sexta-feira, 20 de maio de 2011

Os Agentes do Destino

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.


Agentes do Destino, Os (The Adjustment Bureau, 2011)

Estreia oficial: 3 de março de 2011
Estreia no Brasil: 13 de maio de 2011
IMDb



Tenho que avisar, desde já, que "Os Agentes do Destino" quase consegue jogar fora um bom filme devido a um final burro, medíocre e simplista.

Mas voltemos ao princípio. O filme, escrito e dirigido por George Nolfi a partir de um conto de Philip K. Dick, é, acima de tudo, uma história de amor. Um romance travestido de ficção científica.

Mas o filme vai além da história de amor. Nolfi consegue prender o espectador numa história intrigante repleta de tensão. Mas que não funcionaria se não fosse pela grande química entre o casal protagonista. Matt Damon e Emily Blunt estabelecem uma ligação crucial para o desenvolvimento da história desde o primeiro momento em que se cruzam na tela. Só assim mesmo para que o espectador seja convencido de que vale a pena arriscar tudo na vida por aquele amor.

A introdução do filme é bastante eficiente, com uma sequência ágil que apresenta o personagem de Damon, David Norris, e sua promissora campanha ao Senado dos Estados Unidos até chegar ao momento em que um escândalo faz com que ele não seja eleito. É neste ínterim que ele conhece, em um local inusitado (um banheiro masculino), Elise (Blunt). Entre os dois, como falei, logo surge uma atração mútua e irresistível. É impossível contestar que aqueles dois foram realmente feitos um para o outro.

É a partir daí que o filme começa a ficar interessante, com a aparição de um grupo de homens misteriosos que parecem determinados a manter David e Elise separados a todo custo. É justamente o mistério que envolve esses seres que engrandece o roteiro. Em momento nenhum esse enigma é completamente desvendado. Quem são realmente esses homens? Anjos trabalhando a mando de Deus? Agentes do governo? Uma espécie de sociedade secreta trabalhando sob ordens de um 'presidente do Mundo'? Por mais que a história dê dicas sobre quem eles são, fica a cargo de cada espectador tirar sua próprias conclusões e montar a 'sua verdade' a respeito deles. Ponto para o filme!

O visual desses 'agentes do destino', inclusive, me lembrou um pouco aquele adotado pelos anjos de "Asas do Desejo" (1987, de Wim Wenders), o que talvez seja mais uma dica de sua origem. Especulação minha. Mas é fato que a gama de cores escolhida para o visual desses homens, e a paleta acinzentada da fotografia de John Toll não é por acaso. O cinza da cidade serve como um tipo de camuflagem para Thompson (Terrence Stamp), Richardson (John Slattery), Harry (Anthony Mackie) e os outros agentes.

Contando ainda com enquadramentos que auxiliam a narrativa, como o uso de planos mais abertos quando David está sozinho, mostrando-o sempre solitário; e quadros mais fechados quando ele está com Elise, destacando a importância e a mudança que esta traz à sua vida, George Nolfi também consegue criar tensão com batidas de carros inesperadas e uma perseguição pelo centro de Nova York que envolve inusitadas portas, que, mesmo que não empolgue a todos, com certeza merece créditos por sua originalidade.

Porém, não sei se Nolfi teve que fazer algum concessão para seu roteiro ficar 'mais comercial' e agradar aos executivos hollywoodianos, ou se o fim idealizado por ele era esse mesmo. Mas a verdade é que toda uma história bem construída é quase posta a perder por um final lamentável. Os cinco minutos finais do filme parecem não condizer com o restante. Como não se irritar com um final (e aí vai um spoiler) que simplesmente nos mostra que todo o sofrimento que os protagonistas passaram até ali foi em vão? Se 'o presidente' (como chamam quem manda nos destinos dos humanos) iria dar o braço a torcer e aceitar que David e Elise ficassem juntos, por que eles tiveram que passar por tudo aquilo? Um final simplista e que reduz as possibilidades de interpretação do filme. Mas o pior de tudo é a narração em off que surge no último plano, explicando (de forma absurda) o que acabamos de ver durante o filme. Será que os espectadores não são inteligentes o suficiente para tirar suas próprias conclusões? Faz-se necessário que uma voz em off nos diga como e o quê devemos pensar? Uma lição de moral totalmente desnecessária.

Felizmente, a qualidade do que se viu até esses cinco minutos finais é muito boa para que eles consigam arruinar todo o filme. Infelizmente, e por causa desse final, não vai um "fica a dica!"...


por Melissa Lipinski
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Esse filme tem uma idéia interessante, da agência que faz com que o "destino" se realize, fazendo para isto pequenos ajustes. Com essa base eles seguram a maior parte do filme. A maior parte, eu disse.

Primeiro o elenco: Matt Damon e Emily Blunt estão muito bons.. Eles são extremamente competentes e nos mantêm presos ao filme.

A Direção de Fotografia, Direção de Arte e os efeitos especiais nos impressionam com destaque para a cena da perseguição pela cidade, entrando por portas e saindo em outros lugares. Muito boa.

Já o roteiro, humm, ele é regular. A idéia, como já falei, é muito interessante, mas o romance entre o casal principal é fracamente baseado. E o desfecho da trama é ridiculamente fraco. Tava legal até chegar próximo do final. Pessoalmente não curti.

Por hora é isso.


por Oscar R. Júnior


 

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