quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Cinco Covas no Egito

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Cinco Covas no Egito (Five Graves to Cairo, 1943)

Estreia oficial: 4 de maio de 1943
IMDb



Segundo filme dirigido por Billy Wilder em sua fase estadunidense, este "Cinco Covas no Egito" conta com roteiro do próprio Wilder em parceria com Charles Bracket (inspirado em uma peça de Lajos Biró), e conta como um oficial inglês (Franchot Tone), disfarçado de um mordomo, Paul Davos, de um hotel localizado em um pequeno oásis em Sidi Halfaya, no norte da África, consegue descobrir os segredos do temível major alemão Erwin Rommel (Erich von Stroheim) e suas tropas.

Rommel é uma figura lendária da Segunda Guerra Mundial e, sob seu comando, os Afrika Korps (Corpo Expedicionário Alemão na África) venceram várias batalhas na região norte da África. Até que em 1942 foram derrotados por falta de provisões pelo exército britânico. A partir destes fatos, então, o roteiro cria a trama de como o segredo do aparentemente invencível Major Rommel, após suas diversas vitórias na região, foi descoberto. Há ainda o mérito de ter sido escrito e produzido poucos meses após a tal derrota dos alemães, e mais de dois anos antes do término da guerra.

O roteiro, inteligentemente, concentra sua trama quase que exclusivamente no interior do hotel. Assim, Wilder consegue manter o clima de tensão e urgência apropriados à história, auxiliados por uma precisa edição.

As atuações também são boas, ainda que von Stroheim soe um pouco caricato, seu Major Rommel transmite, de forma inquestionável, um ar de temeridade e respeito àqueles que o cercam. Sua postura realmente intimida. E, se Franchot Tone está correto; Anne Baxter dá vivacidade à camareira francesa Mouche que não mede esforços para libertar o irmão, prisioneiro de guerra. Mas é Akim Tamiroff, como o gerente do hotel, Farid, quem se destaca, quebrando o tom de seriedade imposto pela narrativa, e dando-lhe sutis toques de humor que ajudam, inclusive, no ritmo do longa.

Toda a trama é extremamente bem construída, há um determinado momento, inclusive, no qual Rommel oferece um jantar para oficiais britânicos prisioneiros, e que, em mãos não tão meticulosas como a de Wilder, poderia muito bem cair no caricato ou no inverossímel. Porém, auxiliado pela composição de Erich von Stroheim, soa perfeitamente natural que o Major ofereça a seus 'convidados' uma mostra de sua 'inteligência superior'.

Além disso, há ainda a bela fotografia de John F. Steiz, que mergulha o hotel em sombras nos momentos mais tensos da narrativa.

Enfim, "Cinco Covas no Egito" foi o filme que garantiu que as portas de Hollywood abrissem-se ainda mais a Billy Wilder depois de um bom começo com "A Incrível Suzana".

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


Um comentário:

Hugo disse...

Estou sempre garimpando filmes antigos, porém este ainda não tive oportunidade de assistir.

Sendo obra de Billy Wilder, sempre vale a sessão.

Até mais