terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tudo Pode Dar Certo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009)


Estreia oficial: 22 de abril de 2009

Estreia no Brasil: 30 de abril de 2010
IMDb



Com este “Tudo Pode dar Certo”, Woody Allen parece voltar ao humor que tanto deu certo no início de sua carreira, com suas neuroses e pessimismo à flor da pele. Porém aqui, não é Allen quem interpreta o personagem principal, e sim Larry David. E eu diria que foi uma escolha acertada do diretor, já que David, protagonista da série “Curb Your Enthusiasm”, encarna o tão conhecido papel que na maioria das vezes cabe ao próprio Allen, com o mesmo cinismo, pessimismo, hipocondria, porém com mais agressividade. O que soa como um casamento perfeito com o personagem.

E, se de cara comecei falando do protagonista do filme, é porque, como todo bom filme de Woody Allen, este é mais um centrado em seus personagens. E não é só Larry David quem encarna Boris com maestria. Evan Rachel Woods interpreta Melody com a mesma doçura que seu nome sugere, e fica fácil para o espectador simpatizar com a garota. Melody entra em cena para trazer um pouco de leveza à trama – ou à vida de Boris, mas para nossa alegria (como espectadores) não é ela quem comove o sisudo e genial rabugento; mas sim ele quem transforma-a numa ‘pequena Woody Allen’, já que a menina acaba repetindo todos os questionamentos e lamentos que o pessimista Boris fala, mesmo sem compreender plenamente o que eles querem dizer. E assim, Woody Allen consegue fazer graça de suas próprias lamentações, neuras e esquisitices.

O elenco ainda traz Patricia Clarkson e Ed Begley Jr. simplesmente irrepreensíveis como os pais católicos e conservadores da garota.

Há um grande ponto positivo na narrativa que gostaria de ressaltar. Não é raro na filmografia de Woody Allen ter um personagem-narrador, que conduz a história. Neste filme também Boris desempenha este papel, só que aqui, ele quebra a chamada quarta parede - a que separa a história do espectador - e dirige-se diretamente ao público, anunciando o que está por vir, ou comentando sobre determinadas situações. Isto funciona perfeitamente bem, já que Boris anuncia-se a todo momento como um quase gênio, como se apenas ele tivesse consciência total dos acontecimentos. Dessa forma, parece realmente que ele fala com propriedade, já que, quando conversa com os espectadores, os demais personagens o interrogam com quem ele fala ou se está falando sozinho. Ou seja, ele relamente tem consciência de que está num filme. E esta estratégia narrativa de Allen funciona muito bem para dar mais leveza e fluidez à história.

Bom... Certamente não é o melhor filme de Woody Allen, mas garante ótimas risadas. Espero que Allen possa continuar no mesmo ritmo de produção que mantém desde 1977, produzindo um filme por ano. Mesmo que de vez em quando dê uma escorregada aqui e ali, pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que o saldo é extremamente positivo e vem gerando mais filmes bons do que ruins.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
 
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Acho impressionante como Woody Allen, mesmo não atuando no filme,consegue inserir um personagem tão parecido com ele. Boris (Larry David) é o alter-ego dele.

O personagem principal é rancoroso, cansado da vida, chato e convencido. Mesmo assim temos uma empatia com ele. O sarcasmo dele é incrível e rende ótimas cenas cômicas.

O restante do elenco conpõe muito bem com o filme. Patricia Clarkson e Ed Begley Jr. fazem ótimas participações e Evan Rachel Wood demostra que é uma ótima atriz.


por Oscar
R. Júnior


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