segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Invictus

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Invictus (Invictus, 2009)

Estreia Oficial: 03 de dezembro de 2009
Estreia no Brasil: 29 de janeiro de 2010
IMDb



Clint Eastwood mostra, mais uma vez, que é um diretor muito competente e, mistura aqui, duas paixões da África do Sul: Mandela e rúgbi. Acima de tudo, o rúgbi. Não, não estou esquecendo do fato histórico nem de Nelson Mandela - tudo isso está presente no filme - mas servem de pano de fundo para uma história sobre rúgbi.

E, mesmo o filme tendo o esporte como seu foco principal, não é necessário saber muito sobre ele (o que é o meu caso) para entender a trama, tamanha a maestria com que Eastwood "comanda" as cenas dos jogos. O que mais conta nesses momentos não são as regras em si, mas a emoção de cada partida, o que cada vitória significava para o time, para Mandela e para o povo sul-africano. E o diretor mostra-nos isso de forma impecável. As cenas do jogo final entre sul-africanos e neozelandeses parece um duelo de titãs... uma luta de gladiadores, e as câmeras lentas nos momentos certos e os sons de grunhidos e choques entre os jogadores demonstram o quão penoso foi ganhar aquela batalha.

Pra quem ainda não conhece a História: no início de seu governo, Mandela teve a brilhante idéia de se utilizar da Copa do Mundo de Rúgbi (que aconteceu na África do Sul, em 1995) para tentar minimizar o conflito entre brancos e negros. Tradicionalmente, a esmagadora maioria dos torcedores de rúgbi era branca. Chegando ao ponto de os negros não torcerem para o time sul-africano (o Springboks), e sim para o time da Inglaterra. Mandela, contando com a ajuda do capitão da seleção sul-africana, François Pienaar (aqui interpretado por Matt Damon) viu no esporte - e na paixão que ele desperta nos torcedores - a possibilidade de fazer com que os negros começassem a também torcer pela seleção da África do Sul - o que aconteceu, e foi o início da mudança que Mandela tanto idealizava para pôr fim a um regime de discriminação racial.

A escolha de Clint Eastwood em utilizar imagens da época (documentais) mescladas com imagens ficcionais para a ambientação da história é acertadíssima. É certo que não há nenhuma inovação nisso (já vimos isso outras vezes), mas funciona. O filme segue uma narrativa linear tradicional, que se encaixa perfeitamente na história a ser contada.

E, por mais que a história gire em torno do rúgbi e Mandela, não há como desconsiderar os contrastes sócio-raciais da África do Sul, e eles estão lá: chama a atenção as favelas, e principalmente a reação dos jogadores de rúgbi ao visitarem esses lugares, como se até então, nunca tivessem "notado" que aquilo estivesse ali; nunca tivessem tomado consciência do abismo econômico que separava (e ainda separa) brancos e negros.

A Direção de Arte, com a reprodução de cenários da época é incrível. A fotografia também é acertada. A montagem valoriza o desenvolvimento da história. A direção de Eastwood, como falei, é o ponto alto do filme. E, dentre atuações corretas, é Morgan Freeman quem se destaca. O ator está bastante parecido com Mandela, não apenas fisicamente, mas no seu jeito: a forma de falar, de se expressar. É notável o trabalho do ator.

Mas, como falei, o principal do filme é o rúgbi, e isso deixa Mandela como personagem secundário dessa história, o que acaba enfraquecendo-a um pouco. Acho que gostaria de ver mais do grande líder político nas telas, e um pouco menos do esporte em si, por mais que tenha sido mostrado de forma interessante.

E a lição do ‘mestre’ Nelson Mandela permanece na cabeça: “Agradeço a todos os deuses que possam existir, por meu espírito invencível. Eu sou o dono do meu destino. Eu sou o capitão da minha alma”.


por Melissa Lipinski
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Um filme sobre Nelson Mandela? Um filme sobre Rúgbi? Ou um filme sobre união nacional?

Na verdade sinto que o filme é tudo isso. Obviamente o retrato sobre o momento em que vivia a África do Sul é fantástico, nos mostrando a convulsão social e sentimento para com os antigos dominadores brancos logo após a eleição de Mandela.

Os seguranças presidenciais rendem cenas engraçadas pela tensão que há entre os que são negros e os que são brancos, vindos da segurança do antigo presidente até.
Destaco o Nelson Mandela (Morgan Freeman), que obviamente se parece muito com o personagem, mas consegue transmitir a serenidade, a calma e a sabedoria deste homem que passou 27 anos preso em uma sela minúscula (que é mostrada no filme).

Clint Eastwood tem acertado bastante nos filmes que tem dirigido ("Gran Torino", "A Troca", "Menina de Ouro", entre outros). Recomendo.


por Oscar R. Júnior


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