sábado, 4 de junho de 2011

Thor

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Thor (Thor, 2011)

Estreia oficial: 21 de abril de 2011
Estreia no Brasil: 29 de abril de 2011
IMDb



"Thor" é mais um dos filmes inspirados nos quadrinhos da Marvel. Essas adaptações já geraram tanto ótimos filmes, como a franquia "X-Men" (exceção feita ao exemplar dedicado ao Wolverine) e "Homem de Ferro" 1 e 2; quanto péssimos, como os dois "Quarteto Fantástico". Felizmente, "Thor" é um meio-termo, equilibra-se bem entre sequências de ação e comédia. Mas também pára por aí, já que o roteiro não consegue suscitar discussões mais aprofundadas sobre ideias interessantes que ele mesmo levanta, como por exemplo, as pontes de Einstein-Rosen.

E se o roteiro não chega a ser um 'quebra-cabeças' de complexidade, tão pouco oferece obstáculos realmente difíceis para o herói, já que nunca sentimos que Thor está realmente em uma situação com a qual não possa lidar facilmente, o que sabota, um pouco, essa sensação que deveríamos ter, de sentir medo ou apreensão pela vida do personagem.

Da mesma forma, o romance entre o personagem-título e a cientista Jane Foster, interpretada por Natalie Portman, não convence. É até compreensível a razão da moça sentir-se atraída pelo herói, já que ele é realmente um 'deus nórdico' e aparece mostrando suas toneladas de músculos… Mas, por que mesmo Thor se apaixona por Jane? Será que é por que ela o atropela… duas vezes?! O roteiro jamais consegue oferecer uma justificativa plausível para isso, a não ser, é claro, que a cientista em questão tem o rosto e a simpatia de Natalie Portman… Enfim, Thor passa dois dias na Terra e nesse meio-tempo, além de se arrepender por suas atitudes infantis, egocêntricas e irresponsáveis, ainda tem tempo de um romance à jato com Jane. Realmente os deuses nórdicos não perdem tempo! Ufa! As próprias mudanças de comportamento de Thor soam rápidas demais e inverossímeis.

Mas, esquecendo um pouco do roteiro (se é que isso é possível), sobra a "Thor" uma direção de arte impressionante pela sua grandiosidade (ao menos em Asgard, o reino de Odin). Seus palácios dourados, sua ponte de cristal com as cores do arco-íris, e o figurino de seus habitantes, chamam a atenção pela sua imponência e convencem que aquele é realmente um reino de deuses. Esse visual imponente e luxuoso, opõe-se ao visto no planeta dos Gigantes de Gelo, onde o azul (obviamente) é a cor dominante, e suas gigantescas montanhas de gelo dão um tom desolador e frio ao local. Ao mesmo tempo em que se contrapõem ao visual cru e desértico da Terra, já que a ação acontece nos desertos do Novo México (EUA).

Mas, além da arte, a edição também é eficiente, conseguindo impor um bom ritmo à narrativa, mantendo de forma equilibrada uma ação paralela entre o que acontece na Terra e o que se passa em Asgard.

Quanto às atuações, não se pode exigir muito de personagens que acabam sendo apenas estereótipos. Se Anthony Hopkins transmite a força e sabedoria necessárias que um Odin deveria ter; Tom Hiddleston esforça-se para transformar seu Loki em um personagem tridimensional (por mais que no terço final o roteiro o transforme em uma caricatura de vilão); e Stellan Skarsgård ofereça a segurança e simpatia que o cientista Erik Selvig tem para oferecer à Jane; o mesmo não se pode dizer das personagens femininas: Rene Russo é simplesmente jogada fora em um papel totalmente secundário que lhe oferece, no máximo, a oportunidade de falar duas ou três de falas; e Natalie Portman limita-se a fazer o que o roteiro a permite, transformando sua Jane Foster em mais uma mocinha atrevida do que uma cientista-pesquisadora. A graça mesmo, fica por parte de Kat Dennings que, por mais que surja como mais um estereótipo, pelo menos consegue fazer rir com suas engraçadas frases de efeito.

O que nos leva ao protagonista, Chris Hemsworth. Confesso que tinha um certo pré-conceito sobre esse musculoso loiro, achando que apenas seu físico teria influenciado sua escolha para o papel. Surpreendentemente, Hemsworth consegue levar o filme nas costas, dando conta não só das cenas de ação, como também daquelas que exigem um pouco mais de emoção, saindo-se ainda melhor nos momentos em que seu personagem tende mais para o humor, revelando um grande carisma.

Finalmente, o longa conta, além da costumeira participação de Stan Lee em filmes da Marvel, com uma aparição relâmpago e não creditada de Jeremy Renner, que, segundo pesquisei na internet, fará o personagem Gavião Arqueiro (Hawkeye, em inglês) na grande super-produção "Os Vingadores" - que tem lançamento previsto para 2012. O que me leva a crer, corroborado pelo trailer do "Capitão América: O Primeiro Vingador" visto antes de "Thor", que este (assim como o "Capitão América" e qualquer outro filme que a Marvel lance neste meio-tempo) foi só uma preparação para este grande filme que a Marvel vêm produzindo há anos. O que é uma pena, pois parece que esta preparação acaba sabotando os projetos individuais dos heróis, transformando-os mais em um episódio de uma série do que em um filme que consiga 'falar' e 'sobreviver' por si mesmo.


por Melissa Lipinski


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