ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Caçadores da Arca Perdida, Os (Raiders of the Lost Ark, 1981)
Estreia oficial: 12 de junho de 1981
Estreia no Brasil: 21 de agosto de 1981
IMDb
O ano era 1980. George Lucas estava em meio à trilogia que o tornou famoso, "Guerra nas Estrelas" (ou "Star Wars", como queiram), com dois filmes já lançados e o terceiro em pré-produção; Steven Spielberg era um dos diretores mais promissores da época, já havia feito alguns filmes e séries para a TV e dirigido cinco longas-metragem, dentre os quais dois sucessos estrondosos de bilheterias: o thriller "Tubarão" (1975) e o drama de ficção científica "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977), e sonhava em dirigir um filme da série James Bond; Philip Kaufman havia dirigido um dos filmes mais tensos e assustadores de todos os tempos, "Os Invasores de Corpos" (1978). Foi da junção desses três nomes que nasceu uma das maiores aventuras cinematográficas de todos os tempos.
Lucas tinha a ideia e, junto com Kaufman, escreveu a história, que virou roteiro nas mãos de Lawrence Kasdan (que já havia transformado em roteiro a segunda parte da trilogia de Lucas, "Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca", de 1980). E assim, ganhava forma as aventuras de um tal Indiana Jones, que ganhou vida sob a direção de Spielberg (que nunca deve ter se arrependido em não ter dirigido um "007").
Em princípio, o longa nasceu como uma grande homenagem aos filmes de aventura da década de 1930 e 1940, mas ao longo dos tempos, sagrou-se como "a" grande aventura do Cinema, "o" grande herói das telonas, um dos maiores ícones da Sétima Arte.
Indiana Jones é um professor e pesquisador arqueológico que divide seu tempo entre a sala de aula e sua busca 'in loco' por objetos históricos. "Os Caçadores da Arca Perdida" já, de cara, apresenta-nos o personagem mostrando sua faceta aventureira, em uma sequência que possui uma das imagens mais emblemáticas do Cinema: Indy correndo de uma bola de pedra gigantesca.
Logo em seguida, descobrimos o dia-a-dia de Jones como professor, apenas para ele ser recrutado para mais uma aventura: encontrar a Arca Perdida da Aliança (aquela da Bíblia, e que supostamente teria as tábuas de Moisés contendo os Dez Mandamentos de Deus). Porém, Indiana não é o único atrás dessa preciosidade, e terá que encarar nada menos do que nazistas para conseguir o que quer.
Mas a aventura de Indy é apenas o pano de fundo para esse roteiro inteligente, que vai desenvolvendo seu (anti)herói de maneira gradativa e eficiente. Mas Indiana Jones não é um 'herói' no perfeito entendimento da palavra, não tem 'super poderes' e possui (vários) defeitos. E talvez isso é que o tenha tornado tão popular. Indiana Jones é um homem comum, que se dá mal, apanha, faz escolhas erradas… Claro que como herói, no final acaba se dando bem, pois é inteligente e conta com um bocado de sorte também, mas é essa vulnerabilidade que acaba tornando-o 'humano' e tão identificável aos olhos do espectador. Um herói que qualquer 'homem comum' poderia ser, com seu chapéu de feltro e chicote a tiracolo.
Claro que sem o estilo e carisma de Harrison Ford, a história talvez fosse diferente. Recém saído da trilogia de Lucas, como (o também anti-herói) Han Solo, Ford era um galã em ascensão, e foi a escolha perfeita para o personagem de Indiana Jones. Irreverente, cínico e com um sorriso encantador, Ford encarna o protagonista de forma magistral. Indy é um personagem complicado que transita entre a tênue linha entre proteger objetos históricos valiosos ou roubá-los. Seus inimigos, principalmente o francês Belloq (Paul Freeman), não são muito diferentes dele, e um pouco de ganância a mais poderia levar Indiana para o 'lado dos bandidos'. São essas sutilezas que fazem a diferença.
Fechando o elenco, Karen Allen, como Marion Ravenwood, encarna uma mocinha que também foge aos padrões, e não é nem um pouco indefesa, sabe se virar sozinha, além de gostar de uma bebida. John Rhys-Davies é Sallah, amigo de Jones, que o ajuda na sua busca pela Arca e é responsável por um tom mais cômico da história. E Denholm Elliott, o Dr. Marcus Brody, chefe e amigo de Indy na Faculdade de Arqueologia.
Mas não é apenas em seu conteúdo que "Os Caçadores da Arca Perdida" tem qualidades (o que já seria um feito e tanto), tecnicamente o filme é irrepreensível (e não é à toa que ganhou 5 Oscars: direção de arte, efeitos visuais, edição, som e efeitos sonoros; além de concorrer em mais quatro categorias: filme, direção, fotografia e música). Spielberg, junto com o diretor de fotografia Douglas Slocombe, abusam das sombras demarcadas que, geralmente, mostram o semblante de alguém, anunciando sua chegada (e que tornaria-se uma das marcas da saga).
A direção segura de Spielberg sobressai-se principalmente nas cens de ação, criando sequências memoráveis, como a da bola de pedra supra-citada; ou quando Indiana Jones despista bandidos em um mercado árabe; ou quando ele e Marion fogem de um verdadeiro ninho de cobras; ou ainda uma perseguição emocionante no deserto, onde Jones dependura-se sob um caminhão em movimento. São sequências audazes e emocionantes.
E não poderia terminar sem falar da excelente trilha sonora de John Williams, a lenda viva das músicas cinematográficas (e que em 2012 completará 80 anos), que criou aqui, um dos temas mais conhecidos da história do cinema. Além, é claro, de ser o responsável por outras tantas trilhas memoráveis. Quem não conhece as músicas de "Tubarão", "Star Wars", "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "Superman", "E.T. - O Extraterrestre", "Império do Sol", "Esqueceram de Mim", "Parque dos Dinossauros", e "Harry Potter"? Todas obras de Williams.
Enfim, "Os Caçadores da Arca Perdida" é uma aventura que não envelhece, para espectadores de todas as idades. Uma junção perfeita de emoção, humor, cinismo e efeitos especiais. Eu não canso de assisitir.
Fica a dica!
por Melissa Lipinski
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Fabuloso esse filme. Não há como descrever uma empatia tão grande com um arqueólogo em suas buscas. A história é muito interessante: a busca pela Arca da Aliança. A história é do George Lucas, que também meteu o bedelho em um monte de coisas no filme. Nos extras do DVD ele conta que Spielberg queria partir para um projeto tipo James Bond, e Lucas apresentou-lhe o arqueólogo desbravador. Pensando depois percebo que em cada um dos filmes Indiana Jones se envolve com uma mulher (assim como o 007).
A Direção de Arte do filme é maravilhosa. Recriando templos antigos, fazendo a caracterização da década de 1940. Aliado a isso, a fabulosa Direção de Fotografia que atuou de forma a deixar bem místico os ambientes. O uso frequente de sombras é genial. Algumas tensões foram construídas somente pelas sombras. Muito bom.
O elenco está muito bem no filme e, obviamente, Harrison Ford é o melhor de todos. Não tem cena em que ele não se destaque. A construção do Indiana é muito bem escrita e muito bem interpretada.
Algumas cenas ficaram muito marcadas como a que um cara de turbante o desafia com uma grande espada, e fica fazendo firulas. Indiana simplesmente saca a arma e atira nele. Dá um sorisso e segue em frente. Ou a cena em que ele troca uma imagem por um saco com areia. Ou a mais eternizada do filme que é a dele fugindo da bola de pedra que o persegue.
É um filme que não canso de rever, e rever, e rever...
por Oscar R. Júnior
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