ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Homem do Futuro, O (2011)
Estreia oficial | no Brasil: 2 de setembro de 2011
IMDb
Cláudio Torres, diretor deste "O Homem do Futuro" vem de uma 'linhagem' de grandes nomes do cinema brasileiro. Seus pais são nada menos do que a maravilhosa Fernanda Montenegro e (o já falecido) Fernando Torres; e sua irmã, logicamente, a atriz Fernanda Torres. Cláudio Torres vem comprovando, portanto, que talento vem de berço, pois seus longas anteriores, "Redentor" (2004) e "A Mulher Invisível" (2009) - confesso que não assisti "A Mulher do Meu Amigo" (2008) - são tão bons (ou até melhores) que este "O Homem do Futuro".
O roteiro (que também é de Cláudio Torres) traz referências a outros filmes que abordam a viagem no tempo, como "De Volta para o Futuro" (a roupa do 'astronauta' lembra muito o traje que Marty McFly usa para convencer seu pai, nos anos 1950, a ir ao baile com sua mãe) e "O Exterminador do Futuro" (quando o personagem de Wagner Moura, João "Zero", volta pela segunda vez ao passado, sua aparição lembra o mesmo ato dos tais exterminadores). E, apesar de termos a impressão de já termos visto essa história mais de uma vez (o próprio "De Volta para o Futuro Parte 2" traz uma estrutura narrativa bem semelhante), o roteiro funciona dentro de sua própria lógica, não trazendo nenhum furo ou 'trapaça' para explicar algum acontecimento (comuns nos filmes deste tipo).
E, se a princípio, a premissa parece um pouco fraca (será mesmo que uma desilusão amorosa pode transformar tanto uma pessoa?), e os diálogos (principalmente no início do filme) são um tanto quanto ruins, as boas atuações compensam o resultado final, dando mais humanidade e complexidade a uma estrutura narrativa (circular) que poderia, facilmente, cair no mecanicismo (o que felizmente não acontece!), já que várias cenas são vistas mais de uma vez.
E é mesmo a boa construção dos personagens que traz o diferencial deste "O Homem do Ano". Fernando Ceylão compõe seu Otávio de forma cômica e cativante, fazendo com que realmente nos importemos com ele, e não o vejamos apenas como o 'amigo engraçadão' do protagonista. E, se Gabriel Braga Nunes e Maria Luíza Mendonça estão bem, mesmo que apareçam menos, Alinne Moraes conseguiu me surpreender com sua Helena. E, mesmo que não fique claro o porquê dela se apaixonar pelo protagonista, a atriz consegue compor sua personagem com carisma.
Mas é mesmo Wagner Moura o responsável pelo êxito do longa. Extremamente competente ao compor variações para o mesmo personagem, ele consegue nos convencer da evolução e amadurecimento de João "Zero", a ponto de acreditarmos que o jovem inseguro e gago, transforme-se, a princípio no cínico e amargurado cientista e, posteriormente, no inescrupuloso homem de negócios, até adquirir a serenidade final do personagem. E, por mais que em alguns momentos o ator force um pouco a barra para fazer-nos rir (como na primeira vez em que se defronta com ele mesmo), não chega a atrapalhar uma composição tridimensional e cativante.
Mas não só nas atuações "O Homem do Futuro" sai-se bem. Tecnicamente impressionante, a direção de arte de Yurika Yamasaki destaca-se pelos detalhes de sua composição. Basta notar que, ao mostrar Zero acordando em dois presentes diferentes, imediatamente notamos que a sua realidade foi alterada, mesmo que Cláudio Torres opte por começar ambas as cenas com planos fechados. Isso porque, de cara, vemos que a textura da sua roupa de cama já é diferente. Da mesma forma, todos os cenários construídos são impecavelmente detalhistas. E a maquiagem de envelhecimento/rejuvenescimento também é boa (ainda que peque ao tentar rejuvenescer Maria Luíza Mendonça, a única que não parece convincente).
Mas, o que mais chama a atenção são os bem realizados efeitos visuais (ponto geralmente falho em produções nacionais). Seja na construção de edifício futuristas, ou no efeito de desintegração das pessoas, ou ainda na montagem das várias versões do mesmo personagem no mesmo plano, os efeitos são sempre convincentes (e, caso não o fossem, poderiam muito bem comprometer o resultado final do filme). Assim, Cláudio Torres mostra-se um diretor também preocupado com essa área, já que em "Redentor" os efeitos vistos eram da mesma forma satisfatórios (ainda que não tão bons quanto os vistos aqui).
Por fim, se as canções que marcam a década de 1990 sempre parecem bem colocadas, o mesmo não se pode dizer da trilha incidental, que parece sempre destoar dos sentimentos que quer demarcar - como que tentando, em alguns momentos, deixar o filme mais 'leve' ou engraçado, mesmo quando a cena exigia um maior peso dramático.
Enfim, "O Homem do Futuro" é um passatempo divertido e satisfatório, que traz uma grata revelação e uma confirmação. Revelação por trazer mais um promissor diretor se firmando no cinema nacional. E a confirmação que, seja em comédias ou fazendo personagens com maior peso dramático - como o famoso Capitão Nascimento - Wagner Moura já é um dos maiores atores do nosso cenário atual.
por Melissa Lipinski
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Eis um filme que o trailer é fraco, quase nos faz desistir de assistir ao filme, mas que nos surpreende como um ótimo filme.
Primeiro o roteiro bem escrito e amarrado e junto com a direção de Cláudio Torres (já assisti dele o excelente "A Mulher Invisível"). Filmes com viagem no tempo tem que ter muito cuidado para não possuir muitos furos no roteiro. Digo não ter muitos pois sempre haverá problemas. O lance é saber como contorná-los, e esse "O Homem do Futuro" consegue se sair muito bem. Só um único momento me saltou aos olhos mas nada comprometedor. Ocorreu quando Zero (Wagner Moura) consegue resolver algo no passado e por isso volta para o seu tempo correto. Mas ele volta com a roupa que ele estava e não com a que saiu. Recurso utilizado para facilitar o entendimento de qual Zero que voltou.
Direção de Arte, Fotografia e Efeitos Especiais: INCRÍVEIS!! Os cenários são muito bem construídos e retratados, o futuro alternativo também é bem feito. A viagem no tempo e a chegada dele também. Muito bom mesmo.
Elenco e personagens: Wagner Moura é disparado o melhor ator do filme e o melhor em cena. Ao contrário de "VIPs" em que ele não teve uma boa maquiagem de rejuvenescimento e a atuação não convencia. No "O Homem do Futuro" ele está muito bom. Na cena em que ele está como 3 pessoas, conseguimos perceber e diferenciar cada uma delas. O universitário, o cientista amargurado e o transformado. Excelente. Alinne Moraes está bem atuando e imagino que seja pela boa direção de atores de Cláudio Torres, já que no "A Mulher Invisível" ele consegue tirar uma boa atuação de Luana Piovanni.
Faço aqui um destaque para Otávio (Fernando Ceylão). O timing dele para os momentos de comédia no filme é muito bom.
Preciso fazer duas ressalvas. A primeira são os diálogos. Em boa parte do filme os diálogos são mal escritos. Poderia ser bem melhor. As músicas utilizadas no filme são boas mas em alguns momentos é utilizado música incidental. Algo que me lembrou novela e isso não foi bom. A cena que mais gritou com esse tipo de áudio foi a que ele acorda no novo futuro dele, em que é muito rico. Não precisava de tal recurso, é o que acho.
Mesmo assim recomendo.
por Oscar R. Júnior
Um comentário:
Claudio é um diretor que você tem que prestar atenção, vamos dar muito bons filmes e séries. Um exemplo de sua evolução é Magnifica70. Esta é uma série da HBO, muito bom. Esta série (hbo programação) gostava de mim desde o início, porque ele fala da ditadura brasileira a partir da posição do filme e um pouco de filmes eróticos. A censura é evidente para as críticas dos filmes governo e pornográficos, mas nesta série falando sobre sexo não é importante porque eles mostram um modo de vida fora da lei e dentro da lei. Eu recomendo ambas as estações.
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