ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Almas à Venda (Cold Souls, 2009)
Estreia Oficial: 7 de agosto de 2009
Estreia no Brasil: 9 de julho de 2010
IMDb
Assistindo a esse "Almas à Venda", não sabia exatamente o que pensar... Depois do filme terminar, refletindo um pouco sobre ele, algumas impressões que tive ao longo da projeção mudaram um pouco... mas não totalmente. O longa não é um desastre total... mas também está longe de ser um ótimo filme.
Claramente inspirada em diretores que ascenderam do circuito independente, como no non-sense de Charlie Kaufman e Michel Gondry e no pessimismo de Sofia Coppola, a roteirista e diretora Sophie Barthes derrapa no roteiro e na direção de seu longa de estreia.
Mesmo com um começo promissor e intrigante, onde vemos Paul Giamatti (interpretando uma versão melancólica de si mesmo) esforçando-se para dar a complexidade e emoção necessária ao clássico de Tchékhov, Tio Vânia, num ensaio de uma peça de teatro, o filme descamba para uma trama sem pé nem cabeça sobre tráfico de almas, comandado por uma máfia russa - é um tal de tirar a alma... colocar a alma de outra pessoa... tirar a alma de novo... Uma confusão!
Sim, essa mesma premissa e elenco poderiam ter rendido um ótimo filme... Fico imaginando-a nas mãos de Kaufman ou Gondry... ou até mesmo de Paul-Thomas Anderson... Mas nas mãos de Barthes, não conseguiu decolar e acabou virando uma discussão pseudo-intelectualóide sobre a existência e a complexidade da alma do ser humano, onde a metalinguagem do início dá lugar a um drama que tenta se levar a sério demais, mesmo com uma premissa com bases fantásticas...
Paul Giamatti (que eu adoro!) até faz um bom trabalho, mas os diálogos e situações não cooperam com o ator. O restante do elenco também cumpre bem a sua função.
Enfim, a história acabou se tornando maior que a própria autora, que não conseguiu controlá-la... Sobrou um filme sem sentindo, tentando ser mais do que realmente é...
Acho que vou rever "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", "Quero Ser John Malkovich" e "Magnólia"....
Ganho mais...
por Melissa Lipinski
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Como é um filme com o Paul Giamatti, decidimos assisti-lo. A premissa é interessante, de poder trocar de alma... Interessante. E só.
O roteiro só é interessante até a metade do filme. Daí em diante fica repetitivo e chato.
Com certeza, se tivesse sido dirigido pelo Michel Gondry (que dirigiu "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças") seria outra coisa. Mas não foi.
Por hora é isso.
por Oscar R. Júnior
Um comentário:
bom eu gostei do filme, achei bem amarrado o roteiro, e com um humor bem sutil e inteligente. Não é, claro, uma "obra-prima" mas achei bem superior a média, inclusive a referência mais clara do Quero Ser John Malkowich. Mas é menos pretensioso. A idéia absurda do tráfico de almas se torna aceitável como tantas noticias bizarras que vemos hoje em dia na internet. E fora isso ele não explora o no sense bizarro como "Malkowich" (nisso se assemelha a "Brilho Eterno..."). E a premissa do ator q precisa incorporar a "alma" do personagem, a garota sem talento q usa a alma de Giamatti pra ser atriz de novela, o de grão-de-bico, são grandes sacadas, além é claro, do "especulador de almas" numa clara critica a mercantilização de tudo.
Enfim, talvez Michel Gondry fizesse melhor, mas acho que é uma comparação pesada, não conhecia essa Sophie Barthes e me surpreendeu por sua clareza e bom senso.
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