quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Compramos um Zoológico

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, 2011)

Estreia oficial: 22 de dezembro de 2011
Estreia no Brasil: 23 de dezembro de 2011
IMDb



"Compramos um Zoológico" é um daqueles filme-família, repleto de lições de moral e situações construídas com o intuito de levar os mais sensíveis às lágrimas. O que o difere, no entanto, de tantos outros, é a mão de seu diretor e co-roteirista, Cameron Crowe, que recheia o longa de diálogos espirituosos e engraçados que quebram o melodrama, e ainda escala um elenco competente.

O roteiro, também co-escrito por Aline Brosh McKenna e baseado no livro homônimo do jornalista Benjamin Mee, conta como o próprio Mee (interpretado por Matt Damon), após a morte da esposa, vê sua vida e a de seus dois filhos entrar em um período muito difícil. A pequena Rosie (Maggie Elizabeth Jones), de 7 anos, parece encarar melhor perda da mãe; mas o adolescente Dylan (Colin Ford) começa a ir mal na escola, desenhar cenas macabras e, a toda hora, confrontar o pai. Para tentar um recomeço, Benjamin resolve comprar um zoológico abandonado no interior, contrariando os conselhos de seu irmão Duncan (Thomas Haden Church), e para a alegria de Rosie e desespero de Dylan. Lá, a família Mee, além de conviver com os animais selvagens, terá que dividir as tarefas com os antigos funcionários do zoo, que contam com o envocado MacCready (Angus Macfadyen), o colaborador Robin (Patrick Fugit, o garotinho de "Quase Famosos", de 2000), a jovem Lily (Elle Fanning), e a tratadora-chefe, Kelly (Scarlett Johansson).

Claro que o zoológico é o pano de fundo para que os conflitos e suas resoluções entre os personagens principais, principalmente entre pai e filho, desenvolvam-se. Há também, a metáfora entre a vida de Benjamin e a de um velho tigre que está em seus últimos dias. Mas, a grande verdade, é que a história de superação (que já vimos tantas e tantas vezes) ganha um quê a mais graças à ótima 'costura' que o roteiro emprega por meio de seus diálogos bem escritos e engraçados (o que Crowe já havia conseguido em "Jerry Maguire - A Grande Virada", de 1996). Assim, todo momento de um maior melodrama é seguido por uma fala espirituosa, que dá uma 'temperada' no que podia descambar para um alto nível de açúcar.

Além do mais, o elenco também é responsável pelo diferencial. Matt Damon sai-se bem como um homem sensível e abalado pela morte da esposa, e que vê dificuldades em criar os dois filhos. Se há força no personagem, há também fragilidade. E, se Scarlett Johansson não pode fazer muito como a tratadora Kelly (apesar de ser bom ver a atriz atuar sem que o seu corpo seja um dos 'pontos altos' da sua performance); é Thomas Haden Church um do principais responsáveis pela graça do filme, já que seu personagem serve como o 'suavizador' da tragédia acometida pela família Mee. Mas os destaques ficam mesmo para os jovens atores: Elle Fanning mais uma vez empresta graça e delicadeza à sua personagem (como em "Super 8"), e sua interação com Dylan dá um certo frescor à narrativa; o próprio Colin Ford sai-se muito bem como o filho contestador e que tem dificuldades em aceitar a morte da mãe; mas é mesmo a garotinha Maggie Elizabeth Jones quem rouba a cena e conquista o espectador a cada fala sua, devido ao seu enorme carisma e personalidade. Não tem como não sorrir quando a pequena solta frases inteligentes e repletas de humor.

Contando ainda com uma trilha sonora inspirada, "Compramos um Zoológico" cumpre a sua função: entreter, divertir e emocionar espectadores de todas as idades, e o que é melhor, sem menosprezar sua inteligência. Ao final, constatamos que nós também aceitamos o convite de Benjamin e "embarcamos nessa aventura" com sua família e funcionários.


por Melissa Lipinski


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