segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sonhando Acordado

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Sonhando Acordado (La Science des Rêves, 2006)

Estreia oficial: 16 de agosto de 2006
Estreia no Brasil: 30 de outubro de 2007
IMDb



Michel Gondry é um artesão de histórias calcadas na realidade fantástica. Fábulas que se beneficiam de seus efeitos visuais para ganharem formas. Este "Sonhando Acordado" é seu primeiro trabalho solo como roteirista (ele escreveu "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" em parceria com Charlie Kaufman), e vem corroborar com sua cinematografia marcada pela criatividade e originalidade.

Gael Garcia Bernal é Stephane, um jovem de mãe francesa e pai mexicano, que volta para a França depois de morar um tempo no México. Stephane tem dificuldade em distinguir o que é realidade e o que é sonho, o que acaba confundindo um pouco sua vida, já que o tímido rapaz parece se sentir mais à vontade em seus sonhos. Quando conhece a sua vizinha Stephanie (Charlotte Gainsbourg), Stephane começa a gostar mais da vida real, porém sua insegurança e sua confusão entre sonho e realidade podem impedir a concretização deste relacionamento.

Essa confusão do protagonista faz com que Michel Gondry possa brincar com os objetos de cena, fazendo cenas de uma apurada qualidade técnica (mesmo que o seu orçamento tenha sido pequeno), comprovando a inventividade do diretor.

Os diálogos ácidos e ligeiros ajudam a dar ritmo à narrativa, e a excelente atuação de Bernal e Gainsbourg evitam que seus personagens caiam no caricato e faz com se tornem tridimensionais.

Deixando claro que a fantasia é bem mais aprasível e fácil de ser encarada do que a realidade, Michel Gondry transforma a história entre Stephane e Stephanie em uma alusão à relação entre espectador e cinema. A fantasia de um amor perfeito dos contos de fadas e das histórias cinematográficas é mais fácil do que a realidade de uma relação que precisa ser construída e conquistada constantemente, diariamente. Cabe a nós, espectadores, sabermos a dose certa entre nossas fantasias e nossa realidade. Michel Gondry, como todo bom artesão, nos mostrou como fazer (ou como não fazer), resta a nós colocar em prática.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


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