sexta-feira, 5 de março de 2010

Brilho de uma Paixão

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Brilho de uma Paixão (Bright Star, 2009)

Estreia Oficial: 15 de outubro de 2009
Estreia no Brasil: ainda não divulgada
IMDb



Depois de seis anos sem dirigir, Jane Campion volta a apresentar a maturidade que demonstrou em “O Piano”, de 1993. Aqui, ela conta a história (real) do poeta romântico John Keats, e seu casto romance com Fanny Brawne. O conflito está no fato de que Keats, ainda sem reconhecimento, não tinha dotes para tomar Fanny como sua esposa, e assim, eles não podem assumir esse romance.

Jane Campion retrata todo o flerte entre o casal protagonista com muita elegância, com planos muito bonitos, que parecem verdadeiras pinturas. Assim, em conjunto com uma belíssima fotografia, o resultado final é uma produção caprichada tecnicamente, com o romantismo ditando o seu ritmo e seu tom, inclusive na escolha das paisagens.

Mas apesar de todo o lirismo e poesia das imagens, é a poesia (propriamente dita) de Keats quem rouba a cena e traz um diferencial ao filme – e contraditoriamente, é justamente por causa dessa poesia que acho que nem todos irão gostar do longa. Afinal, Campion (que é também a roteirista) utiliza partes de obras do poeta romântico para escrever alguns diálogos, e os personagens realmente as declamam. E o que poderia se tornar chato, encaixa-se ‘como uma luva’ no espírito da produção, e a enriquece ainda mais.

A direção de arte também é muito bonita e os figurinos diferem daqueles geralmente vistos em filmes de época, conseguindo, de forma criativa, sair um pouco do convencional.

As atuações são boas, mas o destaque fica por conta de Ben Whishaw (que já tinha mostrado talento em “Perfume” e “Não Estou Lá”) como John Keats. Toda vez que ele se ausenta o filme perde ritmo e fica menos interessante, fazendo com que nós espectadores sintamos o mesmo que sua amada Fanny, ansiando para seu retorno.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski

 


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