Entre Irmãos (Brothers, 2009)
Estreia Oficial: 03 de dezembro de 2009
Estreia no Brasil: 12 de fevereiro de 2010
IMDb
Regravação do dinamarquês "Brødre", de Susanne Bier, este "Entre Irmãos" fala principalmente sobre as feridas psicológicas de um soldado preso e torturado na Guerra do Afeganistão, quando este retorna para casa depois de ser tido como morto. O foco aqui é principalmente nas relações familiares que este soldado (interpretado por Tobey Maguire) tenta manter.
Eu gosto dos filmes de Jim Sheridan, todos são tocantes e me emocionam, desde "Meu Pé Esquerdo", passando por "Em Nome do Pai", "O Lutador", até "Terra de Sonhos". E este seu novo filme não foi diferente. A maneira como o diretor consegue imprimir emoção em suas cenas faz com que nos importemos com as pessoas que estão ali, diante de nossos olhos.
Outra característica do diretor é conseguir reunir um elenco competente, e tirar deles uma boa atuação. Jake Gyllenhaal está bem, e Natalie Portman é encantadora e tocante. Mas é, sem dúvida, Tobey Maguire quem se sobressai. Apesar da sua cara de adolescente, ele é extremamente exitoso ao demonstrar as marcas (psicológicas) deixadas por torturas e atos terríveis que foi obrigado a cometer. Seu olhar perdido e sua expressão 'maníaca' faz com que nos preocupemos com o bem estar da sua família perante ele.
Pena que o roteiro não explore essa fase do personagem e decida se concentrar mais na explicação do que lhe aconteceu durante o tempo de cativeiro, e na relação do seu irmão (Gyllenhall) com sua mulher (Portman) e filhas. Assim, todo o ato final do filme e a adaptação (ou não-adaptação) de Sam (Maguire) à sua família acontecem muito rápido.
Mas é um pecadilho frente às inúmeras qualidades do filme. Uma delas, sem dúvida, é a trilha sonora. A música "Winter", composta por Bono e o U2, é muito bonita, e quando tocada, nos créditos finais, parece o final certo para essa história triste, e a qual não sabemos como vai realmente terminar.
"Entre Irmãos" faz uma crítica às guerras (ainda que não de forma escancarada), focando mais o lado psicológico daqueles que, de uma maneira ou de outra, voltam 'marcados' desses conflitos: Sam volta do Afeganistão; já seu pai, interpretado por Sam Shepard, que também é um veterano de guerra, também tivera dificuldades de se relacionar com a mulher quando retornou da guerra.
Enfim, o mais interessante neste filme é perceber o quão mutilado (mesmo que psicologicamente) alguém pode voltar de um conflito armado. Sam não consegue aceitar o fato que foi obrigado a matar um companheiro quando eles eram prisioneiros, sente-se como se tivesse traído à sua pátria, o exército, seus princípios, mesmo que não tivesse outra escolha (a não ser morrer). Quando volta para casa, ele procura em sua família uma traição que o redima, de alguma maneira, da traição que julga ter cometido. Ele não consegue encarar o que fez, e tenta buscar o mesmo sentimento de culpa naqueles que mais ama.
É um ótimo momento para refletir sobre a necessidade e sentido dessas guerras inúteis; sobre o amor e sobre o verdadeiro sentido de uma família. Vale a pena conferir.
Fica a dica!
O filme retrata a história do Capitão Sam Cahil (Tobey Maguire) que se prepara para voltar ao Afeganistão. Ele adora sua mulher Grace (Natalie Portman) e suas filhas, mas sente que o dever de servir ao país o chama. Há uma tensão na apresentação do filme entre a família e o irmão rebelde Tommy (Jake Gyllennhaal) que acaba de sair em condicional.
Destaque para Tobey Maguire, pois o personagem dele é impressionante. Magro, com várias cicatrizes das torturas, perturbado por ter matado o amigo. Transmite muito bem essa sensação.
E perto do fim tem a melhor cena do filme. Uma tensão crescente durante o jantar de aniversário da filha mais nova, em que não tiramos o olho do Capitão Sam pois ele fica a cada segundo prestes a explodir de raiva. A personagem da filha mais velha é excelente nesse momento.
Isto não estraga o filme, mas não gostei muito do modo como retratam os "homens barbudos" e maus do Afeganistão. Não parece uma crítica, e sim corrobora com essa visão deturpada que os estadunidenses têm.
por Oscar R. Júnior
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