terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Minhas Mães e Meu Pai

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010)

Estreia Oficial: 30 de julho de 2010
Estreia no Brasil: 12 de novembro de 2010



"Minhas Mães e Meu Pai" trata de uma família estadunidense moderna. Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) engravidaram usando o mesmo doador de espermas e tiveram, respectivamente, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). Quando Joni completa 18 anos, seu irmão pede que ela entre em contato com o pai, Paul (Mark Ruffalo), para que o conheçam. E, a partir deste encontro é que as dúvidas e inseguranças do casal principal começa a aflorar.

Um típico filme do circuito independente estadunidense, "Minha Mães e Meu Pai" peca em ser caricatural demais. Nic surge como o papel masculino da relação. Já Jules é a mulher que abriu mão da carreira para cuidar dos filhos. Nic mostra-se distante dos afazeres domésticos, menospreza delicadamente a capacidade de Jules arranjar um emprego e, está sempre irritada. Já Jules, agora com os filhos crescidos, tenta se encontrar em uma nova carreira. Porém as duas são "cabeças-abertas", esclarecidas, inteligentes, cultas… Um típico casal moderno.

Até aí tudo bem, só que acontece que as personagens não são bem desenvolvidas. Principalmente a personagem de Annette Bening. Nunca compreendemos a razão do descontentamento e irritação desta. E suas neuroses e inseguranças variam conforme o andar da carruagem, adaptando-se às necessidades do roteiro, e nunca mostrando-se bem fundamentadas. Já o interesse que Jules começa a sentir por Paul devido à crise em seu casamento nunca é bem explicado, e parece gratuito, apenas para criar um conflito na trama. Os personagens secundários, os amigos de Joni e Laser, também são praticamente esquecidos a partir de certo ponto da história.

E é quase um milagre o que Bening, Moore e Ruffalo conseguem fazer por seus personagens. E toda a força do filme reside em suas atuações. Annete Bening encontra o ponto certo para compor sua personagem, que é mais 'masculinizada' que sua companheira. Juliane Moore, como de costume, dá fragilidade e sutileza à sua personagem, e é o carro guia que move o filme. Já Mark Ruffalo, encarna mais uma vez, o homem sensível a que está acostumado, saindo-se muito bem. Quanto às "crianças", está tudo bem, como sugere o título original, e Mia Wasikowska está muito mais eficiente do que em "
Alice no País das Maravilhas".

Pena que o roteiro não tenha dado conta dos atores que tinha em mãos, já que é clichê do começo ao fim, embora a segunda metade da trama pareça ganhar em sensibilidade e carga emocional, mas acho que isso se deve principalemente ao desempenho de seus protagonistas.


por Melissa Lipinski

 


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