ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Dia em que Eu Não Nasci, O (Das Lied in Mir, 2010)
Estreia oficial: 10 de fevereiro de 2011
Estreia no Brasil: 30 de setembro de 2011
IMDb
"O Dia em que Eu Não Nasci", primeiro longa dirigido pelo alemão Florian Micoud Cossen (que é também seu co-roteirista), tem sua história situada em Buenos Aires e aborda um tema delicado: crianças que tiveram seus pais mortos pela ditadura argentina e que foram adotados (ou simplesmente levados) por colaboradores do regime e/ou estrangeiros.
Maria (Jessica Schwarz), alemã, está no aeroporto de Buenos Aires esperando sua conexão para o Chile, quando escuta uma mãe cantando para seu bebê uma canção de ninar (em espanhol, obviamente). Maria, que não fala tal língua, então identifica a música e é tomada por antigas emoções, e não sabe ao certo como reagir. Esse fato faz com que a moça perca o seu vôo e permaneça na capital argentina, partindo em busca de um passado que desconhece totalmente.
O roteiro vai revelando aos poucos os meandros desta história ao espectador que vai descobrindo, junto com Maria, os segredos de seu passado. Esse fato faz com que o público aproxime-se emocionalmente da personagem e se identifique com ela.
A frieza com que os personagens alemães reagem às novidades contrapõem-se com a reação latina dos argentinos, e formam um interessente diálogo entre culturas. A montagem um tanto quanto burocrática deixa a narrativa, por vezes, pouco fluida e atrapalha o ritmo do filme, mas nada que atrapalhe seu resultado final.
Jessica Schwarz contrapõe a uma atuação contida, seu rosto extremamente expressivo, com olhares lancinantes. Em contrapartida, a argentina Beatriz Spelzini, que interpreta Estela, deixa transparecer todas suas emoções à flor da pele.
É curioso o fato de um alemão (nascido em Tel Aviv, Israel) realizar um filme tão comovente a respeito de um assunto tão polêmico que envolve um passado mal-sepultado da história da Argentina. Nós, brasileiros, que passamos por uma realidade semelhante, somos capazes de entender a dor que estas feridas (ainda abertas) podem causar. Cossen parece entendê-las também, pois as traduz, embora de maneira contida, com uma sinceridade que emociona.
Fica a dica!
por Melissa Lipinski
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