segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Discurso do Rei

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Discurso do Rei, O (The King's Speech, 2010)

Estreia oficial: 10 de dezembro de 2010
Estreia no Brasil: 11 de fevereiro de 2011
IMDb



"O Discurso do Rei" é baseado em fatos reais. Nos anos 30, o Duque de York acabou se tornando o Rei do Reino Unido (George VI) depois da renúncia de seu irmão mais velho, Eduardo VII, para se casar com uma estadunidense divorciada (casamento não aprovado pelo corte britânica). O Rei George VI (pai da atual Rainha Elizabeth) reinou durante a Segunda Guerra Mundial e é considerado até hoje, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, por causa de sua gagueira e introspecção, um dos grandes monarcas da Grã-Bretanha. E, se sua gagueira lhe rendeu o apelido de 'rei relutante', seu reinado foi marcado por importantes atos públicos, como a resistência ao nazismo, já que ele e sua mulher, Elizabeth (a futura 'Rainha-Mãe', que viveu até os 101 anos - quando morreu em 2002), permaneceram em Londres durante a guerra, estando, inclusive, no Palácio de Buckingham quando esse foi bombardeado pelos alemães, e também tendo comida e aquecimento racionados como o restante da população.

Então, já era hora desse importante monarca, que superou sua gagueira com a ajuda do fonoaudiólogo australiano Lionel Logue, ganhar um filme à sua altura. E é justamente sobre o relacionamento entre rei e fonoaudiólogo que o longa é focado. Claro que licenças narrativas aos fatos reais acontecem, afinal de contas é uma obra ficcional e não um documentário. Mas o filme me parece bastante fiel, principalmente ao temperamento do Rei George VI. Inclusive, o filme acabou dando origem a um livro homônimo, escrito por Mark Logue (neto de Lionel), que detinha os diários e fichas médicas do avô.

Mas vamos ao filme em si. O Rei George VI é interpretado magistralmente por Colin Firth, que consegue transmitir toda a pompa e formalidade do monarca, assim como sua insegurança e frustração por ter problemas de dicção, e pela difícil posição que tem que assumir com a renúncia do irmão Eduardo (Guy Pearce). A maneira com que Firth fala quando 'gagueja' sempre soa natural, e seu nervosismo e frustração toda vez que isso começa a acontecer é angustiante. E, se Colin Firth está contido, o contrário pode-se falar de Geoffey Rush (o fonoaudiólogo Lionel Logue), que é bastante extrospectivo e engraçado com seus métodos pouco convencionais, porém sem jamais soar falso. O filme se baseia sobre as atuações desse dois grandes atores. Helena Bonham Carter, como a Rainha Elizabeth (esposa de George VI) também está muito bem, surpreendentemente gentil. Pontos para a atriz, já que nos acostumamos a vê-la em papéis bizarros, nada convencionais. Há ainda a participação sempre competente de Michael Gambon como o Rei George V.

Mas não são só as atuações que valem a pena no filme. A forma como o roteirista David Seidler constrói a história, intercalando momentos mais pesados com sequências de maior humor, tornam "O Discurso do Rei" um filme leve e ágil. As cenas mais engraçadas (protagonizadas, obviamente, por Geoffery Rush), dão o contraponto ideal para a narrativa, tornando-a fluída, dando um ótimo ritmo ao longa, jamais deixando-o aborrecido ou cansativo (como alguns filmes de monarca tendem a ser).

Juntando a tudo isso, há a direção de arte e figurinos impecáveis, e a fotografia belíssima de Danny Cohen. Arte e fotografia, juntas, parecem contrapor os longos, estreitos e pomposos corredores dos palácios reais, com as amplas e descontraídas salas do escritório e da casa de Logue. Uma escolha que faz com que nos sintamos bem mais à vontade, assim como o Rei George, nos ambientes de Logue do que nas dependências reais. Tudo muito discreto, mas que gera essa sensação.

A mixagem do som do filme também é muito competente, fazendo com que os fonemas gaguejados por Colin Firth soem mais altos do que o restante da sua fala. Assim, esse som parece, por vezes, realmente irritante e ensurdecedor, potencializando a deficiência de fala do protagonista.
E, ainda que algumas opções do diretor Tom Hooper sejam óbvias (no sentido de previsíveis) e clássicas demais, a sua direção segura garante um filme bastante regular.

Enfim, finalizo dizendo que, se Colin Firth confirmar as expectativas e ganhar o prêmio da Academia deste ano, vai ser mais um Oscar para a família real da Casa de Windsor, já que Helen Mirren ganhou o prémio em 2007 por sua atuação como a Rainha Elizabeth em "A Rainha" (2006). Só uma curiosidade.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski

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Essse filme tem um enredo muito bem construído. A trama vai se construindo de forma bem ágil e competente.

Duas coisas chamam muito a atenção. A primeira é a Direção de Arte. Na minha opinião ela está impecável, recriando a Inglaterra dos anos 1930. Muito bom mesmo. A segunda é, obviamente, a atuação. Colin Firth e Geoffrey Rush estão numa sintonia extraordinária. E Helena Bonham Carter não fica pra trás. Estão todos muito bem. A atuação de Colin Firth, juntamente com a montagem e mixagem do áudio, nos submerge junto na agonia do gago tentando fazer um discurso.

Uma curiosidade. Guy Pearce interpreta o irmão mais velho de Colin Firth. Mero detalhe que Pearce é 7 anos mais novo que Firth.

Recomendo.


por Oscar R. Júnior


Um comentário:

Amanda disse...

Também adorei esse filme! Prêmios merecidos!