domingo, 1 de maio de 2011

O Solteirão

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Solteirão, O (Solitary Man, 2009)

Estreia oficial: 21 de maio de 2010
Estreia no Brasil: 22 de outubro de 2010

IMDb



Pra começar, a tradução em português do título do filme, "O Solteirão", é horrível e não condiz com o seu conteúdo, soa mais como uma comédia do que como o drama intimista que realmente é. "Solitary Man", seu título original ("Homem Solitário", na tradução literal), retrata muito melhor essa produção sobre um homem de meia-idade, Ben Kalmen (Michael Douglas), que, frente a um possível problema sério de saúde, resolve transformar sua vida, deixando a sua família e arruinando seu promissor trabalho no ramo de vendas de automóveis, para entregar-se a uma vida desregrada de prazeres no intuito de "enganar" a morte e não perder aquilo que vê passando diante de seus olhos: sua juventude.

Um dos pontos positivos do longa, é que nada disso que falei é jogado na cara do espectador sob a forma de uma introdução, flashback ou narração em off. Os diretores Brian Koppelman (que é também o roteirista do filme) e David Levien, sabiamente optaram por ir revelando esse passado de Ben aos poucos. Dessa forma, quando o encontramos no início do filme, ele já está divorciado, já perdeu todo seu dinheiro em uma fraude e dá em cima de qualquer bela mulher (mais jovem, é claro!). Assim, vamos descobrindo ao longo do filme o que realmente levou o protagonista a estar neste estágio da sua vida.

Talvez o filme funcione tão bem, em grande parte, pela qualidade do seu elenco, principal e secundário. Susan Sarandon como a ex-mulher de Ben, Nancy Kalmen, está ótima, e ela sempre domina as cenas em que aparece (é incrível o magnetismo que Sarandon possui). Jesse Eisenberg (que eu, particularmente, adoro) cumpre bem o seu papel de "pupilo" (mesmo que provisório) do protagonista. Danny DeVito faz uma ponta como um antigo amigo de Ben, Jimmy, e é sempre competente. Mary-Louise Parker, como a namorada atual de Ben, também aparece pouco, mas não decepciona. E Jenna Fisher como Susan, a filha do protagonista, transmite doçura à sua personagem, contrapondo-se à uma certa frieza do personagem de Douglas.

Mas o filme é mesmo de Michael Douglas, e é notável como ele se sente à vontade no papel. Ben Kalmen não é tão inescrupuloso quanto o Gordon Gekko de "
Wall Street", mas é notável como Douglas faz bem esse tipo de personagem, que não liga para nada nem ninguém. Claro que, aqui, as motivações do protagonista são totalmente diferentes. E Michael Douglas é muito competente para nos fazer notar isso, já que, mesmo percebendo que o seu personagem "não é flor que se cheire" (digamos assim), ele consegue fazer com que o público se identifique, em um primeiro momento, com ele. No decorrer do filme, entretanto, esta empatia vai se transformando em uma certa pena, pois o espectador (e o próprio Ben) começa a perceber que esse modo de vida ao qual ele escolheu é na realidade uma fuga para os seus problemas.

E é aí que o filme ganha em conteúdo, pois não tenta dar uma lição de moral, fechando todas as pontas da sua história. Mas sim, deixa o espectador, com um final (em aberto) muito bom, refletindo sobre a sua própria vida. Será que nós mesmos somos um pouco como Ben Kalmen e, frente a um momento desesperador, podemos ter esse tipo de comportamento, machucando e afastando aqueles que nos cercam e nos amam? Como será que encaramos (ou vamos encarar) a morte quando esta começar a nos rondar?

Enfim, "O Solteirão" pode não ter uma beleza estética apurada, ou enquadramentos arrebatadores, mas, graças ao bom trabalho do seu elenco, a um roteiro que não subestima a inteligência do espectador e a diretores que souberam fazer as escolhas certas, torna-se um filme surpreendentemente tocante.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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O filme tem uma boa estrutura, um ótimo roteiro com diálogos bem inteligentes. Michael Douglas consegue focar o filme inteiro nele com sua ótima atuação. O restante do elenco também está muito bom como a Susan Sarandon e o Jesse Eisenberg. Destaco também a participação de Danny DeVito.

Tenho que admitir que o filme começou meio devagar mas foi me conquistando. E tem um final excelente.

Vale a pena.


por Oscar R. Júnior




Um comentário:

Rafael W. disse...

Também gostei do filme, é um estudo de personagem interessante.

Seu texto está ótimo, parabéns! Ah, e vou te linkar no meu blog ;)

http://cinelupinha.blogspot.com/