ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love., 2011)
Estreia oficial: 29 de julho de 2011
Estreia no Brasil: 16 de agosto de 2011
IMDb
"Amor a Toda Prova", dirigido por Glenn Ficarra e John Requa (a dupla que dirigiu o interessante "O Golpista do Ano"), é a prova incontestável que uma comédia romântica pode se tornar um bom filme, que diverte sem desrespeitar a inteligência do espectador. E, por mais que se utilize dos clichês mais óbvios, faz isso com graça e criatividade.
O roteiro de Dan Fogelman (que escreveu o bom "Enrolados") gira em torno de três encontros e desencontros amorosos. Primeiro, a separação entre Cal (Steve Carrell) e Emily (Julianne Moore). Depois, o envolvimento do conquistador Jacob (Ryan Gosling) e da advogada 'certinha' Hannah (Emma Stone). E, por último, a paixão platônica do adolescente de 13 anos, Robbie (Jonah Bobo), filho de Cal e Emily, por sua babá mais velha, Jessica (Analeigh Tipton).
O que diferencia esta de tantas comédias românticas que aparecem aos montes por aí, certamente não é sua originalidade. Afinal, depois de apresentados todos os personagens, sabemos exatamente qual fim eles terão. Porém, aqui, Dan Fogelman inverte os papéis: são os homens os personagens românticos, que acreditam em almas-gêmeas ou que casam-se com o primeiro amor, e ainda por cima, sendo virgem (notem que, por mais que possamos supor que assim também o seja, em nenhum momento é dito que Emily também se casou virgem). E, se isso já seria o suficiente, o que torna "Amor a Toda Prova" acima da média (relativamente baixa do gênero) são seus diálogos rápidos e afiados, um elenco afinadíssimo, e o fato de zombar dos clichês comuns a este tipo de filme.
A ótima sintonia dos pares românticos faz com que os personagens ganhem contornos ainda melhores. Steve Carrell que é o protagonista deste longa, já havia provado sair-se bem também em papéis com menor apelo cômico, como em "Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada" (2007), e mostra que sabe dosar situações engraçadas com momentos mais sentimentais. Julianne Moore (que dispensa maiores apresentações) empresta toda sua fragilidade e sutileza a uma personagem que não tem muito tempo em tela para se desenvolver. Emma Stone (que já provara seu talento em "A Mentira", de 2010) também está muito bem, e dá o tom certo de delicadeza e simpatia à sua personagem. Destaque para os jovens Jonah Bobo e Analeigh Tipton que não fazem feio ante os colegas veteranos e seguram muito bem a sua parte da história. O longa ainda traz Marisa Tomei (sempre linda e competente) e Kevin Bacon (que não precisa fazer muito mais do que mostrar sua cara de cínico) em ótimas participações. Mas é mesmo Ryan Gosling quem segura e dá o tom certo (e charme) ao filme. Dono de um carisma inquestionável, Gosling - que não precisa mais provar que tem talento depois de suas atuações em "Half Nelson" (2006), "A Garota Ideal" (2007), "Namorados Para Sempre" e "Entre Segredos e Mentiras" (ambos de 2010) - empresta-o completamente a Jacob, que conquista a simpatia do espectador assim que lança seu primeiro sorriso enquanto fala sua cantada batida (mas infalível, pelo menos a seu ver) para Hannah. A química entre Gosling e Stone é inquestionável, e ajuda na rápida assimilação do interesse amoroso que um passa a sentir pelo outro. Mas a melhor química estabelecida, sem dúvida, fica por conta da parceria entre Gosling e Carrell, e os dois mostram tanta afinidade e sentem-se à vontade um com o outro, que é impossível não embarcar na história.
Mostrando que aprenderam a lição de casa, Ficarra e Requa não deixam o ritmo do longa cair em nenhum momento, além de utilizarem elegantes e eficientes montagens de passagem de tempo (era exatamente neste ponto que "O Golpista do Ano" patinava um pouco).
Porém, a 'cereja do bolo' de "Amor a Toda a Prova" são seus espirituosos diálogos, com engraçadas referências a outros filmes como "Karatê Kid" e "Crepúsculo". Além do fato, é claro, de tirar sarro de situações clichês típicas de comédias românticas, como quando Jacob explica a Hannah seu método para conquistar as mulheres, numa citação à famosa cena de dança de "Dirty Dancing", promovendo um dos melhores momentos do longa. Ou então, quando, após uma discussão, Cal é deixado sozinho, e começa a chover; então, dando voz a todo e qualquer espectador, ele mesmo diz: "Clichê".
São esses pequenos momentos, recheados de humor e criatividade, e pontuados por um elenco irretocável, o que faz toda a diferença!
Fica a dica!
por Melissa Lipinski
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