terça-feira, 28 de junho de 2011

Rehén de Ilusiones

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.


Refém de Ilusões (Rehén de Ilusiones, 2011)

IMDb



"Refém de Ilusões" (em minha livre tradução), é um filme que tenta definir-se entre realista e de uma realidade fantástica. Infelizmente, por não se decidir exatamente com quem quer dialogar, acaba estancando no meio-termo e fica meio perdido.

Pablo (Daniel Fanego) é um escritor consagrado que, depois de uma entrevista é abordado pela fotógrafa Laura (Romina Ricci) e descobre que foi seu professor durante a faculdade. Laura que já havia declarado (à família e ao espectador) que nutria uma paixão pelo ex-professor, começa então a seduzi-lo. Os dois tornam-se amantes (já que Pablo é casado) e, aos poucos, Pablo vai descobrindo mais sobre a vida de Laura e seu distúrbio de deturpação da realidade.

A fotografia de Sebastián Gallo é dessaturada, com um aspecto sempre "gasto", remetendo a uma certa frieza. Frieza que contrasta com o relacionamento dos amantes, mas que pode ser interpretada como a maneira 'gelada' com a qual Laura encara o mundo, sempre sentindo-se deslocada e perseguida.

Porém, o roteiro não tem a mesma sutileza do visual do filme. Ainda que o começo do longa seja promissor (em especial uma cena que mostra Pablo em uma crise criativa), no decorrer do filme, a história vai perdendo a força e originalidade e cainda no lugar comum.

A intenção de colocar os desaparecidos da época da ditadura militar argentina nas ilusões de Laura soa um pouco forçado e fora de contexto. Mais um desabafo do próprio diretor, Eliseo Subiela, do que da personagem.

Enfim, partindo de uma premissa interessante, o filme se perde tanto narrativamente quanto no seu ritmo, e acaba se tornando um melodrama, ainda que reserve para o final, uma surpresa interessante.


por Melissa Lipinski


P.S.: Comentário escrito durante o FAM 2011.


Um comentário:

Mô disse...

Interpretar é algo muito subjetivo, mas o filme ta o tempo todo falndo do próprio cinema e de suas ligações. Ela é cinema, ele a literatura. O studio, é studio cinematografico onde só ali pode acontecer um filme. A casa dela bate de frente contra os militares, como a postura dela. Ela é alucinação, sobre midiação. Concordo que as vezes fica perdido, mas pra mim, fez muito sentindo.