ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Incrível Aventura, Uma (Africa United, 2010)
Estreia oficial: 22 de outubro de 2010
Estreia no Brasil: 16 de dezembro de 2011
IMDb
"Uma Incrível Aventura" é um road movie através do continente africano (de Ruanda até a África do Sul), que acompanha um grupo de garotos em sua jornada para chegar em tempo à abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2010.
Depois de receber um convite de um olheiro da Copa (enquanto quebrava seu recorde em embaixadinhas com uma bola feita de camisinha… isso mesmo, camisinha!) para participar de um teste que escolherá o time de garotos que participará da abertura do evento, Fabrice (Roger Nsengiyumva) contará com a ajuda de seu melhor amigo, Dudu (Eriya Ndayambaje), e da irmã deste, Beatrice (Sanyu Joanita Kintu) para, escondidos de seus pais, irem até o local onde será o teste. Como Dudu - que é o 'agente' de Fabrice - não faz nada além de trapalhadas, os três acabam parando no Congo - e não na República Democrática do Congo - onde deveriam ir à capital, Kinshasa. Resolvem, então, ir direto para a Copa do Mundo (na África do Sul). Pelo caminho, acabam 'recrutando' mais dois companheiros: um rapaz que fazia parte de um grupo rebelde armado, Foreman George (Yves Dusenge), e uma princesa de uma tribo africana que trabalha como garçonete em um hotel, Celeste (Sherrie Silver). Os cinco atravessarão metade do continente africano, enquanto fogem de uma dupla de guerrilheiros e têm que lidar com a AIDS, enfrentando seus medos e traumas, extraindo força e coragem das lições tiradas das histórias contadas pelo pequeno Dudu.
Com uma ar despretensioso e recheado de diálogos e situações hilárias, o filme de Debs Paterson passa os olhos em sérios problemas que acometem o continente africano, como o HIV, crianças recrutadas como soldados, turismo sexual e guerras entre tribos rivais. Falei 'passa os olhos' pois não trata destes assuntos de forma aprofundada, mas tampouco os ignora. Como um filme voltado para o público infanto-juvenil, o tom adotado é mais leve e inocente, mas jamais esquecendo da difícil realidade que cerca essas crianças.
As atuações dos jovens atores são ótimas, e o destaque fica por conta do espirituoso líder do grupo, Dudu. Eriya Ndayambaje passa tanta verdade como o jovem contador de histórias que é impossível não se emocionar. Debs Paterson conseguiu exprimir de seus pequenos atores a energia necessária para que o filme não perca seu ritmo.
Ritmo este ditado pela competente edição, e também pelas inserções das ótimas animações que retratam as histórias contadas por Dudu.
Para nós, brasileiros, o filme terá um charme a mais pelas constantes citações de jogadores do nosso país, como Ronaldo e Kaká - assim como, imagino, o será também para os ingleses, franceses e costa-marfinenses, já que craques como Rooney e Drogba também aparecem.
Contando ainda com locações maravilhosas, uma bela e colorida fotografia e uma trilha musical incrível, esta aventura de Dudu, Fabrice, Beatrice, Foreman George e Celeste encanta jovens e adultos não só pela sua beleza, mas principalmente pelo seu conteúdo: que, ao mesmo tempo, diverte com as trapalhadas dos cinco amigos; nos faz pensar ao colocar como pano de fundo sérios problemas sociais, econômicos e políticos; e, acima de tudo, nos emociona com seu espírito de amizade incondicional.
Fica a dica!
por Melissa Lipinski
P.S.: Comentário escrito durante a 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Um comentário:
Boa dica, o filme parece ser no mínimo simpático.
Até mais
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