sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Mágico

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Mágico, O (L'Illusionniste, 2010)

Estreia oficial: 16 de junho de 2010
Estreia no Brasil: 14 de janeiro de 2011
IMDb



"O Mágico" é dirigido por Sylvain Chomet, que volta ao mundo das animações depois do espetacular "As Bicicletas de Belleville" (2003). É interessante notar que neste meio tempo (7 anos), Chomet apenas dirigiu um filme, o segmento "Torre Eiffel" de "Paris, Te Amo" (2006). E ele volta em grande estilo.
O filme é baseado em um roteiro deixado pelo grande cineasta francês Jacques Tati, onde o protagonista, o mágico do título, foi criado por Chomet à imagem e semelhança do próprio Tati. Um ilusionista que não consegue mais chamar público aos seus shows e acaba indo parar na Escócia, onde atrai a atenção de uma jovem que acredita que ele é realmente um mágico de verdade. A adolescente, então, decide ir embora com o mágico. Porém, a menina acaba se revelando bastante interessada em presentes caros, e o mágico então, esforça-se para ganhar o dinheiro necessário a satisfazer os desejos da moça, a quem parece ter adotado como uma espécie de filha.

Da mesma maneira que em "As Bicicletas de Belleville", esta animação não possui quase nenhum diálogo. E ainda como a anterior, é feita sem muito auxílio de computação gráfica, mostrando todo o talento de Sylvain Chomet como animador. Tudo é muito bem realizado, da concepção dos personagens ao design dos ambientes. Impecável.

E se Jacques Tati é, sem sombra de dúvida, a grande inspiração de Chomet, pois o mágico é uma versão animada do seu Monsieur Hulot; além do protagonista entrar em um cinema onde está passando "Meu Tio" (1958), também de Tati; o diretor/animador também se utiliza de outras referências, como "Alice no País das Maravilhas", já que acaba transformando a menina em uma versão da personagem criada por Lewis Carroll, com direito até ao seu clássico vestido azul. E, da mesma forma como a personagem de Carroll, esta 'Alice escocesa' também encontra um coelho branco e, de forma tocante, também acaba descobrindo que criaturas mágicas e fantasia não existem.

E assim, Chomet não tenta divertir com sua animação, já que "O Mágico" é antes de tudo melancólico e definitivamente, não voltado para o público infantil, já que seu universo é habitado por criaturas depressivas, derrotadas e solitárias, em um mundo realmente sem ilusões e mágicas.

Mais uma vez, vale a pena entregar-se ao mundo animado de Sylvain Chomet. Ele pode até não divertir como em "As Biciletas de Belleville", mas sem sombra de dúvidas é um belíssimo e emocionante trabalho.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


 

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