quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Exit Through the Gift Shop

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Exit Through the Gift Shop (2010)

Estreia original: 5 de março de 2010
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



O protagonista de "Exit Through the Gift Shop" é uma peça rara: baixinho, falando com um sotaque bastante carregado, com costeletas à la anos 60 e o melhor: tudo o que faz, faz filmando, já que é obcecado por câmeras filmadoras. Porém, meio perdido na vida, o francês Thierry Guetta, só achou realmente sua vocação quando conheceu a arte de rua e seus realizadores, passando a andar com eles, registrando todos os seus passos e ações - a maioria delas, ilegais.

Porém, diferentemente do que os grafiteiros imaginavam, Thierry não tinha a mínima intenção de transformar as milhares de fitas gravadas em um documentário. E, quando pressionado, o fez, transformou-os (documentário e os próprios artistas de rua) em piada. Assim, Banksy, o artista de rua mais respeitado mundo afora e um dos amigos de Guetta, decidiu tomar as rédeas da situação e inverter o jogo: pegou o material do entusiasmado francês e transformou o documentarista em protagonista; e ele mesmo, em documentarista.

E, diga-se de passagem, foi uma das intervenções mais acertadas de Banksy, já que Thierry Guetta é um personagem e tanto. Mas o filme não se limita a ele, e ver as obras dos diferentes artistas de rua retratadas no documentário, assim como os riscos que esses assumem para poder realizá-las é algo espetacular. Mais espetacular ainda, é ver a obra de Banksy, que, com todos os méritos, é hoje respeitado como um dos maiores artistas contemporâneos, e seus trabalhos valem milhões de dólares. Além disso, Banksy transforma-se também em personagem dessa história, quando ele mesmo, dá seus depoimentos sobre Guetta. E seus relatos são 'o' algo mais do filme, já que sempre surgem carregados de humor e ironia.

Mas o filme não só mostra a arte de rua, mas também acaba se tornando uma crítica sobre a falta de lógica e escrúpulos do mundo artístico, quando o próprio Thierry Guetta acha que pode se tornar um artista de rua e passa a extrapolar todo e qualquer limite e bom-senso na produção de suas obras, desvirtuando o sentido primordial desse tipo de arte, que é ser efêmera e não comercial.

Assim, "Exit Through the Gift Shop" funciona não só como documentário sobre um sujeitinho pra lá de estranho, mas também como uma discussão sobre a própria arte de rua, e, mais profundamente, sobre a Arte em si.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski

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A construção do documentário foi muito bem pensada. Começa contando a história de Thierry Guetta, um cara que gravava de tudo com a sua câmera. Gravava por gravar, sem pensar no que fazer com esse material. Isto nos faz assistir ao filme na expectativa do cara descobrir o que fazer com tão vasto material.

Obviamente o filme ganha corpo quando aparece o Bansky, um dos artistas de rua mais conhecidos no mundo. Esse sim é um personagem interessante por ser precursor de um estilo de intervenção artística. E é legal quando descobrimos que o cara usa o material captado por Thierry, mas não concorda com a posição dele perante o que faz.

E preciso fazer o destaque para a cena da Disney, que obviamente faz menção ao título. Nunca fui mas já vi que sempre que você sai de um brinquedo tem um aviso: "Exit through the gift shop" (Saída pela loja de presentes). Bem ao estilo Disney de vender, vender e vender.

Recomendo.


por Oscar R. Júnior

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Além da menção direta à Disney que o Oscar citou (que tem seu significado explicado no filme), acho que o título também é uma crítica ao pensamento comercial que se apodera das Artes de uma maneira em geral, chegando até aos artistas de rua, como é o caso de Thierry Guetta.


por Melissa Lipinski


Um comentário:

eversondurden disse...

assisti ontem, e gostei muito
mas e interessante o proprio comentario de banksy "no fim era isso que queriamos, que cada um virasse artista" e depois um silencio grave
ou qdo diz "ele é unico, apesar de ser igual a todos os outros"