sábado, 26 de novembro de 2011

Late Bloomers - O Amor Não Tem Fim

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Late Bloomers - O Amor Não Tem Fim (Late Bloomers, 2011)

Estreia oficial: 13 de julho de 2011
Estreia no Brasil: 11 de novembro de 2011
IMDb



Depois de sua estreia na direção de longas de ficção com "A Culpa É do Fidel" (de 2006), Julie Gavras volta a mostrar sutileza, charme e senso de humor para tratar de temas delicados. Se no seu filme anterior conseguia retratar de maneira inocente e séria - e sempre privilegiando o ponto de vista infantil - a imersão de uma menina no mundo do ativismo político de seus pais na década de 1970; agora, com esse "Late Bloomers" (com terrível subtítulo nacional) vai ao outro extremo da maturidade, e fala justamente do difícil ato de envelhecer. Afinal, como diz um dos personagens do filme: "envelhecer não é para mariquinhas" ("getting old ain't for sissys").

Depois de uma perda de memória parcial, a 'sessentona' Mary (Isabella Rossellini, ainda linda nos seus bem envelhecidos - e assumidos - 60 anos - como é bonita uma mulher que não tenta esconder e disfarçar sua idade com plásticas deformantes e desnecessárias) decide que é hora de assumir a idade que tem, e passa a abastecer sua casa com acessórios para a terceira idade, tentando adaptar-se a um novo estilo de vida, mais sossegado e cuidadoso. Já seu marido, Adam (William Hurt), cercado de colegas de trabalhos bem mais novos, parece ignorar o fato que Maria pretende assumir de qualquer maneira, e faz de tudo para parecer mais jovem.

Mas como agir de maneira coerente com sua idade? Qual a forma correta? Como deixar de querer ter 20 anos e, ao mesmo tempo, também não aparentar ter 80? São questões que o roteiro de Julie Gavras e Olivier Dazat aborda com sensibilidade e destreza, sem cair no piegas ou no caricato.

E parte do êxito do filme está no talento de seus protagonistas e na empatia que esses criam com o público. Porém, por mais delicada e bem conduzida que a história possa ser, ela perde um pouco de sua força por nunca se aprofundar nos temas que levanta como conflito. Sempre que ameaça ir mais a fundo em um ponto, uma situação mais cômica vem suavizar a trama, e abranda o que poderia ter se tornado um grande estudo sobre a maturidade.

Porém, Gavras (assim como acontecia em "A Culpa É do Fidel") consegue conduzir a trama com tamanho charme que nos deixamos levar pelos seus acontecimentos, por mais que, ao final, notemos que sua discussão foi sutil e, até mesmo, rasa.

O bom ritmo do longa, sua bonita fotografia e suas excelentes atuações transformam "Late Bloomers" em um romance da "melhor" idade leve e despretensioso, mas que também acaba por nos fazer refletir sobre aquilo que nos é inevitável: envelhecer.

Porém, como Julie Gavras e Mary (ou Isabella Rossellini) nos mostram: há que se envelhecer mas sem perder o bom senso e a compostura jamais.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


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