segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Poderoso Chefão: Parte III

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Poderoso Chefão: Parte III, O (The Godfather: Part III, 1990)

Estreia oficial: 25 de dezembro de 1990
IMDb



"O Poderoso Chefão: Parte III" tinha uma difícil missão: 16 anos depois do grande sucesso de público e de crítica dos dois primeiros filmes sobre a família Corleone, manter o nível destes, ao mesmo tempo em que apresentasse novos personagens tão interessantes como os vistos anteriormente, e satisfazer a curiosidade dos fãs mais afoitos quanto ao destino daqueles personagens já tão conhecidos do público.

Na minha modesta opinião, Francis Ford Coppola foi bem sucedido em sua tarefa. Claro que esta terceira parte tem alguns deslizes e fica um pouco aquém dos anteriores, mas está longe de ser a catástrofe que alguns apregoam.

Se antes, nos dois filmes originais, o tema principal era sempre a família, aqui, apesar da família estar sempre presente, é a culpa o sentimento que norteia o roteiro de Mario Puzo e Francis Ford Coppola. Michael Corleone (Al Pacino), envelhecido e doente, não tem mais a antiga disposição para tocar os negócios da família (enfim legitimados), e tenta transformar o sobrinho Vincent (Andy Garcia), filho de Sonny, em um chefe inteligente e racional, tentando contornar o nervosismo e a impetuosidade que o rapaz herdou do pai, ao mesmo tempo em que faz negócios com o Vaticano e sente todo remorso de uma vida calcada no crime.

O arco dramático de Michael Corleone (e poderia dizer, da Família Corleone) enfim chega ao fim, e nada mais adequado em levá-lo a acontecer na Sicília, onde tudo começou. O filho de Michael, Anthony Vito Corleone (Franc D'Ambrosio), tornou-se cantor de ópera, e vai fazer sua estreia justamente na terra onde seu avô nasceu, levando toda a família reunir-se na Sicília.

Assim como aconteceu na segunda parte da trilogia com a Revolução Cubana, Puzo e Coppola colocam fatos históricos também neste derradeiro episódio: a escolha do papa João Paulo I e sua enigmática morte (ou assassinato). Em contrapartida, diferenciando-se dos anteriores, os autores recheiam a trama de diálogos (este episódio me parece bem mais falado e explicado que os demais), e fazem uso de flashbacks para atualizar os espectadores. E, se há uma gama de novos nomes, antigos personagens também dão o ar da graça, para alegrar àqueles fãs mais saudosistas, como Don Tommasino (Vittorio Duse) e o guarda-costas Carlo (Franco Citti); ainda que a falta de Tom Hagen (Robert Duvall) seja sentida e explicada através de uma morte prematura.

E, se novamente o elenco se sobressai, pode-se atribuir a isto o fato de Coppola ser um excelente diretor de atores. Al Pacino encarna Michael com grande intimidade, e conhecemos seus olhares, suspiros e gestos. Assim como Pacino, o público também já está familiarizado com Michael há cerca de 15 anos. E o ator consegue o impossível: mesmo sabendo de tudo o que Michael já fez sendo Don Corleone, passamos a sentir compaixão por ele, acreditamos no seu arrependimento. E isso graças à espetacular interpretação desse 'monstro' do cinema que é Al Pacino. Diane Keaton também está muito bem, e transmite todo o remorso e tristeza da vida de Kay. Talia Shire encarna uma Connie agora bem resolvida e disposta a fazer tudo para salvar o que ainda resta da sua família, e manter o seu poder - acho que é o melhor momento da personagem e da carreira de Shire. E, se o elo fraco das atuações fica por conta de Sofia Coppola (há cenas sofríveis de assistir); o destaque, certamente, é de Andy Garcia, que domina as cenas em que aparece. O ator empresta seu carisma e dinamismo a Vincent, e a transformação de atitude que acompanhamos o rapaz sofrer é lenta e verossímel.

A fotografia de Gordon Willis (que fotografou os três filmes) volta a apresentar a mesma estética dos anteriores, ainda que utilize menos sombras e ambientes semi-iluminados.

E, mais uma vez, Coppola volta a nos surpreender com uma sequência final arrebatadora, que consegue fazer páreo com a montagem paralela entre o batismo do afilhado de Michael e a sequência de assassinatos do primeiro filme. Aqui, as cenas da ópera intercalam-se com o assassinato dos conspiradores contra a família Corleone, culminando na cena na escadaria do teatro, onde o 'grito surdo' de Michael (que me faz lembrar "O Homem que Sabia Demais", de Alfred Hitchcock) fecha com chave de ouro esta que, senão a melhor, é uma das melhores trilogias da história do Cinema.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Este último filme do "O Poderoso Chefão" já não teve o mesmo apelo dos dois primeiros, mas continua muito interessante. Vamos lá:

Algumas das referências aos dois primeiros filmes são claras, como a cena em que Vincent Mancini (Andy Garcia) mata Joey Zasa (Joe Mantegna). A cena ocorre num dia festivo na rua, como na cena em que Vito Corleone (Robert de Niro) mata o Black Hand Fanucci (Gastone Moschin) nas ruas de Litte Italy. E a cena em que Michael passa os poderes para seu sobrinho, Vincent. Algumas cenas são muito bem feitas como a do assassinato no Vaticano, com o corpo caindo em direção à câmera.

O que dá umas derrapadas, na minha opinião, são as atuações. Colocar a Sofia Copola para atuar não rola. É fraca. O Andy Garcia até que vai. O Al Pacino continua excelente, assim como Diane Keaton. Talia Shire está melhor neste terceiro filme que nos anteriores.

Além da Sofia Copola o que não gostei mesmo foi da cena final, com Michael Corleone morrendo sozinho, jogado às moscas sentado numa cadeira. Cena desnecessária.

Fico por aqui.


por Oscar R. Júnior


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