sábado, 24 de setembro de 2011

Indiana Jones e o Templo da Perdição

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple of Doom, 1984)

Estreia oficial: 23 de maio de 1984
IMDb



"O Templo da Perdição" foi a primeira sequência de Steven Spielberg. Produzido três anos depois do primeiro longa do herói de chapéu de feltro e chicote, "Indiana Jones e o Templo da Perdição" tem sua história ambientada cronologicamente antes dos episódios do primeiro longa.

Adotando um tom mais 'dark', esse segundo longa não apresenta o mesmo charme do primeiro, mas ainda assim é um bom exemplar de filme de aventura. Roteirizado por Wilard Huyck e Gloria Katz, a narrativa não é tão envolvente e ainda insere temas um tanto quanto polêmicos, como rituais satânicos, trabalho escravo infantil e violência contra crianças, o que certamente desagrada muita gente. A mim, particularmente, não incomoda. Politicamente incorreta assumida como sou, não me choco com isso. Bons tempos eram aqueles em que Steven Spielberg, o diretor mais 'bom moço' de Hollywood, ainda tinha a coragem (e a liberdade) de colocar temas tão polêmicos e contraditórios em suas produções. Hoje não se vê mais isso no cinema mainstream, ou pior, vemos até grandes nomes mudando seus projetos anteriores, como fazendo certos heróis atirarem depois (para ser considerado auto defesa), ou substituindo digitalmente espingardas das mãos de policias por walk talkies, já que estes estão enfrentando crianças em bicicletas… Enfim, os tempos eram outros, a mentalidade era outra, o mundo era outro… Mas essas são apenas minhas divagações. Vamos voltar ao filme.

O que importa mesmo é o carisma de Harrison Ford, que consegue transformar o longa em mais uma excepcional aventura do maior herói do cinema. Com seu jeito cínico, seu sorriso de lado e seu charme incontestável, Indiana Jones continua sendo o herói que qualquer indivíduo 'comum' poderia ser, afinal é um personagem tridimensional, com qualidades e defeitos (em grande número diga-se de passagem), como qualquer pessoa.

Além dele, ainda há o pequeno Jonathan Ke Quan (que interpreta o ajudante de Indy, 'Short' Round), o menino é carismático, inteligente e encantador. Além de ter um ótimo timing para a comédia. É impossível não se encantar com ele. Por outro lado, há a péssima escolha do par romântico do herói, Kate Capshaw, que faz Willie, uma das mociinhas mais irritantes de todos os tempos. O grande problema não é a personagem ser isuportável (afinal essa era a intenção do roteiro), com seus gritos ensurdecedores e sua atitude aborrecida e interesseira; mas sim a atriz não conseguir ir além disso. Capshaw não consegue fazer com que vislumbremos algo de bom em sua personagem, apesar de sua histeria e frescuras gerarem algumas boas cenas engraçadas, como a sequência em que, no meio da selva, interage com diversos bichos sem notar; ou aquela em que se vê coberta de insetos para salvar seus companheiros; ou ainda a famosa cena do banquete no palácio, onde são servidas iguarias que, literalmente, levam-na ao chão. (Para quem gosta de curiosidades, Cate Capshaw conheceu Spielberg neste filme, quando começaram um relacionamento que dura até hoje).

Foi com este filme que Spielberg sagrou-se, definitivamente, como o grande diretor de cenas de ação, fato que a história viria a confirmar, criando sequências de tirar o fôlego dos espectadores, como a 'corrida' de carrinhos na mina e que mais parece uma montanha-russa.

Claro que muitas gags do filme anterior estão de volta, potencializando o seu humor. Como uma porta de pedra que abaixa e por onde Indiana Jones puxa seu chapéu no derradeiro momento, ou quando Indy se vê frente a frente com dois habilidosos espadachins e apenas sorri cinicamente levando à mão ao coldre, porém aqui, diferentemente do longa anterior, ele está sem sua arma, tornando a cena, além de uma referência, uma paródia ao anterior.

Outras 'marcas' da série que não poderiam deixar de estar presentes são as sombras demarcadas de semblantes dos personagens, as linhas vermelhas sobre os mapas demarcando a trajetória dos vôos do herói, e no início, o logo da Paramount - uma montanha - fundindo-se com a imagem real do filme: se no primeiro ele fundia-se com uma montanha mesmo, aqui funde-se com uma montanha em alto-relevo de um gongo.

Finalmente, termino falando da maravilhosa trilha musical de John Williams, que reutiliza a música-tema do herói dando-lhe, em alguns momentos, uma nova 'roupagem'.

Enfim, "O Templo da Perdição" pode até não ter o mesmo charme, nem personagens tão bons quanto "Os Caçadores da Arca Perdida", mas ainda assim é um Indiana Jones, for God sake! Com todo carisma, cinismo, emoção e adrenalina que essas duas palavras evocam.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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O Indiana Jones continua muito bom neste segundo filme. Mesmo que ele tenha um roteiro com alguns pontos mais fracos. Vamos lá:

A Direção de Arte e a de Fotografia continuam estupendas. Todas as recriações são muito legais.

A história dá umas derrapadas com algumas situações muito forçadas. Fugindo de Xangai eles caem no Himalaia próximo a uma vila. Exatamente essa vila era a que possuía uma das pedras de Sankara e ele vai atrás. Não achei forte esse motivo, mas vamos lá.

No elenco há algumas disparidades. Harrison Ford continua soberano como o melhor em cena. O garoto Jonathan Ke Quan, que interpreta o Short Round, está muito bem. E destaque também para o indiano Amrish Puri, que interpreta o vilão Mola Ram. Já a Kate Capshaw não está bem no filme.

O filme tem cenas históricas como a do banquete no palácio Pankot, onde são servidos algumas iguarias intragáveis como cobra-surpresa, escaravelhos, sopa de olhos e a "deliciosa" sobremesa cérebro de macaco gelado.

Preciso fazer uma ressalva. Há uma cena que me recordo desde criança. Indiana Jones depois de cortar a ponte ao meio, quase morrer, lutar com o Mola Ram, salvar uma das pedras para devolver para a vila, depois disso tudo ficam olhando para a ponte caída achando que ele não se salvou. Eis que ele aparece, juntando as últimas forças e coloca a pedra mais a frente e pára para respirar. TODOS riem, acham graça mas ninguém vai lá ajudar o moribundo. Como assim? E se ele perde as forças e cai nesse momento? Desde que me recordo de ter assistido a esse filme pela primeira vez me lembro do absurdo dessa cena.

Por fim, recomendo o filme por causa do todo.


por Oscar R. Júnior


4 comentários:

Hugo disse...

Apesar de "Os Caçadores da Arca Perdida" ser sensacional, meu favorito da série é "O Templo da Perdição".

A sequência inicial que começa no restaurante e termina com os personagens pulando do avião num bote salva-vidas é uma das melhores da história do cinema.

Estou linkando seu endereço no meu blog.

Até mais

Junior disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Junior disse...

Concordo com Hugo, considero "O Templo da perdição" o melhor da série..Indiana, dessa vez sem arma, tem que provar que é um grande herói nas mãos e no chicote!! A cena em que ele cai na vila não é "forçada"..ele é enviado ali por Shiva(Deus) para salvar as crianças daquele povo..lindo!! É Deus testando a fé dele. O filme tem as sequências de ação mais espetaculares, até mesmo imbatíveis, mesmo em tempo de efeitos digitais como hoje. Enfim, o filme é maravilhoso!

Oscar disse...

Concordo que as sequencias de ação dão um banho até hoje. Eu achava esse filme o melhor quando eu era menor. Acho que pelo fato de ter crianças no filme, não sei. Mas agora meu melhor filme é o 3º sem sombra de dúvida. Mas ele vai ter um comentário próprio.

Abraços e muito obrigado por opinarem.

Oscar