quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Labrador

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Labrador (Labrador, 2011)

Estreia oficial: 30 de abril de 2011
Estreia no Brasil: sem data prevista

IMDb



"Labrador" é um tanto quanto perturbador. Possui apenas três personagens (e mais um cachorro) e a história se passa em um cenário totalmente desolador: uma ilha deserta e fria, que diz muito sobre a personalidade ou estado de espírito dos próprios personagens.

Sem uma história muito complicada, o roteirista Daniel Dencik e a diretora Frederikke Aspöck conseguem focar no que mais interessa aqui: seus protagonistas. Pois este é um filme de personagem, já que se baseia inteiramente nas relações que estes três indivíduos travam nesta desértica ilha.

Mas vamos dar 'nomes aos bois'. A história começa com Stella (Stephanie Leon) e seu namorado, Oskar (Carsten Bjørnlund) chegando na tal ilha para visitarem o pai da moça, Nathan (Jakob Eklund), um artista plástico que resolveu isolar-se do mundo tendo como única companhia, uma cadela da raça labrador. Porém, logo de cara, Nathan antipatiza com Oskar, e Stella vê-se em meio a um confronto de palavras e olhares, dos quais ela mesma toma parte. Porém, a visita aparentemente simples e desinteressada (ou nem tanto), acaba se tornando um verdadeiro desastre quando antigos segredos são revelados (e não vem ao caso mencioná-los para não estragar a surpresa).

Muito bem intepretada por seus atores, a história peca por ser toda calcada sobre esse segredo. Porém, ele acaba por revelar-se fraco e inconsistente, pois é impossível pensar que Stella nunca tenha feito uma matemática básica quando criança, e suspeitado que algo na sua base familiar não estava certo. Assim, se a base é fraca, toda a estrutura da narrativa também parece falhar. E o faz intermitentemente.

Porém, apesar da premissa um pouco forçada, o drama psicológico que se estabelece entre os protagonistas é intenso, e aborda conflitos familiares e relações humanas de uma forma complexa e até mesmo doentia.

Mas é mesmo a escolha da locação que faz tudo soar ainda mais complicado. A impressionante melancolia e isolamento do local reflete no comportamento do trio protagonista, que vê sua aparente harmonia desmoronando-se à medida que a história avança.

Talvez o desfecho seja apressado demais, mas nada que desmereça o trabalho como um todo. Pena que o grande tropeço tenha acontecido lá no início, na 'ideia-base' de toda a trama, e isso não há como desconsiderar…


por Melissa Lipinski



OBS: Comentário escrito durante a 35ª Mostra Intrnacional de Cinema de São Paulo.


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