ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Casamento do meu Ex, O (The Romantics, 2010)
Estreia oficial: 10 de setembro de 2010
Estreia no Brasil: 3 de junho de 2011
IMDb
O título nacional do filme o vende como uma comédia romântica. Mas "O Casamento do meu Ex" não tem nada das comédias românticas hollywoodianas. Tem muito mais de romance do que de comédia. Ares muito mais de filme independente do que de blockbuster hollywoodiano. Fatores que contam a seu favor.
Partindo de uma premissa não muito original - Laura (Katie Holmes) volta para sua cidade natal, para reencontrar os amigos de faculdade durante o casamento de sua melhor amiga da época, Lila (Anna Paquin), com seu ex-namorado, Tom (Josh Duhamel); o diferencial aqui, é a forma pela qual essa história é contada.
No momento em que o filme começa, já encontramos Laura chegando para as festividades do casamento. Os olhos fundos e vermelhos e o meio sorriso de Katie Holmes já deixa transparecer que aquela não é uma situação fácil para a garota. Um dos pontos fortes do roteiro é que a história passada dos amigos vistos aqui, não é contada ao espectador por meio de flashback ou qualquer outro recurso mais 'fácil'. Aos poucos, fragmentos dessa história são largados em meio a conversas corriqueiras, e assim, nós espectadores, vamos montando o passado desses personagens em nossas próprias cabeças.
Outro ponto positivo são os diálogos. Conversas ácidas e cheias de subtextos enriquecem as situações. Mas, o principal em "O Casamento do meu Ex" não é aquilo que é dito pelos personagens, mas sim o que eles não dizem, e apenas sugerem com olhares, gestuais ou silêncios. É esse subtexto com que faz com que as personagens tornem-se mais do que simples estereótipos e tornem-se figuras tridimensionais, complexas e contraditórias, como todos nós, meros seres humanos.
A fotografia também é muito bem pensada, já que aposta em câmeras na mão, planos longos e um visual sem muitas cores e com sombras que auxiliam, e muito, para a narrativa.
As atuações são todas muito corretas, e se nenhum ator se sobressai, é apenas porque todos estão muito bem em cena. As personagens de Anna Paquim e Kate Holmes, obviamente, chamam a atenção pelo contraponto de suas personalidades. Josh Duhamel também mostra que pode ir além do papel de mocinho mais cômico das comédias românticas que está acostumado a fazer.
Porém, nem tudo é perfeito no longa. Principalmente o seu final, que acaba sabotando um pouco o próprio roteiro. Se até então, a história se baseava nas escolhas erradas feitas pelos seus personagens, no final, parece que os roteiristas não souberam como dar um desfecho razoável para aquelas pessoas (ou então tiveram que ceder a um final 'mais comercial'), e resolveram apelar para as forças do destino. Assim, se a razão norteava as escolhas dos protagonistas até então, na parte final do longa, ela dá lugar para que o acaso acabe por definir o que acontecerá com eles dali em diante, soando um pouco como um final feliz (por mais que ele, de fato, não se concretize perante nossos olhos).
Mas enfim, no geral "The Romantics" (o título original, e bem mais adequado ao longa) surpreende pela sensibilidade e profundidade com que desenvolve os seus protagonistas.
por Melissa Lipinski
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