quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Segredo dos Seus Olhos

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Segredo dos Seus Olhos, O (El Secreto de Sus Ojos, 2009)


Estreia Oficial: 13 de agosto de 2009

Estreia no Brasil: 26 de fevereiro de 2010

IMDb



Sou fã de Juan José Campanella e Ricardo Darín desde que assisti a "O Mesmo Amor, a Mesma Chuva", de 2001, que, se não me engano, é a primeira parceria entre o diretor e o ator. Depois vieram os excelentes "O Filho da Noiva" (2001) e "Clube da Lua" (2004).

Uma das marcas deste excelente diretor argentino é a sua predileção por histórias simples. E aqui não poderia ser diferente. Este "O Segredo dos Seus Olhos" é um thriller policial que conta a história de Benjamín Esposito (Darín), um oficial de justiça que, nos anos 70, investigou a morte de uma bela mulher. Mesmo tendo solucionado o seu assassinato e prendido o culpado, a forma como o marido da vítima conseguiu superar a dor da perda nunca deixou de importuná-lo. Até porque ele mesmo tem a sua própria dor com relação ao amor não correspondido de sua chefe, a juíza Irene Hastings (Soledad Villamil). Após 30 anos, já aposentado, o ex-oficial de justiça resolve escrever um livro a respeito do caso, para livrar-se da sua própria angústia, e acaba desencavando os seus "fantasmas" do passado.

Como falei, a predileção do diretor por histórias simples acaba revelando sempre personagens comuns, bastante humanos, que, por essa razão envolvem o público, e fazem com que nos importemos com eles, soframos junto com eles. E aí está a força de seus filmes.

As atuações corroboram para essa ligação entre público e personagens. Além do casal principal, há também a força da interpretação de Javier Godino (como o assassino Isidoro Gómez); os conflitos internos de Pablo Sandoval, feito com maestria por Guillermo Francella, que constrói o parceiro de Esposito como uma figura tridimensional, dramática e engraçada ao mesmo tempo; e a fragilidade do viúvo Ricardo Morales (interpretado por Pablo Rago).

O trabalho de maquiagem é muito bom, e ilustra com perfeição a passagem do tempo para esses personagens. Nunca achamos que estamos diante do ator maquiado, mas acreditamos que o tempo passou para eles, o que nos faz mergulhar ainda mais na história. E que história! Um roteiro muito bem construído, uma direção segura de Campanella (há um plano em especial, que é de tirar o fôlego - quando estão perseguindo o assassino dentro de um estádio de futebol) e uma edição competente ditam o ótimo ritmo que a produção possui, culminando em um final surpreendente.

Outro ponto importantíssimo deste filme, como o seu título mesmo sugere, é a importância do olhar. Aqui, os olhares dizem mais do que mil palavras (com o perdão do trocadilho). E é a pura verdade. Basta ver como o olhar de Morales o entrega quando fala que já superou a morte da esposa e que seguiu a vida - seu olhar mostra justamente o contrário. Ou o olhar do assassino quando está sendo interrogado e que o entrega, e ainda nessa mesma cena, o olhar de atenção da juíza, que desmascara o culpado. Ou ainda, o melhor de todos, o olhar de Ricardo Darín, que a todo momento demonstra o quão apaixonado ele é por sua chefe, ao mesmo tempo que vemos a sua frustração por não ter coragem de declarar esse amor.

Aliás, é por causa de Ricardo Darín que o filme está em outro nível. Ele é um ator soberbo, mas aqui demostra todo o seu talento, como já disse, em apenas um olhar. E como é bom vê-lo atuar!

Enfim... sensacional!

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Só um retrospecto sobre o roteirista e diretor Juan José Campanela. Ele foi muito aclamado pelo filme "O Filho da Noiva" de 2001. Após isso, dirigiu vários episódios de séries estadunidenses como "30 Rock", "Law and Order", "Dr. House", entre outras. No meio tempo continuou dirigindo alguns filmes na Argentina.

Agora indo pro filme. Muito bom…. Roteiro inteligente, atuação de primeira, temática universal, maquiagem de envelhecimento…. Essa não é tão boa para alguns personagem, mas não atrapalha em nada o filme.

Entrei no filme achando se tratar de um filme policial, mas argentino? Continuando vê -se que parece ir para um drama, passando pelo romance. Mas com um final surpreendente, percebemos que o filme é tudo isso junto. Gostei muito.

Recomendo, recomendo, recomendo...


por Oscar R. Júnior


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