domingo, 18 de setembro de 2011

O Poderoso Chefão: Parte II

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Poderoso Chefão: Parte II, O (The Godfather: Part II, 1974)

Estreia oficial: 20 de dezembro de 1974
IMDb



"O Poderoso Chefão: Parte II" é considerado por muitos como sendo superior à primeira parte da saga dos Corleone. Melhor, talvez não. Mas tão bom quanto, definitivamente.

O roteiro, novamente escrito por Mario Puzo e Francis Ford Coppola, mostra Michael, já estabelecido como o novo Chefão das famílias mafiosas, envolto em uma teia de poder, crueldades e traição; ao mesmo tempo em que narra o início, a formação dessa família tão poderosa, com a saída do pequeno Vito Andolini (posteriormente Corleone) da Itália, sua chegada à Nova York e o início do seu império.

Passado entre dois tempos bastante distintos, o roteiro consegue manter sua estrutura, de tramas paralelas, fazendo elegantes e importantes passagens de um tempo para outro. Não é apenas uma vez que vemos a imagem de Michael (Al Pacino) fundir-se com a imagem de seu pai ainda jovem, Vito Corleone (Robert De Niro). Essas ligações servem para mostrar ao público não só o quão parecidos são pai e filho, mas também como a história se repete, ainda que os tempos sejam outros e o poder de cada um também.

Afora a questão da trama paralela, a estrutura narrativa da parte da história que envolve Michael é muito semelhante a do filme original. Tem início, por exemplo, com uma grande festa de família, onde Don Corleone divide seu tempo entre a festa em si e reuniões particulares. Há também um atentado ao chefe da família, que desencadeia uma intrincada trama de falsidade e traições. Até chegar a um desfecho grandioso e genial.

O paralelo entre as histórias me parece ter apenas um enfoque central (assim como havia também no primeiro longa): a família. Se Vito Corleone consegue ter sucesso em seus negócios para sustentar e manter sua família unida. Michael, por outro lado, apesar de seus esforços e da manutenção do poder do clã Corleone, não tem o mesmo sucesso de seu pai, e vê sua família se desmantelar, seja pela raiva de sua irmã Connie (Talia Shire), a morte da mãe, a traição de seu irmão Fredo (John Cazale) ou a revolta da sua esposa Kay (Diane Keaton).

A direção de Coppola é excelente. Ele conduz as complicadas tramas com extrema segurança, sem nunca deixá-las confusas. Novamente cada diálogo e cada ação acontecem por um determinado motivo, e serão entendidas ao longo do filme, nada é gratuito. Chega a ser engraçado ouvir Coppola afirmar que só realizou essa segunda parte da trilogia da família Corleone para conseguir dinheiro e estabilidade ante o estúdio para produzir o "filme da sua vida" - "Apocalypse Now" (de 1979). Coppola, que quase foi demitido durante as gravações do primeiro longa, após o estrondoso sucesso de bilheteria, teve carta branca (e mais participações nos lucros) para dirigir essa sequência, controle artístico total.

A fotografia de Gordon Willis mantém as sombras e ambientes semi-iluminados vistos no primeiro longa, apesar de criar uma atmosfera bem mais sombria, como a história requisitava. A parte de Vito Corleone, por sua vez, é toda em cores sépia, dando esse aspecto de lembranças, de passado.

Novamente, Nino Rota e Carmine Coppola criam uma trilha musical incontestável (e, desta vez, levaram o Oscar). A música-tema do primeiro filme volta a ser ouvida aqui, e também parece ser decomposta em outras músicas marcantes.

E, mais uma vez, o trabalho dos atores é inquestionável. Ao contrário do primeiro longa, agora há espaço para as atuações femininas se sobressaírem, e Diane Keaton mostra seu talento como a cada vez mais amargurada Kay; e Talia Shire aparece muito superior que no filme original. Já os coadjuvantes são, novamente escolhidos a dedo, e além dos já conhecidos Robert Duvall (como Tom Hagen) e John Cazale (como Fredo), destacam-se as atuações de Michael V. Gazzo (como Frankie Pentangeli) e Lee Strasberg (como Hyman Roth, e mais conhecido por ter sido diretor do Actor's Studio). Os dois últimos também concorreram ao Oscar (assim como Talia Shire e Al Pacino). Mas o filme é mesmo de Al Pacino e Robert De Niro. Enquanto Pacino cria um Michael impassível, incapaz de mostrar a menor emoção; De Niro recria o Vito Corleone imortalizado por Marlon Brando. Parece que realmente estamos vendo aquele Don Vito Corleone de Brando em sua juventude: seus gestos, sua fala pausada e em tom baixo, seus olhares... Tudo recriado com perfeição. Não à toa, Robert De Niro ganhou seu primeiro Oscar (o único Oscar dado a um personagem que já havia ganho anteriormente, já que Brando também venceu, em 1972, interpretando o mesmo Vito Corleone).

Enfim, "O Poderoso Chefão: Parte II" é a continuação perfeita e irretocável da saga da família Corleone, e seu mentor, Francis Ford Coppola, definitivamente, um gênio da Sétima Arte.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Essa continuação entra na minha seleta lista de continuações que conseguem ser melhores que os originais. Agora temos em paralelo Michael Corleone continuando e expandindo os negócio da família e a história de como Vito Corleone virou o Padrinho.

A Direção de Fotografia e a Direção de Arte continuam muito boas. As cenas que contam a história de Vito têm um tom sépia, muito bem utilizado. Muito bom mesmo.

Quanto às atuações, a de Al Pacino é animal. Mas esse filme é do Robert De Niro. Ele consegue, com perfeição, ser o Vito Corleone na juventude. Tom de voz e modo de agir idênticos. O resto do elenco é muito bom também.

Quanto às cenas memoráveis, tem várias. Tem a que metralham o quarto do Michael Corleone. A que Vito Corleone vinga a morte da família na Itália. E a melhor de todas, na minha opinião, que é quando Michael beija seu irmão Fredo e o encara sobre a traição.

E uma curiosidade. Esta foi a primeira continuação a conseguir o Oscar de melhor filme. Só sendo "imitado" em 2004 com "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei", que é o terceiro filme da Saga. E considerando que somente a partir de 2001 tem a categoria separada de filme de animação, "Toy Story 3" venceu de melhor animação. Mas continua sendo o único caso em que o filme original e a continuação ganharam o prêmio da Academia de Melhor Filme, um feito e tanto.


por Oscar R. Júnior


 

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