terça-feira, 26 de abril de 2011

Um Ano Mais

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Ano Mais, Um (Another Year, 2010)

Estreia oficial: 5 de novembro de 2010
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



Mike Leigh é um perito em retratar pessoas comuns... e infelizes. Desde "Segredos e Mentiras" (1996), passando por "Agora ou Nunca" (2001) e "O Segredo de Vera Drake" (2004), até "Simplesmente Feliz" (2008) - que, apesar do título, e de sua protagonista meio "Pollyana", também possui seu quê de pessoas infelizes - e isso apenas citando os longas aos quais assisti. E esse seu último filme, "Another Year", é mais um belíssimo exemplar desta sua peculiaridade.

"Another Year" trata das visitas que o casal Tom (Jim Broadbent), um geólogo, e Gerri (Ruth Sheen), uma psquiatra, recebem ao longo de um ano. A amiga de Gerri, Mary (Lesley Manville) é a personagem que mais visita o casal. É também aquela que vai, através de suas neuroses e tristezas, nos mostrar o quanto Tom e Gerri (sim a piada é inevitável, até para os personagens do filme) são felizes dentro de sua vidinha pacata e rotineira. Também passam pela casa do casal, neste ano, seu filho, Joe (Oliver Maltman), sua namorada Katie (Karina Fernandez), o irmão de Tom, Ronnie (David Bradley), e o amigo Ken (Peter Wight).

A escolha de Mike Leigh em dividir a trama nas estações do ano, é acertada, pois o tom episódico que dá, assim, ao filme, favorece o contar da história, atribuindo a cada estação uma visita diferente feita ao casal. Na primavera, conhecemos Mary (que também aparece em todas as outras estações). No verão, Ken. No outono, Joe e Katie. E, no inverno, Ronnie.

O relacionamento feliz de Tom e Gerri não nos é mostrado através de juras de amor ou demonstrações arrebatadoras de paixão, mas pelo dia-a-dia deste casal que já viveu muita coisa juntos. Vemos todo o carinho que um sente pelo outro nas pequenas coisas, olhares, frases soltas ditas com tamanha naturalidade... É o retrato de um casal que se conhece tanto, e que, às vezes, não precisa nem dizer nada para se entender.

E, se a Tom e Geri, sucedem a alegria e harmonia, em oposição a eles, estão os seus visitantes, atolados de tristezas e mágoas, de amores não concretizados e problemas não resolvidos. Mary é a personificação disto. É o oposto da felicidade que o casal vive. E, por mais que, volta e meia, retorne à casa de Tom e Gerri, nunca consegue "embriagar-se" com um pouco da sua paz de espírito. Muito pelo contrário, às vezes, ela consegue é levar a quebra momentânea desta paz, com sua atitude derrotista. O plano final, que vai fechando no rosto de Mary, é desalentador. Com ele percebemos que Mary jamais conseguirá ter sequer um pouquinho daquilo que Tom e Gerri construíram, por mais que ela se esforce para fazer parte. Vale dizer que, não fosse a belíssima atuação de todo o elenco, talvez a força do filme seria menor.

Assim, Mike Leigh consegue nos comover, oferecendo um filme otimista, com todo o amor que Tom e Gerri sentem um pelo outro, e pelos relacionamentos de amizade que cultivam; e, ao mesmo tempo, pessimista, já que Mary (principalmente) parece nunca acertar a sua vida, por mais que pareça se esforçar.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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O filme gira em torno do casal Tom (Jim Broadbent) e Gerri (Ruth Sheen). Gira em torno deles e de suas amizades depressivas. Não as amizades em si, mas sim as pessoas que são muito pra baixo, sem muita motivação na vida.

O casal principal é excelente. Ótimos atores numa interação incrível, mas quem rouba a cena é a Mary (Lesley Manville). Ela consegue puxar e tensionar toda a cena para o que esta personagem está passando. Incrível a atuação de Lesley.

O resto do elenco também está ótimo. Na verdade o roteiro é muito bem escrito. A montagem é excelente e o filme é dividido em estações do ano, o que corroborou para um bom ritmo do mesmo.

Excelente. Recomendo.


por Oscar R. Júnior


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