quarta-feira, 1 de setembro de 2010

400 Contra 1, Uma História do Crime Organizado

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

400 Contra 1, Uma História do Crime Organizado (2010)

Estreia Oficial | no Brasil: 6 de agosto de 2010

 IMDb



"400 Contra 1" é um filme que tentou ser um novo "Cidade de Deus", porém sem sucesso.

A montagem não-linear, a temática sobre violência, os anti-heróis e até a trilha sonora com músicas do hip hop nacional... Tudo se aproxima do longa de Fernando Meirelles... Porém, "400 Contra 1", primeiro longa de Caco Souza, é superficial e simplista demais, e ainda trafega em um perigoso caminho de popularizar e banalizar a violência.

Não sou falsa moralista ou coisa do gênero... Não acho que um filme tem que ter mensagens positivas... Gosto de anti-heróis e filmes onde o bandido é o protagonista... Mas, para isso, o roteiro tem que ser bem construído, e tomar o cuidado de não misturar violência ou banditismo com discurso sócio-político. E aqui, isso acontece.

Mais do que mostrar criticamente o que levou à formação do Comando Vermelho, o longa parece aplaudir esse tipo de comportamento e apoiar as medidas dos protagonistas. Um simples exemplo disso é o figurino desses personagens... Quando estão fora da cadeia, planejando ou cometendo o assalto que ocupa parte da trama, os "heróis" vestem-se com roupas estilosas, ternos com bom cortes e óculos escuros, glamourizando o crime. Bom, como já disse, eu não veria problema nisso, se o longa se omitisse por completo de críticas sociais, sendo apenas para a diversão; ou se fosse justamente o contrário e usasse isso como crítica. Porém, o que ocorre aqui, é a inversão de valores, o que é muito perigoso, já que estamos diante de um roteiro fraco e que não se sustenta.

Prova dessa falta de força do roteiro está no uso da narração em off que guia o filme. Parece que ela está ali justamente porque sem ela, ninguém conseguiria entender a história, já que várias lacunas são deixadas. O uso da montagem não linear também está presente apenas para dar um ar 'moderno' à produção, já que não beneficia em nada a trama, até faz o contrário - atrapalha-a, deixando o espectador confuso sobre quem é quem na história, já que esta não se digna a apresentar-nos e a construir bem os personagens. Confesso que só fui identificar claramente quem era quem no vai-e-vem da história lá pelo seu terço final.

Outra coisa que atrapalha e não faz sentido, são os letreiros que indicam as datas. Toda vez em que eles aparecem, há uma sucessão de cenas aleatórias com música tocando, como se avisasse: "olha, agora estamos voltando para o ano 1971"... "agora, estamos de vota a 1980"... Chega uma hora que você pensa: "tá, já entendi o recado!" É cansativo! E tudo isso porque o ritmo do filme (mesmo com a montagem não-linear) é bem ruim.

Quanto às atuações, Daniel de Oliveira e Daniela Escobar fazem um trabalho correto, sem nada de espetacular. Porém, a maioria das atuações deixa muito a desejar, o que enfraquece ainda mais o que já era fraco.

Enfim, sobre essa temática, vale muito mais a pena conferir "Quase Dois Irmãos", filme bem mais contundente, e que conta com belíssimas atuações.


por Melissa Lipinski
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De início o gráfico e a trilha de abertura são convidativas a um filme de ação, com alguns bons atores. Mas, o que se assiste a partir daí é bem diferente.

A atuação do Daniel de Oliveira, Daniela Escobar, Fabricio Boliveira e Lui Mendes está convincente. A do resto é fraca no geral. Mas isso até passa, porque outras coisas incomodaram mais.

A história do filme é fraca. O roteiro é mal construído. Para tentar amenizar, foi usado a montagem fora da ordem cronológica. Mas isso não contribui com o filme, só faz com que o espectador fique perdido o filme todo.

Junte a isso vários momentos de transição - sobe a trilha e mostra cenas gerais - são umas 8 vezes isso. Recurso que também tenta disfarçar a falta de ritmo do filme.

Por fim, não consegui ver, nesse filme, como surgiu o comando vermelho. Nesse fato histórico o filme "Quase Dois Irmãos" é bem melhor.

Por hora é só isso.


por Oscar R. Júnior



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