sábado, 30 de abril de 2011

Rio

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Rio (Rio, 2011)

Estreia oficial: 3 de abril de 2011
Estreia no Brasil: 8 de abril de 2011
IMDb



"Rio" é a tradução exata da visão exótica que os estadunidenses têm da Cidade Maravilhosa. Carnaval, mulatas, pontos turísticos, macacos andando pelo centro da cidade, favela... E a lista não pára por aí. O fato de o filme ser dirigido por um brasileiro é apenas um detalhe, pois sabemos que, na realidade, a visão que impera aqui, é a do dono do dinheiro (ops! do estúdio), ou seja, o olhar do estrangeiro.

Sob essa perspectiva, então, tem-se um primeiro plano do filme que (mesmo se passando há uns 15 anos atrás) jamais condiz com a realidade da capital fluminense (mesmo naquela época): um amanhecer calmo e tranquilo, sem sequer um ruído que remeta à grande cidade que estamos vendo na tela. Esse tranquilo e silencioso plano cede espaço para a barulhenta e alegre selva brasileira, com suas aves exóticas e coloridas, num número musical que muito me lembrou aqueles protagonizados por Carmen Miranda em seus filmes yankees (e sim, nós temos bananas!).

Falando em musicais, adianto que, apesar de bonitinhos, os números vistos em "Rio" não se integram à história de forma orgânica. Embora a trilha musical de John Powell (com participação de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown) seja empolgante.

Já a história em si é bem bobinha. Um roteiro fraco e unidimensional que jamais consegue desenvolver seus personagens. O que é realmente uma pena, pois os personagens que surgem na tela poderiam ter rendindo situações bem mais engraçadas ou bem mais emocionantes das vistas aqui, bastaria que os roteiristas dignassem-se a explorar melhorar o que tinham em mãos. A própria narrativa é fraca, o que pode-se notar, por exemplo, nos momentos em que a história praticamente pára para que sejam mostrados os pontos turísticos da cidade.

Porém, nem tudo é ruim. O talento dos atores que dublam os personagens conseguem elevar o nível do filme. Jesse Eisenberg e Anne Hathaway demonstram uma química incrível (mesmo não contracenando 'ao vivo') e um carisma incontestável, o que faz com que os espectadores imediatamente identifiquem-se com seus personagens, Blu e Jewel, respectivamente. E, se Leslie Mann e Rodrigo Santoro não surpreendem como os humanos Linda e Tulio; os passarinhos 'descolados' dublados por Jamie Foxx (Nico) e Will.I.Am (Pedro) roubam as cenas onde aparecem. Os dois, inclusive, pronunciam palavras em um português quase sem sotaque, o que deve ter sido obra, obviamente, de Carlos Saldanha. Já Tracy Morgan - e seu cachorro Luiz - ainda que apareça pouco, é o responsável pelos momentos mais engraçados do filme.

E, se por um lado, falei que a visão que imperava no filme não era a de Saldanha; por outro, só pode ser segundo a sua visão que nasceram os momentos mais belos do longa, como aquela melancólica sequência onde um garotinho órfão passeia por uma favela, e que termina com um primeiro plano dos barracos contrapondo-se, ao fundo, com às belas luzes da, igualmente bela, Baía da Guanabara.

O filme de Saldanha, deve-se dizer, é voltado exclusivamente para o público infantil, com seus animais antropomorfizados, com olhos grandes e expressivos, e cores vivas. Já os adultos (já acostumados com a excelência de animações como "Rango", "Toy Story 3", "Wall-E", "Coraline e o Mundo Secreto" e "Up - Altas Aventuras", só pra citar algumas) sentirão falta de um subtexto mais amadurecido (digamos assim) e de piadas mais adultas e referenciais. Os pequenos, por outro lado, tenho certeza que vão adorar as aventuras de Blu e Jewel na Cidade Maravilhosa.


por Melissa Lipinski
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Vamos por partes. A dublagem original é excelente. Muito bem feita e muito bem escolhido o elenco.

Quanto aos personagens, o "bonzinhos" são melhor construídos. Pelo menos são interessantes com destaque para o cachorro Luis, que é o mais cômico do filme. Em compensação os personagens "maus" são construídos superficialmente e na fórmula de chefe bem maldoso e assistentes bem desastrados. Não curti muito. Também não curti tanto os macacos ladrões.

A história do filme foi feita pelo próprio Carlos Saldanha e o por dois roteiristas de séries infantis. Já o roteiro foi escrito basicamente por roteiristas de séries e filmes infantis. Ok, mas é um filme da DreamWorks, que já fez "FormiginhaZ" (AntZ, 1998), "Shrek" (2001), "Madagascar" (2005), "Kung Fu Panda" (2008), entre outros. São excelentes filmes com excelentes roteiros, que é algo que falta nesse "Rio". E sobre o fato do filme se passar no Rio de Janeiro - bem, ele é do tipo de estereotipização normalmente associada ao Brasil: TODOS gostam de samba, todo mundo fala ingles, tem macaco pela cidade, os macacos roubam turistas, mulatas dançando e por aí vai.

Fico por aqui.


por Oscar R. Júnior


 

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