os experientes atores são hábeis em compor seus personagens, com olhares e gestos que denotam suas intenções.

Mas é mesmo Kirsten Dunst, no melhor papel da sua carreira, quem se destaca. Inicialmente Justine mostra-se uma pessoa feliz, sempre ostentando um sorriso no rosto. Porém, aos poucos, vamos descobrindo que sua aparente felicidade é apenas uma falsa fachada para conflitos internos e uma intensa depressão.

Já Claire (Gainsbourg, sempre excelente), embora deixe transparecer uma estabilidade emocional que contrapõe-se à irmã, na realidade esconde inseguranças e ansiedades. Sempre com um rosto sério, que jamais deixa transparecer se é feliz, Claire utiliza a família para encobrir seus medos e inseguranças.

Porém, quanto mais Melancolia aproxima-se da Terra, mais a dinâmica entre as duas irmãs parece mudar. Se Justine antes era tomada por uma depressão profunda; frente à morte iminente, parece assumir calma e serenidade, como se a sua vida, sofrida e pessimista, finalmente fizesse sentido. Já Claire, com a certeza da tragédia, vê seu 'castelo' ruir, e suas incertezas tomarem conta do que resta da sua vida. E nesse momento, Lars von Trier volta a adotar uma câmera mais tranquila e estática, refletindo a paz interior que toma conta da protagonista Justine.

Da mesma forma que seus outros filmes, von Trier recheia "Melancolia" com simbolismos, alguns mais óbvios como a constante sensação de imobilização de Justine que se resume em um belíssimo plano do prólogo onde raízes negras prendem-se às pernas e braços da personagem enquanto esta caminha; ou seu próprio cavalo que nega-se a transpor uma simples ponte, numa clara alusão à dificuldade que a moça tem de seguir à diante com sua vida; ou mesmo o nome óbvio do planeta em rota de colisão com a Terra.

Porém, mesmo sem perceber os simbolismos de Lars von Trier (e claro que só citei os mais evidentes - tenho certeza que quando assistir novamente ao longa, mais correlações surgirão), o filme já seria um excelente estudo de personagens e uma obra eficiente em mostrar a depressão de Justine e o quão isto afeta a todos ao seu redor.

Contando com um plano final arrebatador, chega a ser curioso que dois filmes lançados na mesma época abordem, cada um da sua maneira, a mesma questão cerne: independente do fim que teremos ou da maneira que vivemos a nossa vida, o que temos de mais valioso é o relacionamento e o amor por aqueles que nos cercam. E, se em "
A Árvore da Vida" a vida era tratada com otimismo, Lars von Trier a vê com certo pessimismo e de forma imprevisível (e o buraco 19 no campo de golfe de John, muito bem interpretado por Kiefer Sutherland, é a prova disso).

Fica a dica!


por Melissa Lipinski 



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Árvore da Vida

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Árvore da Vida, A (The Tree of Life, 2011)

Estreia oficial: 17 de maio de 2011
Estreia no Brasil: 12 de agosto de 2011
IMDb



"A Árvore da VIda" não é um filme de fácil absorção. Não por ter uma narrativa super complexa e uma história intrincada. Mas pela fragmentação de seu roteiro e pela subjetividade de suas imagens. O mesmo motivo que fez diversas pessoas saírem mais cedo da sessão do cinema onde eu estava, também fez eu me apaixonar instantaneamente e incondicionalmente pela obra-pima de Terrence Malick.

O filme é basicamente um recorte de recordações e sentimentos, principalmente guiados pela visão de Jack O'Brien (Sean Penn quando adulto, e Hunter McCracken quando jovem). Filho mais velho do Sr. O'Brien (Brad Pitt) e da sua esposa (Jessica Chastain), o filme mostra o relacionamento dele com seus pais e com seus dois irmãos menores, R.L. (Laramie Eppler) e Steve (Tye Sheridan); ao mesmo tempo em que mostra o quão pequenos são os personagens (e todos os seres humanos) frente ao desenvolvimento do Universo.

Os atores têm um trabalho excepcional na composição dos personagens. Jessica Chastain (em seu primeiro trabalho de grande expressão no Cinema) cria a Sra. O'Brien como uma figura angelical, etérea, cuja comunhão que estabelece com a Natureza cria uma paz ao redor de seu mundo. O que contrapõe com a maneira que seu marido lida com as coisas, e Brad Pitt compõe um personagem sisudo, sempre rijo (basta notar a forma com que o ator levemente projeta sua mandíbula para frente, num sinal de masculinidade e constante tensão). E, se a Sra. O'Brien trata os filhos com espontaneidade, ensinando-os principalmente a amar a tudo e a todos. O Sr. O'Brien exige disciplina de sua prole, porém, Pitt é competente em não deixar seu personagem cair no estereótipo, fazendo com que ele tenha momentos de carinho e afeto com seus filhos. Já Sean Penn, mesmo com pouco tempo em tela, consegue transmitir todo peso e remorso de seu personagem. Sentimentos esses que são bem construídos pelo jovem Hunter McCracken.

E é através dos olhos deste último que Malick conduz a maior parte de sua narrativa, inclusive, colocando a câmera mais baixa, na altura dos olhos do jovem. São suas descobertas, seus sentimentos e suas recordações que, essencialmente, são transmitidas para o público.

Terrence Malick guia seus longos planos contemplativos de forma calma, estabelecendo, logo no início, o tom que guiará toda a sua história: a diferença entre os conceitos de "graça" e de "natureza". Sendo, a primeira, a bondade e humanidade dos seres; e a segunda, a maneira impiedosa com que se trata o mundo ao seu redor. Tudo isso num contexto ainda maior: o da criação da Terra e do próprio Universo.

E, se os personagens constantemente voltam-se a Deus, fazendo perguntas sobre o significado da vida e de sua própria existência, chega a ser paradoxal (de forma proposital, é claro) que Malick retrate sua história com a clara ausência deste. Deus aqui, apenas é visto nas construções das igrejas (como os vitrais). É como se Malick mostrasse que a criação do Universo já é algo sublime o bastante em sua evolução para precisar de algo a mais, de algo divino. Aliás, a religião é mostrada pelo diretor como algo paternalista e impositora, repleta de regras e preconceitos - simbolizada pelo Sr. O'Brien. Já a Natureza é o contraponto desta visão, sempre generosa e amorosa, assim como a Sra. O' Brien, ela consegue mostrar muito mais compaixão pelos demais do que as reações divinas (e a cena onde um dinossauro poupa a vida de outro, ferido, é a prova incontestável disso).

Mas não é apenas em seu discurso que "A Árvore da Vida" merece aplausos. Visualmente impecável, o filme conta com efeitos visuais de cair o queixo, seja com seus monumentais planos do espaço, ou daqueles singelos de microorganismos. São cenas que despertam as mais diferentes sensações em quem as vê, não pelo seu significado dentro da história, mas pelo simples fato de estarmos contemplando belíssimas imagens, que bastam por si só.

Enfim, é difícil explicar o sentimento que tomou conta de mim depois de assistir a este filme. Um turbilhão de emoções e de recordações. Ainda agora, escrevendo, sinto um nó no estômago ao lembrar dele. Ele faz-nos pensar que nossas memórias não fazem parte apenas do nosso passado; mas constituem o nosso presente, fazendo-nos, às vezes, até encarar a vida de outra maneira, assim como acontece com Jack adulto, que, ao encarar e aceitar o seu passado, consegue sorrir, ainda que timidamente, pela primeira vez em todo o filme. Sean Penn me emocionou com suas lembranças. Hunter McCracken me emocionou com suas experiências. Brad Pitt me emocionou com sua conduta. Jessica Chastain me emocionou com seu amor. Terrence Malick me emocionou pela sua grande celebração à vida.

Não é um filme fácil, isso é fato. E os espectadores acostumados ao imediatismo de entendimento condicionado pelo cinema da indústria estadunidense certamente vão odiá-lo. Mas como diz Ismail Xavier em seu livro "O Discurso Cinematográfico", "o nosso papel, como espectadores, é elevar nossa sensibilidade de modo a superar a 'leitura convencional' da imagem e conseguir ver, para além do evento imediato focalizado, a imensa orquestração do organismo natural e a expressão do 'estado de alma' que se afirmam na prodigiosa relação câmera-objeto". Ou como já disse o cineasta Gregory Markopoulos: "é preciso que o espectador se liberte dos condicionamentos do cinema dominante". São essa sensibilidade e essa liberação que se fazem necessárias para contemplar "A Árvore da Vida", um filme belíssimo, comovente e obrigatório. Fiquei com vontade de revê-lo. Mais e mais.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


 
 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Super 8

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Super 8 (Super 8, 2011)

Estreia oficial: 9 de junho de 2011
Estreia no Brasil: 12 de agosto de 2011
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"Super 8" pode ser encarado como uma mistura de "Os Goonies" (1985) e "Cloverfield - Monstro" (2008). O roteiro de "Os Goonies" partiu de uma história de Steven Spielberg, já o de "Cloverfield", de uma ideia de J.J. Abrams. Spielberg é o produtor de "Super 8", Abrams, seu diretor. Portanto, acho que não há coincidências nenhuma neste fato.

O filme dirigido por Abrams é como uma homenagem a filmes como o próprio "Os Goonies", e "E.T. - O Extraterrestre" (de 1982, dirigido também por Steven Spielberg). E assisti-lo traz uma certa nostalgia, principalmente por aqueles que, assim como eu, cresceram nos anos 1980, assistindo a filmes como esses dois citados.

"Super 8", que foi escrito pelo próprio Abrams, conta a história de um grupo de amigos pré-adolescentes que, no verão de 1979, ao gravar uma cena de um filme em super 8 que estão realizando, presenciam um fenomenal acidente de trem, próximo à estação da pequena cidade onde moram, Lilian. Não demora muito para que o exército tome conta da situação, encobrindo alguns fatos, inclusive a presença de uma criatura extraterrestre que logo começa a atacar a cidadezinha. Em meio a tudo isso, o grupo de amigos ainda tem que lidar com problemas com seus pais e com o surgimento do primeiro amor.

É interessante notar que sempre que o filme explora o relacionamento entre os amigos e a realização do filme destes, ele fica melhor. Quando volta-se para o "monstro", ou para o drama familiar, acaba derrapando.

A dinâmica entre os jovens atores é muito boa, e o relacionamento entre eles passa uma veracidade incrível; assim, não é de se espantar que, em meio a uma conversa importante em uma lanchonete, o assunto logo descambe para piadinhas, provocações e brincadeiras típicas da idade. São momentos que ajudam a construir os personagens e fazem com que os espectadores identifiquem-se com estes. Da mesma forma, os momentos em que a trupe está gravando cenas para seu curta em super 8 são engraçados e dão o alívio cômico certo para a narrativa.

Porém, Abrams coloca um drama familiar forte envolvendo o casal protagonista, Joe (Joel Courtney) e Alice (Elle Fanning), e seus respectivos pais, que sempre soa maniqueísta, tendo o único propósito de levar os espectadores às lágrimas. Tentativa que falha justamente por aparentar forçada e melodramática. Aqui há uma certa similariedade com as obras de seu 'mentor', Spielberg, já que a ausência da figura paterna é recorrente nos trabalhos deste cineasta.

Ainda lembrando os filmes do gênero com a 'marca' Spielberg, J.J. Abrams abusa do uso de lanternas (alguém falou "Os Goonies" e "A Casa Monstro"?) e de bicicletas (hãããã, "E.T."?) para marcar a aventura dos amigos 'cineastas'. Elementos que auxiliam na tal da nostalgia, fazendo uma bonita homenagem.

Acertada também é a parte técnica do longa. Desde a fotografia de Larry Fong, que varia entre uma escuridão profunda, que auxilia a manter o clima de tensão, e cenas mais iluminadas para ilustrar o cotidiano da pequena cidade onde a história acontece. Passando pela cuidadosa direção de arte que recria com perfeição o ambiente da época, assim como o capricho com os objetos de cena e com os figurinos. Até chegar aos incríveis efeitos especiais, que criam um espetacular acidente de trem e uma criatura monstruosa que, quando aparece, convence em seus movimentos e texturas.

Porém, é exatamente quando volta-se para a tal criatura que "Super 8" falha. Optando, acertadamente, por não mostrar o monstro durante a maior parte do filme, J. J. Abrams deveria ter continuado desta maneira até o fim do longa. Para completar, o final, explicando 'as razões' do monstro soa forçado e inverossímil (e não só para a 'vida real', o que seria perdoável se fizesse sentido dentro da lógica do próprio filme, o que também não acontece). Assim como a tentativa de humanizar o monstro, num confronto totalmente patético entre este e o protagonista.

Finalmente, é interessante notar que o filme realizado pelos personagens - e que, acertadamente, é mostrado durante os créditos finais - seja mais interessante (e até melhor!) do que o próprio filme em que ele está contido. O filme em super 8, "O Caso", é uma mistura entre filmes de detetive e filmes de zumbis, contendo, inclusive uma justa homenagem a George Romero (talvez o maior diretor de filmes de zumbis, responsável pelos clássicos "A Noite dos Mortos-Vivos", de 1968; "Zombie - O Despertar dos Mortos", de 1978; "Dia dos Mortos", de 1985; e o mais recentes "Terra dos Mortos", de 2005, e "A Ilha dos Mortos", de 2009).

Enfim, J.J. Abrams deveria ter seguido melhor os ensinamentos de seu 'mestre', e se inspirado em filmes como "A Casa Monstro" (2006), também produzido por Spielberg, onde não há espaço para tanto sentimentalismo barato e explicações estapafúrdias. Apenas o bom entretenimento e a mais pura diversão em histórias de monstros voltadas para o público juvenil.


por Melissa Lipinski