segunda-feira, 7 de março de 2011

Abutres

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Abutres (Carancho, 2010)

Estreia oficial: 6 de maio de 2010
Estreia no Brasil: 3 de dezembro de 2010
IMDb



Ricardo Darín é um dos melhores atores do cenário atual (e não me refiro apenas ao cinema argentino). Sua composição de personagens é sempre um trabalho incrível. A cada novo filme o ator parece se superar. Aqui, nesse "Abutres", Darín faz mais um trabalho impecável como Sosa, um advogado que representa um escritório de indenizações por acidentes. O sujeito vive da miséria alheia, correndo atrás de ambulâncias dos para-médicos para conseguir novos clientes.
É numa dessas suas noites que conhece Luján, uma médica que exibe claramente o cansaço de sua desgastante profissão, e utiliza-se de anestésicos para tentar aliviar (pelo menos por instantes) o estresse da sua vida, e a dor (física, ou talvez seja apenas psicológica) de ter que, diariamente, tratar com a desgraça dos outros. E a atriz Martina Gusman também faz um trabalho delicado e competente ao retratar essa mulher.

E é o relacionamento desses dois personagens sofridos que "Abutres" enfoca. Não que seja apenas isso. O longa primeiro mostra um pouco do cotidiano dessas duas pessoas. E, aqui, a arte do filme é extremamente competente em ilustrar os ambientes em que os dois personagens vivem. Seja no escritório decadente em que Sosa trabalha, ou no hospital onde Luján atua, com suas lâmpadas frias e seus espaços opressivamente sufocantes.

A direção de Pablo Trapero é, mais uma vez em sua curta carreira, excepcional. Dos planos mais abertos do começo do filme, quando ainda estamos conhecendo os personagens da história, e que servem também para mostrar o caos em que aquelas duas pessoas vivem, sempre envolto em violência - a qual, diga-se de passagem, o diretor não se acanha em mostrar, fazendo com que o sofrimento das pessoas mostradas seja ainda mais pungente. Aos planos mais fechados, a partir do momento em que Sosa e Luján começam seu relacionamento, evidenciando assim a proximidade emocional daqueles personagens sofridos.

Trapero também utiliza-se dos longos planos (algun sendo planos-sequência) que estão virando sua marca como diretor. E dois, particularmente, são construídos de forma a gerar uma tensão absurda no espectador - o primeiro que envolve uma batida e, o segundo, o plano final do filme, que é de tirar o fôlego!

Enfim, atuações emocionantes, roteiro bem construído, direção impecável e aspectos técnicos muito bem estruturados, o que mais pode-se querer em um filme?

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Juntando um bom roteiro, bons atores e uma boa direção temos um excelente filme. Obvio. Mas vai além disso.

A história é bem construída, com diálogos precisos. Tanto Ricardo Darín quanto Martina Gusman nos transmitem toda a emoção de suas personagens. Darín é um advogado sem licença que tira proveito de processos por acidentes de trânsito. Gusman é uma médica que trabalha em dois lugares e está totalmente sobrecarregada. Muito boa a interação dos dois.

Recomendo.

P.S. Recomendo também o filme "Leonera", que também é dirigido por Pablo Trapero e tem como personagem principal a Martina Gusman.


por Oscar R. Júnior


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