segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, 2008)

Estreia oficial: 21 de maio de 2008
Estreia no Brasil: 21 de maio de 2008
IMDb



O arqueólogo Henry Jones Junior (ou Indiana Jones como ele mesmo preferia ser chamado) marcou a década de 1980 com sua sede de aventura, buscando e preservando objetos históricos e míticos, com seu jeito cínico e divertido, mas acima de tudo, humano - e suas interações com seus companheiros em cada episódio da série serviram, entre outras coisas, para humanizar o protagonista, seja com sua ex-namorada Marion (Karen Allen), com seu pequeno ajudante Short Round (Jonathan Ke Quan) e, obviamente, com seu carismático pai (Sean Connery).

É um pena, portanto, que Steven Spielberg e George Lucas resolveram desenterrar o herói para mais uma aventura, 'maculando' a imagem que tínhamos dele, e fazendo com que a qualidade da série desabasse.

Tendo que preencher a falta de personagens importantes da série, como o professor Henry Jones (Connery, que não aceitou participar do projeto), o grande amigo e colega da Universidade, Marcus Brody (Denholm Elliot, falecido em 1992), e o amigo de aventuras Sallah (John Rhys-Davies, que pediu um cachê muito alto), o roteirista David Koepp (partindo de uma ideia de Lucas e Jeff Nathanson) foi obrigado a incluir novos personagens, que, nem de longe alcançam o carisma e a profundidade dos três citados; como o novo parceiro de Indiana, o extremamente mal desenvolvido Mac (Ray Winstone); ou o reitor da Universidade vivido por Jim Broadbent, que até mostra-se competente (com seu habitual talento), mas que aparece tão pouco que não dá tempo de evoluir; ou o pior de todos, o professor Oxley, vivido por John Hurt de maneira vazia já que seu personagem é deixado em transe (literalmente) durante a maior parte do filme.

A ideia de trazer um jovem entusiasmado, Mutt (Shia LaBeouf), fazendo o contraponto ao já envelhecido arqueológo foi, inegavelmente, uma boa ideia, já que poderia recriar a dinâmica entre Indy e seu pai vista em "A Última Cruzada", e há cenas em que os autores tentam voltar a isso. Porém não conseguem fazer com que a interação soe verdadeira e fluida como na do longa anterior, e acaba parecendo forçada (ainda que engraçada, principalmente para os fãs mais antigos do herói de chapéu de feltro e chicote). A volta de Marion à série também parece forçar a barra, assim como a tentaiva (fracassada) de retomar a antiga química entre ela e o herói: seus desentendimentos e entendimentos soam sempre falsos e pouco inspirados, movidos por motivos fracos.

Mas o grande erro de composição dos personagens reside mesmo em como retrataram o próprio Indiana Jones. Parecendo um infalível super-herói, Indy (apesar de ainda tomar decisões equivocadas) jamais aparenta estar realmente em perigo, jogando fora um dos pontos mais fortes da antiga trilogia - o fato dele ser um 'homem comum' que passa por situações extraordinárias. E, se antes o próprio herói espantavasse com a própria sorte, agora parece ciente de sua invulnerabilidade.

Entretanto Harrison Ford continua vivendo-o de forma impecável, com seu charme e carisma habituais. Como conter um sorriso ao ver o próprio Indiana sorrindo cinicamente quando a vilã Irina Spalko tenta ler sua mente? Ele sabe que ela jamais conseguirá, sua mente é confusa, intrincada demais. Nós também sabemos disso. E Irina descobre, constatando o óbvio.

O que me leva a falar exatamente dela, a vilã interpretada por Cate Banchett. Sem sombra de dúvidas é a pior antagonista de toda a saga (senão a pior) e uma das piores atuações da atriz, que deixa seu terrível sotaque ser a sua única composição.

Quanto ao roteiro propriamente dito, não sei dizer se Spielberg opinou na sua confecção, mas chega a ser engraçado (e mal desenvolvido, diga-se de passagem) que o seu tema preferido - alienígenas - esteja agora presente numa aventura de seu maior herói. Aliás, a história funciona até o momento em que a trupe liderada por Jones chega à selva Amazônica, a partir daí, passa a ser uma sequência de situações mal desenvolvidas que culmina num final igualmente patético.

Quanto às cenas de ação - tão bem dirigidas por Spielberg nos longas anteriores, como a perseguição dos caminhões nazistas em "Os Caçadores da Arca Perdida", ou a corrida de carrinhos de mina em "O Templo da Perdição", ou a briga sobre o tanque nazista em "A Última Cruzada" - são extremamente aborrecidas e sem criatividade, com exceção de uma perseguição de moto que acontece logo no início do filme, fazendo com que o espectador apenas fique na esperança de uma boa dose de adrenalina, que nunca se concretiza.

Mas nenhum desse equívocos seria incontornável se realmente acreditássemos na história que estamos vendo, o que não acontece em nenhum momento, em parte devido ao uso indiscriminado da computação gráfica, que desumaniza as cenas. Assim, quando vemos Mutt locomovendo-se por cipós acompanhado de macacos digitais, rimos de vergonha; ou quando vemos formigas gigantes que devoram tudo e todos que vêem pela frente, ficamos impassíveis, sem sentir ao menos um arrepio (eu particularmente senti raiva), diferentemente do que acontecia em "O Templo da Perdição", quando víamos gigantes e asquerosos insetos subindo pelo corpo de Willie (Kate Capshaw), e nos sentíamos tão angustiados quanto a personagem, justamente por acreditar no que estávamos vendo.

Porém, o longa tem seus bons momentos - e todos são 'resquícios' da trilogia inicial: como o logo da Paramount fundindo-se em uma imagem real (agora com um tom mais bem humorado), ou a linha vermelha que aparece sobre um mapa, mostrando o trajeto aéreo do personagem. Mas principalmente na fotografia de Janusz Kaminski (e que acompanha Spielberg em todos os seus longas desde "A Lista de Schindler", de 1993), e que mantém a estética criada por Douglas Slocombe, com suas silhuetas demarcadas em sombra (a primeira vez que o herói surge, aqui, é extremamente inspirada e saudosista), e com o tom sépia que domina a saga, dando-lhe um tom clássico e realmente elegante. Isso sem falar na trilha musical mais do que consagrada de John Williams.

Enfim, "O Reino da Caveira de Cristal" acaba deixando um tom amargo na boca dos fãs mais ardorosos desse herói que marcou a infância de muita gente (e aí me incluo). Seria melhor tê-lo conservado apenas como uma boa memória do que atualizá-lo de forma decepcionante.


por Melissa Lipinski
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Minha pontuação para este filme se deve ao fato do filme em si, porque se fosse pelo conjunto ele ia ser pior ainda por 'sujar' a saga "Indiana Jones". Na verdade ele não estraga pois considero Indiana Jones como uma trilogia. Sim, eu desprezo este episódio. Mas vamos lá.

Interessante o Indiana Jones ser apresentado por sua sombra. Legal ele ainda usar o chicote para se livrar dos soviéticos. Mas agora ele sobreviver a um teste nuclear por estar dentro de uma geladeira? Um pouco demais. Assim como aquele papo do Indiana Jones e o seu amigo George "Mac" McHale (Ray Winstone). Mac é um agente duplo, ou triplo, ou quádruplo... Um negócio confuso, só serve para tentar (eu disse, tentar) despistar um roteiro mal feito. Mas até aí vai.

O que não rola são as cenas de perseguição requentadas de outros filmes. Como assim? Praticamente refazem algumas sequências só que agora algumas são com Harrison Ford e outras com o Shia LaBeouf. E convenhamos, na primeira cena em que este aparece. já sabemos qual a relação dele com o Indiana.

Mas o que mais me estarreceu no filme é a relação com os extraterrestres. Puxa vida, depois de todo o trabalho com a tal caveira de cristal simplesmente os ETs ligarem as turbinas e irem embora? O que é isso? E quando você pensa que não podia terminar, o filme termina com um casamento! Que triste!

Decepcionante.


por Oscar R. Júnior


Um comentário:

Rafael W. disse...

Eu não entendo porque tanta gente reclama desse filme. Ele é divertido e mantém o espirito de aventura da série, apesar da inserção de alienigenas parecer meio absurda.

http://cinelupinha.blogspot.com/