segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, 2011)

Estreia Original: 16 de dezembro de 2011
Estreia no Brasil: 13 de janeiro de 2012
IMDb



"Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras" repete praticamente tudo o que funcionava no seu longa original, da parte técnica a detalhes do roteiro. A grande diferença aqui, é que finalmente temos um vilão com inteligência à altura do astuto detetive da Rua Baker.

Escrito por Michele e Kieran Mulroney, o roteiro começa exatamente onde o primeiro filme havia parado: Watson (Jude Law) está prestes a casar com Mary (Kelly Reilly), e Holmes (Robert Downey Jr.), inconformado com a decisão do companheiro de trabalho e aventuras, está afundando-se cada vez mais em suas neuroses. Neste contexto, Holmes descobre os planos do Professor James Moriarty (Jared Harris) que, jogando uma nação européia contra a outra, está prestes a antecipar o que viria a ser a Primeira Guerra Mundial (note-se que a trama se passa no final do século XIX). Mas, para conseguir impedi-lo, Holmes terá que contar com a ajuda não só do seu braço direito, Watson, mas também da cigana Simza (Noomi Rapace), cujo irmão, um fanático anarquista, juntou-se ao vilão.

O diretor Guy Ritchie mostra-se sem inspiração em compor algo novo - ou simplesmente preguiçoso - repetindo os mesmos efeitos do longa de 2009. E as sequências que, na época, eram inspiradas; agora soam apenas como repetições que, sim, funcionam (como já funcionavam), mas não encantam. Há as antecipações que o herói faz frente a alguns conflitos 'mano a mano' com seus adversários; e a cena clímax de ação que intercala câmera lenta, câmera rápida, movimentos circulares de câmera, e explosões em sequência.

Na verdade, Ritchie aposta novamente na montagem frenética para dar ritmo à narrativa, principalmente nas cenas de ação. E se essas sequências conferem um ritmo acelerado ao longa (o que é praxe na filmografia do diretor), os vários flashbacks acabam sabotando-o, frequentemente tornando-o mais lento e arrastado. E, se esses momentos, por mais que em sua maioria sirvam para elucidar o pensamento brilhante de Sherlock Holmes; em parte soam desnecessários por apenas mostrarem o que acontecerá nas cenas seguintes, revelando-se repetitivos.

Novamente destacando-se por sua excelente parte técnica - não só nas sequências de ação como já enfatizei, o longa de Guy Ritchie ainda conta com uma belíssima direção de arte, que recria de forma impecável (ainda que digitalmente) o visual de cidades como Londres, Paris e Estrasburgo no final do século XIX; além dos belos figurinos: e ver uma maquiagem 'tosca' ser utilizada por Sherlock Holmes em seus disfarces apenas dá maior verossimilhança à história.

Mas o filme torna-se superior pelas suas atuações. Robert Downey Jr. parece estar se divertindo mais do que nunca, e dá o tom certo de cinismo e genialidade ao detetive; e Jude Law confere seriedade a Watson - sem mencionar a química entre eles, que continua fantástica. Mas é mesmo Jared Harris como o também genial Professor Moriarty quem rouba a cena, com seu olhar sempre superior, mas que não hesita em demonstrar a admiração que sente pelo seu rival. Aliás, as cenas em que Harris e Downey Jr. contracenam são as que realmente fazem o longa valer a pena: destaque para o confronto final entre os dois, onde o embate imaginário entre eles demonstra um raro momento de inspiração do roteiro.

Fechando o elenco há a ótima participação de Stephen Fry como Mycroft, irmão mais velho e igualmente genial de Sherlock; o maior envolvimento de Kelly Reilly na trama, que demonstra uma faceta inesperada de Mary; e o mal aproveitamento da excelente atriz sueca Noomi Rapace como Madame Simza.

Enfim, se esse "Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras" não inova, ao menos mostra que seus personagens não perderam o enorme carisma, tornando-se um entretenimento que, ao contrário do que acontecia no longa anterior, pelo menos consegue nos fazer acreditar na genialidade de seu protagonista, já que, ao longo de toda a narrativa, somos apresentados aos elementos que, ao final, levam-no a tirar as suas brilhantes conclusões.


por Melissa Lipinski


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