ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Restrepo (2010)
Estreia oficial: 8 de outubro de 2010
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb
"Restrepo" é um documentário que enfoca um grupo de jovens soldados estadunidenses e sua luta diária para se manterem vivos no Afeganistão, país que os EUA invadiu em 2001, em reprimenda aos ataques de 11 de setembro do mesmo ano ao World Trade Center.
Se as ações tomadas pelos EUA são justas ou não, aqui não interessam. "Restrepo" tenta se manter longe da política. Pois a verdade é que aqueles soldados que ali estão não têm essa consciência. E assim, o filme abstém-se de comentários a esse respeito e mantém seu foco no dia-a-dia daqueles soldados.
E que dia-a-dia! Os diretores Tim Hetherington e Sebastian Junger acompanharam os 15 meses que um pelotão estadunidense ficou no vale do Korengal, o que, segundo um dos próprios soldados, seria "o pior lugar do mundo". E o que se vê, são jovens tentando não morrer frente a 5 ou 6 ataques diários. Balas passando por suas cabeças. Tiroteiros. Bombardeios. Companheiros mortos. As imagens são duras, e feitas com uma proximidade assustadora.
Aliás, a grande sacada dos diretores é usar câmeras nos capacetes dos soldados, fazendo com que algumas imagens sejam bem próximas daquilo que eles próprios estavam vendo. E isso faz com que o documentário torne-se bastante visceral.
Mas, infelizmente, falta ritmo ao filme. E, depois da meia hora inicial, o espectador já está cansado de ver tanto tiroteio, tanta morte. Ainda que os depoimentos tragam um respiro àquelas imagens chocantes, isso não consegue deixar o filme mais ágil. Porém, esses depoimentos são válidos para demonstrar os efeitos psicológicos da guerra sobre aqueles jovens. E o mais chocante: tem garotos ali que não aparentam ter mais do que 18 anos!
E, se falei que o documentário tenta se isentar de um olhar político, esse é justamente o seu ponto fraco. Pois é impossível olharmos para tudo aquilo sem nos perguntarmos: "pra quê?". Claro que sabemos de toda a política por trás da guerra. Mas será mesmo que conseguimos ver aqueles estadunidenses como vítimas da situação? Como ficar impassível ao ver os soldados matando afegãos inocentes, dentre eles crianças? Como não se revoltar com a maneira pejorativa com que os soldados se referem aos habitantes locais como "turbantes" e "talibãs"?
O que dizer, então, da frase final que diz que "cerca de 50 soldados estadunidenses morreram naquele local'? E quantos soldados afegãos morreram? E quanto aos civis inocentes? Minhas sinceras desculpas aos diretores desse filme, mas é impossível ser apolítico. É impossível não emitir uma opinião. Não estou falando que as vidas daqueles jovens soldados não têm valor. Mas será que elas têm mais valor que qualquer outra vida?
Eu, particularmente, acho que toda guerra é burra e sem sentindo.
por Melissa Lipinski
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O que tem de melhor neste documentário são as cenas. Eles instalaram câmeras nos capacetes dos soldados, logo as cenas in loco são extraordinárias. Isso é o que vale a pena no documentário. Obviamente tem alguns depoimentos fortes, desses jovens que lutaram no Afeganistão.
Restrepo exalta uma guerra que não concordo, mas tentei relevar isso e assistir sem pré-conceitos ao filme. Até a metade é interessante, mostrando o dia a dia dos combatentes. A partir da metade começa a ficar enfadonho demais. Entendo que os caras ficaram 15 meses lá, mas eu não tenho que ver a lentidão que algumas coisas que acontecem. O filme tem 93 minutos mas bem que poderia ter uma hora, ou menos.
por Oscar R. Júnior
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