quinta-feira, 10 de março de 2011

Bruna Surfistinha

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Bruna Surfistinha (2011)

Estreia oficial | no Brasil: 25 de fevereiro de 2011
IMDb



"Bruna Surfistinha" é um filme com bons momentos e boa atuação de Deborah Secco, mas que acaba diluindo-se em uma fraca narrativa, com uma narração em off totalmente desnecessária.
O roteiro (de José de Carvalho, Homero Olivetto e Antônia Pellegrino) parece escrito em episódios, sem a preocupação em vincular emocionalmente a trajetória da garota, e quando, o tenta fazer, descamba para um melodrama sentimentalóide. E, o que é pior, a história jamais tenta explicar as razões para as ações da protagonista: por que Bruna (ou melhor, Raquel) sai de casa? É verdade que há problemas em sua família, mas qual família não os tem? Por que ela decide se tornar uma prostituta? O roteiro parece bem mais interessado em afirmar como a 'Bruna' tornou-se tão popular entre seus clientes, ao mesmo tempo em que parece (não intencionalmente) apontar para o fato de que a moça teria um talento nato para a prostituição.

Mas o pior de tudo é mesmo a narração em off, que insiste em 'traduzir' tudo o que estamos vendo na tela, soando sempre repetitiva. A narração é tão desnecessária que quase consegue estragar a melhor cena do filme: em seu primeiro programa, Bruna não consegue dissimular a dor que está sentindo quando faz sexo com seu cliente; mas, aos poucos, seu olhar vai se tornando mais decidido. É quando a protagonista encara a câmera de frente, como que desafiando o próprio espectador. A força da cena é tamanha, que mesmo quando a tal narração entra, reiterando tudo aquilo que estamos vendo - que ela não chorou, nem pediu pra que ele parasse - mesmo assim, é a cena mais comovente do longa.

E se a cena funciona deve-se, em grande parte, à forte atuação de Deborah Secco, que depois de aparecer no cinema como uma sex symbol inespressiva em "Meu Tio Matou um Cara" (2004), e em um dos piores filmes ao qual já assisiti, "A Cartomante" (2004), finalmente mostra-se uma atriz competente. Sua atuação é tão intensa que, por vezes, quase nos esquecemos das falhas no roteiro. Seu único excesso na composição da personagem (na minha opinião) é a irritante mania de sempre se sentar com as pernas, não apenas abertas, mas escancaradas, tentando (acho) demonstrar que, por mais que utilize seu corpo para ganhar dinheiro e dar prazer, no fundo, ela ainda mantém aspectos da garota imatura que foi um dia. Porém, a ação só consegue se mostrar forçada e não natural. Porém, um pequeno deslize frente a uma atuação contundente.

E, se falei que quase nos esquecemos das falhas do roteiro, é porque nem mesmo Secco, nem as ótimas atuações de Drica Moraes, Cássio Gabus Mendes (que consegue superar até mesmo o esquematismo clichê de seu 'príncipe encantado') e Fabiula Nascimento conseguem dissimular o sentimentalismo barato por trás da história. Que, perde-se em sua estrutura, a partir da metade do filme, para assumir uma narrativa moralista de redenção da personagem.

Ganhando pontos por alguns diálogos espirituosos e engraçados, e algumas situações cômicas, assim como algumas sacadas inteligentes de seu diretor - o estreante em longas Marcus Baldini - como por exemplo a economia de palavras para expor alguns personagens, e a construção sempre egocêntrica da personagem-título (que, mesmo que seja mérito da atriz, sempre tem a direção de alguém), é uma pena que o filme seja sabotado por sua parte final, que insiste em retratar toda prostituta como sendo alguém que precise de um 'anjo da guarda' para resgatá-la de sua vida miserável, o que acaba comprometendo seu resultado.

Enfim, "Bruna Surfistinha" consegue alguns méritos graças, principalmente, às suas atuações e à força de sua protagonista - mas não da sua personagem.


por Melissa Lipinski
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Vou começar pelo que gostei. O elenco. É a melhor atuação que já vi da Deborah Secco, mas isso se deve ao fato dela ser uma atriz mediana no geral. Quem quase rouba a cena são a Drica Moares e o Cássio Gabus Mendes. Estão excelentes.

Sobre a história. É fraca. A personagem principal não tem motivação. Ou melhor, não nos é mostrado uma razão decente para que ela entre nessa vida. Não que eu necessite saber o porquê ela virou prostituta, mas quando o filme mostra momentos dela na casa dos pais, eles dão margem para que eu queira um motivo. No filme a razão está muito, mas muito artificial mesmo. Tão artificial quanto a atuação do irmão da Bruna Surfistinha, ele consegue ser o pior em cena.

Na verdade o que mais me incomodou no filme é que ele glamuriza muito a personagem principal. No filme aparenta que ela sente prazer em todas as transas que faz. Parece que foi tudo muito fácil, mas vamos e convenhamos: não é um vida fácil. As únicas coisas ruins que acontecem com ela é o irmão xingá-la, a outra prostituta roubá-la e o fato dela cair nas drogas. Nenhum cara bateu nela, nenhum a forçou a transar de alguma forma mais bruta. É quase como se ela nunca tivesse dado o c*. É o que parece. Isso me incomodou bastante.

Humm, e tem a narração em off da Deborah que poderia ser totalmente extirpada. Totalmente.

Por fim, faço um destaque para a Fabiula Nascimento. Ela é a outra prostituta que tem um filho e tudo mais. Ela está ótima nesse filme e eu recomendo outro que tem ela no elenco: "Estômago" (2007, direção de Marcos Jorge).

É isso.


por Oscar R. Júnior


Um comentário:

Anônimo disse...

Achei o filme fraco, sem conteúdo, esperava mais... Muitas cenas de sexo, quase que explícito, passa a ser apelativo. Sai decepcionada. E a classificação está imprópria, apenas 16 anos?!