terça-feira, 29 de março de 2011

Sem Limites

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Sem Limites (Limitless, 2011)

Estreia oficial: 17 de março de 2011
Estreia no Brasil: 25 de março de 2011
IMDb



O roteirista Leslie Dixon parece ter finalmente acertado a mão. Depois de obras apenas medianas como "Uma Babá Quase Perfeita" (1993), "A Corrente do Bem" (2000), "Hairspray - Em Busca da Fama" (2005), e outras realmente fracas - "Sexta-Feira Muito Louca" (2003) e "Antes Só do que Mal Casado" (2007); com esse "Sem Limites", Dixon alcança o ponto alto de sua carreira (pelo menos até agora).

Não que o roteiro não tenha deslizes ou furos, mas sua realização equilibrada comandada por Neil Burger (de "O Ilusionista", 2006) faz com que essas falhas pareçam apenas pequenos detalhes frente à obra final, um entretenimento bem realizado e instigante.

Bradley Cooper é Eddie Morra, um escritor fracassado que acaba entrando em contato com uma pílula, o NZT, a qual tem a promessa de fazer com que quem a utilize acesse 100% da sua capacidade cerebral. Depois que Eddie passa a consumi-la, não apenas consegue ver informações onde outras pessoas não enxergam, mas também consegue acessar memórias 'escondidas' e aprender novas informações de forma muito mais rápida.

Bradley Cooper está muito bem, e consegue fazer com que sintamos empatia por aquele sujeito, desde o momento em que ele não passa de um fracassado, até quando, sob o efeito do AZT, consegue ganhar fama e dinheiro da noite para o dia, é claro, sem passar por cima de ninguém, Quem é que não sentiria um certa inveja? Quem não gostaria de poder lembrar de tudo o que já aprendeu e conseguir utilizar isso de forma a beneficiar a sua vida atual? O NZT é o sonho de qualquer pessoa.

Todos os elementos convergem para contar essa história: o que era a vida de Eddie antes, e o que ela passou a ser depois do NZT. A fotografia passa das cores azuladas, aos tons avermelhados, mais quentes. A arte muda de forma diegética, já que é o próprio personagem que transforma seu apartamento (numa montagem muito bem feita e inspirada). A trilha sonora também ajuda nesse processo de forma eficaz. E a montagem do filme é um de seus pontos mais fortes.

Mas são mesmo os efeitos visuais que chamam a atenção. Desde letras caindo ao melhor estilo "Matrix", até as cenas que mostram zooms intermináveis e acelerados pelas ruas de Nova York, todos são excelentes. Mas não entram de forma gratuita na história, e sim de forma a ajudar a contá-la.

Geralmente não gosto do uso de narrações em off. Mas aqui, ela não é de todo ruim. Por mais que às vezes soe reiterativa ou explicativa, na maioria das cenas acaba contribuindo para nos situar nos pensamentos do protagonista.

"Sem Limites" ainda conta com Robert De Niro praticamente como um coadjuvante de luxo. Pena que o ator aparenta estar no piloto automático e, assim, o ritmo do filme parece tropeçar toda vez que ele entra em cena. Em compensação Bradley Cooper leva o filme nas costas, emprestando dinamismo e carisma a seu personagem.

Contando ainda com um ritmo excelente, "Sem Limites" consegue prender a atenção do espectador do início ao fim, misturando ação e tensão nas doses certas. E ainda conta com um final em aberto que pode prenunciar uma continuação. Será?

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


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