segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um Dia

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Um Dia (One Day, 2011)

Estreia oficial: 19 de agosto de 2011
Estreia no Brasil: 2 de dezembro de 2011
IMDb



Impossível assistir a "Um Dia" e não lembrar de "Harry & Sally - Feitos um Para o Outro". Ambos mostram o relacionamento de um casal durante vários anos de suas vidas (ok, as coincidências param por aí, mas é inevitável a comparação).

Neste filme dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig (de "Educação", 2009), e roteirizado por David Nicholls (baseado em seu próprio livro homônimo), o que marca a passagem de tempo é exatamente um dia, ou melhor, o dia 15 de julho. Assim, acompanhamos os encontros de Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess) a cada dia 15 de julho desde 1988 até 2011.

Assim, as passagens de tempo são longas (pois as elipses são sempre de um ou mais anos), porém muito bem feitas, auxiliadas por letreiros "engraçadinhos" que interagem com as cenas e por uma maquiagem excelente, que vai demarcando o envelhecimento dos personagens.

Aliás, não só a maquiagem, mas a inteira caracterização dos protagonistas ao longo dos anos é extremamente bem realizada. O envelhecimento de Dexter principalmente, é extremamente realista. Assim como o 'enfeiamento' de Emma no início do filme, ou sua aparência meio cheinha enquanto está trabalhando em um restaurante mexicano. São detalhes que ajudam na boa construção dos personagens.

E se há uma coisa que merece destaque em "Um Dia" é a sensível e realista concepção de seus dois protagonistas. E, por mais que apenas 'encontremos' com eles uma vez a cada ano, vamos os conhecendo gradualmente, mas profundamente. E isso deve-se ao extremo cuidado de Nicholls e Scherfig, mas também à brilhante atuação de Hathaway e Sturgess.

Mas os personagens coadjuvantes também não são deixados de lado e têm o mesmo cuidado destinado ao personagens principais. Do 'pseudo' comediante Ian (Rafe Spall), que compõe um sujeito ao mesmo tempo irritante e comovente; passando pelo pai de Dexter, onde o ator Ken Stott consegue evitar o clichê do pai ausente e autoritário por pequenos detalhes de sua composição; até chegar em Patricia Clarkson, mãe de Dexter, e que consegue comover não em função de sua doença, mas da decepção aliada à esperança que carrega em seus olhos quando fala com o filho.

Infelizmente, "Um Dia" falha em seu terço final, quando recorre ao óbvio para mostrar um importante acontecimento da história. Assim, a narrativa forte e coesa que vinha se delineando até então, parece desmanchar-se um pouco.

Entretanto, a força e o carisma de seus protagonistas se mantêm. E, ao final, nos damos conta que nos importávamos com aqueles personagens, que tínhamos no identificado com eles, e principalmente, torcido para que eles, um dia, alcançassem a tão almejada felicidade juntos…

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


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