ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Invictus (Invictus, 2009)
Estreia Oficial: 03 de dezembro de 2009
Estreia no Brasil: 29 de janeiro de 2010
IMDb
Clint Eastwood mostra, mais uma vez, que é um diretor muito competente e, mistura aqui, duas paixões da África do Sul: Mandela e rúgbi. Acima de tudo, o rúgbi. Não, não estou esquecendo do fato histórico nem de Nelson Mandela - tudo isso está presente no filme - mas servem de pano de fundo para uma história sobre rúgbi.
E, mesmo o filme tendo o esporte como seu foco principal, não é necessário saber muito sobre ele (o que é o meu caso) para entender a trama, tamanha a maestria com que Eastwood "comanda" as cenas dos jogos. O que mais conta nesses momentos não são as regras em si, mas a emoção de cada partida, o que cada vitória significava para o time, para Mandela e para o povo sul-africano. E o diretor mostra-nos isso de forma impecável. As cenas do jogo final entre sul-africanos e neozelandeses parece um duelo de titãs... uma luta de gladiadores, e as câmeras lentas nos momentos certos e os sons de grunhidos e choques entre os jogadores demonstram o quão penoso foi ganhar aquela batalha.
Pra quem ainda não conhece a História: no início de seu governo, Mandela teve a brilhante idéia de se utilizar da Copa do Mundo de Rúgbi (que aconteceu na África do Sul, em 1995) para tentar minimizar o conflito entre brancos e negros. Tradicionalmente, a esmagadora maioria dos torcedores de rúgbi era branca. Chegando ao ponto de os negros não torcerem para o time sul-africano (o Springboks), e sim para o time da Inglaterra. Mandela, contando com a ajuda do capitão da seleção sul-africana, François Pienaar (aqui interpretado por Matt Damon) viu no esporte - e na paixão que ele desperta nos torcedores - a possibilidade de fazer com que os negros começassem a também torcer pela seleção da África do Sul - o que aconteceu, e foi o início da mudança que Mandela tanto idealizava para pôr fim a um regime de discriminação racial.
A escolha de Clint Eastwood em utilizar imagens da época (documentais) mescladas com imagens ficcionais para a ambientação da história é acertadíssima. É certo que não há nenhuma inovação nisso (já vimos isso outras vezes), mas funciona. O filme segue uma narrativa linear tradicional, que se encaixa perfeitamente na história a ser contada.
E, por mais que a história gire em torno do rúgbi e Mandela, não há como desconsiderar os contrastes sócio-raciais da África do Sul, e eles estão lá: chama a atenção as favelas, e principalmente a reação dos jogadores de rúgbi ao visitarem esses lugares, como se até então, nunca tivessem "notado" que aquilo estivesse ali; nunca tivessem tomado consciência do abismo econômico que separava (e ainda separa) brancos e negros.
A Direção de Arte, com a reprodução de cenários da época é incrível. A fotografia também é acertada. A montagem valoriza o desenvolvimento da história. A direção de Eastwood, como falei, é o ponto alto do filme. E, dentre atuações corretas, é Morgan Freeman quem se destaca. O ator está bastante parecido com Mandela, não apenas fisicamente, mas no seu jeito: a forma de falar, de se expressar. É notável o trabalho do ator.
Mas, como falei, o principal do filme é o rúgbi, e isso deixa Mandela como personagem secundário dessa história, o que acaba enfraquecendo-a um pouco. Acho que gostaria de ver mais do grande líder político nas telas, e um pouco menos do esporte em si, por mais que tenha sido mostrado de forma interessante.
E a lição do ‘mestre’ Nelson Mandela permanece na cabeça: “Agradeço a todos os deuses que possam existir, por meu espírito invencível. Eu sou o dono do meu destino. Eu sou o capitão da minha alma”.
por Melissa Lipinski
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E, mesmo o filme tendo o esporte como seu foco principal, não é necessário saber muito sobre ele (o que é o meu caso) para entender a trama, tamanha a maestria com que Eastwood "comanda" as cenas dos jogos. O que mais conta nesses momentos não são as regras em si, mas a emoção de cada partida, o que cada vitória significava para o time, para Mandela e para o povo sul-africano. E o diretor mostra-nos isso de forma impecável. As cenas do jogo final entre sul-africanos e neozelandeses parece um duelo de titãs... uma luta de gladiadores, e as câmeras lentas nos momentos certos e os sons de grunhidos e choques entre os jogadores demonstram o quão penoso foi ganhar aquela batalha.
Pra quem ainda não conhece a História: no início de seu governo, Mandela teve a brilhante idéia de se utilizar da Copa do Mundo de Rúgbi (que aconteceu na África do Sul, em 1995) para tentar minimizar o conflito entre brancos e negros. Tradicionalmente, a esmagadora maioria dos torcedores de rúgbi era branca. Chegando ao ponto de os negros não torcerem para o time sul-africano (o Springboks), e sim para o time da Inglaterra. Mandela, contando com a ajuda do capitão da seleção sul-africana, François Pienaar (aqui interpretado por Matt Damon) viu no esporte - e na paixão que ele desperta nos torcedores - a possibilidade de fazer com que os negros começassem a também torcer pela seleção da África do Sul - o que aconteceu, e foi o início da mudança que Mandela tanto idealizava para pôr fim a um regime de discriminação racial.
A escolha de Clint Eastwood em utilizar imagens da época (documentais) mescladas com imagens ficcionais para a ambientação da história é acertadíssima. É certo que não há nenhuma inovação nisso (já vimos isso outras vezes), mas funciona. O filme segue uma narrativa linear tradicional, que se encaixa perfeitamente na história a ser contada.
E, por mais que a história gire em torno do rúgbi e Mandela, não há como desconsiderar os contrastes sócio-raciais da África do Sul, e eles estão lá: chama a atenção as favelas, e principalmente a reação dos jogadores de rúgbi ao visitarem esses lugares, como se até então, nunca tivessem "notado" que aquilo estivesse ali; nunca tivessem tomado consciência do abismo econômico que separava (e ainda separa) brancos e negros.
A Direção de Arte, com a reprodução de cenários da época é incrível. A fotografia também é acertada. A montagem valoriza o desenvolvimento da história. A direção de Eastwood, como falei, é o ponto alto do filme. E, dentre atuações corretas, é Morgan Freeman quem se destaca. O ator está bastante parecido com Mandela, não apenas fisicamente, mas no seu jeito: a forma de falar, de se expressar. É notável o trabalho do ator.
Mas, como falei, o principal do filme é o rúgbi, e isso deixa Mandela como personagem secundário dessa história, o que acaba enfraquecendo-a um pouco. Acho que gostaria de ver mais do grande líder político nas telas, e um pouco menos do esporte em si, por mais que tenha sido mostrado de forma interessante.
E a lição do ‘mestre’ Nelson Mandela permanece na cabeça: “Agradeço a todos os deuses que possam existir, por meu espírito invencível. Eu sou o dono do meu destino. Eu sou o capitão da minha alma”.
por Melissa Lipinski
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Um filme sobre Nelson Mandela? Um filme sobre Rúgbi? Ou um filme sobre união nacional?
Na verdade sinto que o filme é tudo isso. Obviamente o retrato sobre o momento em que vivia a África do Sul é fantástico, nos mostrando a convulsão social e sentimento para com os antigos dominadores brancos logo após a eleição de Mandela.
Os seguranças presidenciais rendem cenas engraçadas pela tensão que há entre os que são negros e os que são brancos, vindos da segurança do antigo presidente até.
Destaco o Nelson Mandela (Morgan Freeman), que obviamente se parece muito com o personagem, mas consegue transmitir a serenidade, a calma e a sabedoria deste homem que passou 27 anos preso em uma sela minúscula (que é mostrada no filme).
Clint Eastwood tem acertado bastante nos filmes que tem dirigido ("Gran Torino", "A Troca", "Menina de Ouro", entre outros). Recomendo.
por Oscar R. Júnior
Na verdade sinto que o filme é tudo isso. Obviamente o retrato sobre o momento em que vivia a África do Sul é fantástico, nos mostrando a convulsão social e sentimento para com os antigos dominadores brancos logo após a eleição de Mandela.
Os seguranças presidenciais rendem cenas engraçadas pela tensão que há entre os que são negros e os que são brancos, vindos da segurança do antigo presidente até.
Destaco o Nelson Mandela (Morgan Freeman), que obviamente se parece muito com o personagem, mas consegue transmitir a serenidade, a calma e a sabedoria deste homem que passou 27 anos preso em uma sela minúscula (que é mostrada no filme).
Clint Eastwood tem acertado bastante nos filmes que tem dirigido ("Gran Torino", "A Troca", "Menina de Ouro", entre outros). Recomendo.
por Oscar R. Júnior
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