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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Gigantes de Aço

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Gigantes de Aço (Real Steel, 2011)

Estreia oficial: 7 de outubro de 2011
Estreia no Brasil: 21 de outubro de 2011
IMDb



"Gigantes de Aço" é uma versão futurista de "Falcão - O Campeão dos Campeões". Substitua Sylvester Stallone por Hugh Jackman, a queda de braço por boxe entre robôs e o garotinho enjoado do filme de 1987 por outro carismático e divertido e, voilà! Ou até poderia ser uma mistura de "Falcão" com "Rocky", sendo que o boxe dá-se entre robôs… Enfim, comparações à parte, o longa dirigido por Shawn Levy é previsível ao extremo e maniqueísta, porém surpreendentemente, conta com a dose certa de carisma de seus protagonistas e cenas de lutas impressionantes, o que tornam um passatempo bastante divertido e agradável.

A história? Bom… Em 2020, graças à sede dos espectadores por violência, o boxe deixou de ser protagonizado por humanos e passou a ser feito por robôs. E cada luta  termina com a destruição de um dos oponentes. Charlie Kenton (Jackman) é um ex-lutador que não largou o esporte, e se transformou em um controlador desses robôs. Porém, sem tino algum para os negócios, Kenton endividou-se até o último fio de cabelo e sua reputação não é lá das melhores. Nem mesmo sua fã e namorada da adolescência, Bailey (Evangeline Lilly), filha de seu ex-treinador, parece não botar mais fé no sujeito. Para piorar a situação, Charlie descobre que uma ex-namorada acaba de morrer, fazendo com que tenha que conviver com seu filho de 11 anos, Max (Dakota Goyo), com quem, até então, não mantinha contato. A partir daí, os dois vão descobrir um antigo robô em um ferro velho, Atom, e, contrariando todas as expectativas, transformá-lo em um verdadeiro lutador, contando, para isso, com a indefectível esperança de Max, e os talentos como lutador de boxe de Charlie.

O roteiro escrito por John Gatins (a partir de um conto de Richard Matheson), como falei, é repleto de clichês e, em 10 minutos de filme, já sabemos como tudo terminará. Porém, graças à dinâmica edição de Dean Zimmerman, e as mais que inspiradas lutas entre os robôs, Levy consegue imprimir um ótimo ritmo à sua narrativa, intercalando de forma balanceada cenas de maior ação, com outras mais engraçadinhas ou com um maior apelo dramático.

E são as lutas dos robôs que realmente chamam a atenção. Desde o layout de seus protagonistas, que impressionam pela verossimilhança e por seus movimentos e golpes: assim, se Atom pode sugerir emoções com seus olhos que sempre parecem tristes (chega a lembrar "O Gigante de Ferro", de 1999); o campeão mundial Zeus, em contrapartida, tem uma aparência fria e golpes mortais, que, desde sua primeira aparição não deixa dúvidas quanto à sua superioridade (tanto tecnológica quanto 'muscular', digamos assim). Até as lutas em si, que surpreendem não apenas pela violência (constantemente há braços e cabeças arrancados; com poças de óleo que se espalham como se fossem sangue), mas principalmente pelo dinamismo de sua montagem e pela qualidade de sua edição de som.

Mas grande parte do acerto de "Gigantes de Aço" também reside em seu elenco. Hugh Jackman, sempre carismático, confere o tom certo a Charlie: meio pilantra, meio boa pinta; ao mesmo tempo insuportável e irresistível. Já o garoto Dakota Goyo transforma seu Max em uma criança diferente daquelas que comumente se vê em filmes onde 'o pai ausente tem que conquistar o respeito e amor do filho'. Inteligente e decidido, ele foge do estereótipo do menino mimado e cheio de vontades. O luxo com que o menino viveu até sua mãe morrer, não serviu para transformá-lo em um desses 'pentelhos' que se vê nos filmes do gênero, mas para colocá-lo em contato com a mais alta tecnologia, fazendo-o ser o 'autor' ou 'co-autor' das ações em que se envolvem, e não apenas um 'espectador'. Mas não se enganem! A construção dos personagens não é nenhuma maravilha, e os clichês estão presentes; porém são bem administrados e 'mascarados' com uma boa dose de carisma de seus protagonistas.

Enfim, Shawn Levy conseguiu dar uma nova roupagem a fórmulas mais do que conhecidas, transformando-as em um passatempo descompromissado e divertido e que - e isso é o mais importante - não desrespeitam a inteligência do espectador.


por Melissa Lipinski