ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Eu Queria Ter a Sua Vida (The Change-Up, 2011)
Estreia oficial: 5 de agosto de 2011
Estreia no Brasil: 7 de outubro de 2011
IMDb
"Eu Queria Ter a Sua Vida" é a junção de dois subgêneros de comédias: a tão batida comédia de troca de corpos (lembro de produções desde 1976 com "Se Eu Fosse a Minha Mãe", depois "Tal Pai, Tal Filho" de 1987, "Quero Ser Grande" de 1988, passando pelas as regravações "Sexta-Feira Muito Louca de 2003, "De Repente 30" de 2004, até os nacionais "Se Eu Fosse Você" 1 e 2), e o subgênero cômico voltado para o público masculino, com suas escatologias e uma ode ao adulto-infantilizado (basta ver os sucessos de "Dias Incríveis" de 2003, "Penetras Bons de Bico" de 2005, "Se Beber Não Case" 1 e 2 - 2009 e 2011, "A Ressaca" e "Um Parto de Viagem", ambos de 2010, entre tantos outros).
Porém, este filme dirigido por David Dobkin não alcança o nível destes exemplares que citei, já que não ousa, nem em seu formato, nem em suas piadas. Trabalhando com um formato extremamente desgastado, os roteiristas Jon Lucas e Scott Moore não souberam investir nas situações que criaram, deixando-as sempre 'mornas'.
Diferentemente dos melhores filmes do subgênero comédias masculinas (e tomo "Dias Incríveis", "Penetras Bons de Bico" e "Se Beber Não Case" como parâmetro), os roteiristas não souberam abusar de situações esdrúxulas e piadas escatológicas para contrapor uma premissa já conhecida do grande público. O resultado é um filme que até tem boas chances, mas nunca as concretiza de fato, pois não as leva até o limite do tolerável (como os filmes citados faziam). E você poderá até soltar algumas risadas (afinal este é o propósito de uma comédia, não é mesmo?), mas não chegará a gargalhar em nenhum momento…
Porém, o longa conta com boas atuações de Jason Bateman e Ryan Reynolds, que parecem bem à vontade com seus personagens - Dave e Mitch respectivamente - e realmente estarem se divertindo com a possibilidade de interpretar 'um ao outro'. Assim, vemos Bateman comportar-se como Mitch e Reynolds como Dave de forma convincente e divertida. Porém seus personagens são estereótipos que vão entregando-se cada vez mais às convenções formuláicas dos filmes do gênero.
E o que é pior! No terço final, o diretor (apoiado no roteiro, é claro) desiste totalmente da tentativa de fazer graça e descamba para um desfecho moralista e piegas, que enfraquece ainda mais a produção.
Enfim, não trazendo nada de novo (tanto em conteúdo quanto em formato, "Eu Queria Ter a Sua Vida" apenas respira graças ao carisma e simpatia de seus protagonistas.
por Melissa Lipinski