quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Uma Doce Mentira

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Doce Mentira, Uma (De Vrais Mensonges, 2010)

Estreia oficial: 8 de dezembro de 2010
Estreia no Brasil: 9 de setembro de 2011
IMDb



"Uma Doce Mentira" é uma comédia romântica que começa bem, dá uma base a seus personagens, construindo-os de forma coerente, somente para, no seu terço final, jogar tudo isso fora e sucumbir aos mais terríveis clichês hollywoodianos para que aconteça o "tão aguardado" happy end.

Escrito por Benoît Graffin e Pierre Salvadori (este também o diretor), a história já começa mostrando a paixão platônica que Jean (Sami Bouajilla) sente por sua patroa, Émilie (Audrey Tautou). Escreve-lhe, então, uma carta anônima, declarando o seu amor. A moça, por sua vez, reage de forma fria e insensível às belas palavras do rapaz, porém decide usar tal carta para reanimar sua mãe, Maddy (Nathalie Baye) que encontra-se em depressão depois de ter sido abandonado pelo marido. Assim, Émilie envia a carta para sua mãe, dando início a uma série de mal entendidos.

Desde a primeira cena, Salvadori já mostra criatividade ao intercalar cenas de Jean escrevendo a carta com outras dele admirando Émilie por através de um vitral colorido, permitindo que o diretor brinque com as cores da cena, principalmente o vermelho.

É já num primeiro momento que também conhecemos a personalidade forte de Émilie, pois nem os desejos de suas clientes (ela é cabeleireira) parecem impedi-la de fazer o que bem entende. Assim como ficamos conhecendo Jean, cujas palavras na carta dizem muito sobre seu caráter e personalidade introvertida, e as ações do rapaz no início do filme comprovam este comportamento.

Entretanto, o roteiro trata logo de jogar fora toda esta construção em prol de armar um triângulo amoroso. O que Graffin e Salvadori não perceberam, entretanto, é que fazendo isso, transformaram sua protagonista em uma mulher egoísta, manipuladora e até mesmo cruel, que usando como desculpa ajudar sua mãe, não consegue enxergar o mal que causa aos sentimentos dos outros. Sorte do diretor (e do filme) é que Émilie é interpretada pela doce Audrey Tautou, que, por mais perversa que tente parecer, sempre carrega um quê de doçura em sua personalidade, fazendo com que fique quase impossível odiá-la.

Contando ainda com um desfecho forçado e incoerente com o restante da história (principalmente no que diz respeito à personagem Maddy), "Uma Doce Mentira" desperdiça bons atores e boas atuações em prol de virar mais 'comercial', mais hollywoodiano, e assim, acaba se auto-boicotando.


por Melissa Lipinski


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