ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Senhor dos Anéis: As Duas Torres, O (The Lord of the Ring: The Two Towers, 2002)
Estreia oficial: 18 de dezembro de 2002
Estreia no Brasil: 27 de dezembro de 2002
IMDb
"As Duas Torres", segundo filme da trilogia do Anel, adaptação do livro de J. R. R. Tolkien, é o que mais sofre alterações com relação à obra literária original. E, se por um lado isso pode ter aspectos positivos, por outro, apresenta algumas falhas no desenrolar da trama, no sentido de, inclusive, ir contra o 'espírito' do original.
O filme começa com o conflito entre Gandalf (Ian McKellen) e o monstro Balrog, revelando o verdadeiro destino do mago. A partir de então, o filme se divide em três linhas narrativas: Frodo (Elijah Wood), Sam, (Sean Astin) e agora também Gollum, em seu caminho a Mordor para destruir o Anel; Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd) que foram aprisionados por orcs e acabam encontrando o ent Barbárvore; e Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davies) que, a princípio partem numa caçada para resgatar seus amigos hobbits, mas que acabam indo para Rohan, onde ajudarão o Rei Théoden e seus súditos na batalha no Abismo de Helm.
Conseguindo articular as três vertentes da história de forma coesa e fluida, Peter Jackson mostra-se um diretor eficiente. Porém, algumas alterações com relação à obra literária acabam enfraquecendo a narrativa. Acho que a mudança que mais compromete (inclusive o ritmo do filme) é aumentar a participação de Arwen (Liv Tyler). Suas aparições neste filme em nada contribuem para o andamento da história; muito pelo contrário, quebram o seu ritmo. A única justificativa que consigo enxergar para tanto, é aumentar o peso da principal personagem mulher da obra, para agradar mais o público feminino.
Essa segunda parte de "O Senhor dos Anéis" assume com mais força que seu antecessor o caráter épico da narrativa; e se antes tínhamos a história centrada mais nos personagens e em sua jornada individual (ainda que dentro da Sociedade do Anel) para que o Anel fosse transportado com segurança; agora o sofrimento deixa de ser dos personagens individualmente, e passa a ser coletivo, dos habitantes da Terra Média, que sofrem com o crescente poder de Sauron e Saruman (Christopher Lee).
Porém, isso faz com que o desenvolvimento dos personagens sejam deixados de lado em prol da ação. Assim, quando poderíamos ver Elijah Wood sobressaindo-se em sua composição de Frodo, apenas o vemos sofrendo pelo crescente peso do Anel. E assim acontece com quase todos os personagens. Sem contar aqueles que sofreram alterções bruscar em sua índole com relação ao livro, como o Rei Théoden e Faramir (este último me indignou sobremaneira); ou o fato de Gimli tornar-se apenas um alívio cômico da narrativa. Talvez somente Sean Astin destaque-se um pouco, conseguindo atribuir mais carcaterísticas a Sam do que as vistas em "A Sociedade do Anel".
Mas, se não há espaço para os personagens 'reais', o mesmo não se pode dizer de Gollum. Responsável por uma das melhores cenas do filme, Gollum demonstra ser o personagem mais complexo até esta etapa da trilogia. Isso sem mencionar a sua qualidade técnica - certamente um dos melhores personagens digitais já vistos na história do Cinema.
O que me leva a falar da parte técnica do longa, que consegue ser ainda melhor que a do seu antecessor. A batalha no Abismo de Helm, que conta com milhares de figurantes digitais, é incrível, superando a batalha vista no início do primeiro filme. E a fotografiade Andrew Lesnie continua belíssima, conferindo diferentes tons de acordo com cada lugar. Sem falar na direção de arte, que volta a se sobressair, criando novos e distintos ambientes, como Rohan (claramente inspirada em construções nórdicas) e o Abismo de Helm.
Enfim, não tão brilhante como "A Sociedade do Anel" (principalmente em função da quebra do seu ritmo e das alterações que alguns personagens sofreram em seu caráter), esse "As Duas Torres" não deixa de ser um grande filme, ainda mais porque apresenta-nos com excelência um personagem digital tão complexo. "Gollum! Gollum!"
Fica a dica!
por Melissa Lipinski
Um comentário:
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